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Paixão especial por miniaturas

Colecionador Ivan Luis Tridico, que vive em orfanato, tem mais de 40 peças

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
01/01/2012 | 07:00
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Os compromissos e obrigações da vida de adulto não excluíram o lado criança de Ivan Luis Tridico, 32 anos. Morador do Lar da Mamãe Clory, em São Bernardo, desde os quatro anos de idade, consegue conciliar seu tempo entre o trabalho, em empresa de sistemas de transmissão e tecnologia de chassis para o setor automotivo, com a paixão por colecionar miniaturas de ônibus, caminhões e carretas.

Um dos armários do pequeno, porém organizado, quarto é só para guardar as cerca de 40 miniaturas que possui. A paixão começou quando Ivan ganhou um ônibus de um casal que o visitou no orfanato há cerca de 10 anos. Desde então, não parou mais de comprar os colecionáveis feitos de ferro. "Agora estou procurando carrinhos certos para colocar numa cegonha", destaca. O preferido é um caminhão da Scania denominado Rei da Estrada.

Por ter nascido com paralisia cerebral, Ivan apresenta problema motor do lado direito e déficit de aprendizado. Por isso, recebe ajuda da assistente administrativa do lar, Lucia Dionísio, tanto na administração do salário quanto na compra das miniaturas de que tanto gosta. Segundo ela, a divisão do valor recebido pelo colecionador mensalmente é feita em três partes: uma para a poupança, outra para as doações ao lar e a sobra fica para ele gastar da forma que achar mais conveniente.

Cada miniatura, encontrada apenas em lojas especializadas para colecionadores, chega a custar, em média, R$ 120. "Agora entramos num acordo para comprar um por mês", explica Lucia.

Toda a dificuldade de aprendizado desaparece quando Ivan é questionado sobre uma de suas miniaturas. Detalhista e apaixonado, ele sabe discorrer sobre pontos fortes e fracos de cada um dos exemplares. Durante as tardes do domingo, ele aproveita a tranquilidade do lar para ser criança e brincar com sua coleção. "Ele espalha tudo aqui pelo corredor e passa a tarde toda brincando", revela a assistente administrativa.

Questionado sobre seus sonhos, Ivan tem dúvidas. Casar e ter filhos ainda não está em seus planos. Mas não descarta a possibilidade de ter um caminhão. "Só precisaria de um motorista."

ROTINA

De segunda a sexta-feira Ivan acorda às 4h para se preparar para o trabalho. A jornada começa às 6h e termina às 16h. "A gente separa componentes para embreagens que vão para reaproveitamento", explica. Apesar de ser cansativo, ele diz gostar do que faz.

Esta é a segunda oportunidade de emprego de Ivan. Após integrar curso para deficientes na Associação Santo Inácio para Integração do Trabalho Especial, ele atuou como ajudante geral na Emeb Lauro Gomes. "Lá era estágio, então não era tão puxado. Agora a gente só para pra ir ao banheiro", observa.




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