Setecidades Titulo Em Diadema
Agentes são agredidos
e CDP suspende visitas

Cerca de 450 detentos ficarão 30 dias sem contato com
familiares; agentes foram agredidos com chutes e socos

Por Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
13/04/2012 | 07:00
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O CDP (Centro de Detenção Provisória) de Diadema, na Vila Conceição, com quadro de superlotação de 1.317 detentos para 576 vagas, suspendeu por 30 dias visita para cerca de 450 presos dos raios (conjuntos de celas) 11, 21 e 31. A decisão foi anunciada na terça-feira, logo depois que dois agentes penitenciários foram agredidos com socos e chutes por jovem que estava na cela 4, do raio 21. O caso escancara a vulnerabilidade do sistema prisional, segundo o Sindasp (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de São Paulo).

Além disso, 38 homens foram transferidos para a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau. Familiares denunciam que esses detentos sofreram agressão por parte do Giro (Grupo de Intervenção Rápida e Ostensiva), ligado à SAP (Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo).

A SAP informou ontem "não ter qualquer informação sobre agressão praticada pelo corpo funcional contra presidiário". No entanto, os próprios agentes registraram boletim de ocorrência por lesão corpoal (artigo 129 do Código Penal) no 1º Distrito Policial de Diadema, conforme o Diário teve acesso.

Os agentes penitenciários Sérgio Cena de Oliveira, 34 anos, e José da Silva Pinho, 41, acusaram Ramon Ruiz, 23, de Diadema, como o autor das agressões. Oliveira contou à polícia que, ao abrir a porta da cela 4, do raio 21, se deparou com o preso, sentado. Sem motivo algum, Ruiz começou a agredi-lo.

A mesma cena, que teria sido apenas assistida pelos detidos da cela, se repetiu com o agente Pinho.

"As agressões aos agentes são comuns. Um único profissional, desarmado, entra em contato com criminosos para abrir os raios e permitir acesso ao banho de sol. A qualquer momento pode ser feito refém", afirmou o presidente do Sindasp, Daniel Grandolfo.

O delegado Alexandre Fuchikami Brisola requisitou que os dois agentes se submetessem a exames de corpo de delito. O inquérito policial foi instaurado para apurar o caso.

Entrega de ‘jumbo' e Sedex também foi proibida

No quadro de avisos ao lado da portaria de entrada do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Diadema, uma folha de papel sulfite informava aos visitantes que, a partir de 10 de abril, estariam suspensos os serviços de jumbo (entrega de comidas e roupas), Sedex e visitação aos detentos dos raios 11, 21 e 31 por 30 dias.

Mais abaixo, seguia a lista com a transferência de 45 detentos, dos quais 38 enviados para a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau como forma de punição - eles pertenceriam aos raios penalizados.

Na prática, segundo mães e mulheres dos presos entrevistadas pela equipe do Diário ontem, os 30 dias sem visita significam trancados na cela - cada uma abriga cerca de 40 homens -, sem banho de sol.

A decisão causou revolta. "Não é justo que todos paguem por um", criticou jovem de 26 anos, de São Paulo, mulher de detento por porte de arma e identidade falsa.

Um funcionário da portaria confirmou que houve briga entre preso e agentes penitenciários. A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) não informou a média de detentos são por raios. Segundo os familiares, são cerca de 150.

Segundo o Sindasp, há deficit de agentes nos 38 CDPs do Estado. Em média, há um profissional para cada 45 presos, quando o ideal seria um para dez. O salário é de R$ 2.500.




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