Economia Titulo Veículos
Nem desconto leva cliente às compras
Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
07/12/2011 | 07:46
Compartilhar notícia


 

Mesmo com a primeira parcela do 13º salário na conta, as lojas de veículos do Grande ABC ficaram vazias durante o último fim de semana - período que o setor esperava melhora das vendas -, alcançando queda de 50% em relação aos sábados e domingos anteriores. Nem mesmo anúncios de promoções animaram o consumidor e feirões ficaram vazios.

"O setor tem tido desaceleração gradativa neste semestre. As montadoras conseguem manter índice um pouco melhor porque 40% das comercializações são para locadoras e empresas, e não para o consumidor final", afirma o economista da Agência MSantos (consultoria do setor e agência de 50 concessionárias), Ayrton Fontes.

Ele comenta que o mercado de seminovos sofre ainda mais com a baixa do setor. "O estoque dos usados no País era de 900 mil. Hoje, temos cerca de 1 milhão de veículos encalhados."

Fontes explica que os carros que custam na faixa de R$ 15 mil são mais fáceis de serem comercializados, mas acima desse valor o cenário é diferente. Isso porque tem montadores que vende carros novos a partir de R$ 23 mil. "Como os juros de financiamento de veículo zero é menor, os consumidores acabam deixando o seminovo de lado", enfatiza.

O presidente do Sindicato das Concessionárias de Veículos no Estado de São Paulo, Octavio Vallejo, atribui a queda das vendas no fim de semana à utilização do 13º para pagamento de dívidas. "Além disso, com o anúncio do governo em reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a linha branca (eletrodomésticos), os clientes acabam esperando alguma medida em relação aos veículos."

Vendedor de uma loja de carros usados em São Caetano, Emerson Barbosa admite que no sábado e domingo a redução nas comercializações foi de 80%, ante o fim de semana anterior. "Os clientes estão quitando dívidas e comprando artigos para o Natal. O setor ficou para terceiro plano."

Além disso, o vendedor explica que a concorrência com os carros novos é grande. "Os feirões e juros mais baixos para a compra de zero-quilômetro acabam complicando os lojistas de usados."

Concessionária de veículos novos também sentiram a queda no fim de semana. O vendedor Eli de Oliveira de uma loja multimarcas de Santo André conta que a diminuição chegou a 60% entre os dois dias. "Falando com os clientes, eles contam que estão esperando alguma redução de impostos sobre os veículos novos. No entanto, não sabemos se isso irá acontecer. O que podemos fazer é rezar para que o próximo fim de semana seja melhor."

Em outra loja de veículos novos, de São Bernardo, foram vendidos cinco carros. "A média entre sábado e domingo é de 15 veículos. O resultado foi muito ruim", atesta o vendedor do local, Rafael Franco.

O gerente operacional de uma concessionária de Diadema Wesley Namura afirma que dezembro nunca foi um mês muito bom, por ser curto e pelas festividades. Mesmo assim, a unidade cumpriu a média de vendas: com 28 carros. "Em janeiro vamos recuperar as vendas."

 

Estoque nos pátios de montadoras ficou maior e preocupa

 

Os estoques das montadoras voltaram a crescer, atingindo em outubro o maior patamar desde novembro de 2008, segundo publicou o Diário. O resultado de novembro será divulgado hoje.

O setor automobilístico totalizou 374.342 unidades paradas nos pátios das fabricantes ou das lojas, o que correspondeu a 40 dias (ou seja, esse é o período necessário para a desova desse volume, pelo ritmo atual de vendas). O levantamento foi feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

No mês anterior (setembro), embora o total estocado fosse maior (378.891 unidades), o número correspondia a 36 dias para a comercialização.

 

LICENCIAMENTO

 

De acordo com a Anfavea, o crescimento dos estoques refletiu, por um lado, a queda de 10% no número de carros licenciados em outubro frente ao mês anterior e, por outro, o ligeiro aumento, de 1,7% na produção no mesmo período de comparação.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;