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Igreja mais antiga do Grande ABC está
abandonada pela Prefeitura de Ribeirão
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
07/03/2011 | 07:25
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As paredes de tijolos de barro da Capela de Nossa Senhora do Pilar, em Ribeirão Pires, foram erguidas em 1714, e inauguradas no dia 25 de março. Neste mês completam 297 anos de pé, mesmo depois de serem atingidas por raios, que caíram, sim, duas vezes no mesmo lugar. É a casa religiosa mais antiga do Grande ABC mantida com a mesma estrutura desde a fundação.

O entorno da capela não reflete a importância histórica do único patrimônio da cidade tombado desde 1975 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico), órgão estadual. O que se vê ali é abandono, que começa no acesso à capela: a Avenida Santa Clara está toda esburacada e coberta de lama. A Rua Alecrim, pela qual se pode chegar à igreja de carro, registrou em 2011 ao menos seis deslizamentos de terra. O barro se acumula nas calçadas e há galhos de árvores caídos na via.

Não é diferente se o turista resolver subir pela tradicional escadaria que dá acesso ao prédio. Nela, o mato está alto ao redor, e os degraus estão cobertos por folhas e flores secas. Lá em cima, o cenário é o mesmo: a grama toma conta do entorno e, se o visitante não for atento, corre o risco de pisar em fezes de cães e gatos.

O casal Brás Soares Ferreira, 73 anos, e Luzia de Farias Ferreira, 62, é o guardião da igreja há 36 anos.

Vivem numa casa simples ao lado da construção histórica, e tentam manter como podem o lugar. Em frente ao imóvel, seu Brás carpiu o mato. "Mas não dou conta de fazer isso em todo o terreno", afirmou o voluntário.

Dona Luzia é a guardiã das chaves da capela e responsável por mantê-la limpa e organizada. Nada pode fazer, porém, contra as goteiras e a infiltração que começa a danificar as paredes.

"Eles (a Prefeitura) só vem aqui cortar o mato e fazer manutenção na capela perto da festa de Nossa Senhora do Pilar", afirmou. A tradicional comemoração é realizada sempre no dia 1° de maio.

CHUVA
As chuvas parecem ter se tornado uma espécie de desculpa para todos os problemas da região. E, mais uma vez, a Prefeitura de Ribeirão Pires alegou, em nota, que não foi possível manter a manutenção da Capela do Pilar devido aos temporais típicos de verão.

Ainda segundo a nota, a cidade conta com equipe de limpeza e manutenção que percorre diversos pontos turísticos, mas não informou quando os funcionários devem passar pela igreja.

A Prefeitura garantiu que a manutenção é intensificada durante a festa de Nossa Senhora do Pilar, mas disse que realiza ações durante todo o ano. Os guardiões da capela dizem o contrário.




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