Ricardo Young (PV), que tenta vaga no Senado, afirmou ontem, em entrevista ao Diário que a correligionária e presidenciável Marina Silva já virou o jogo e tem chances de disputar o segundo turno com a candidata petista, Dilma Rousseff (PT). O verde pôs mais lenha na fogueira ao dizer que caso isso ocorra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará neutralizado. "Lula entra em curto-circuito, pois as duas foram suas ministras. Não terá mais bem nem mal."

Na última pesquisa Ibope, divulgada ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), Marina aparece com 13%. Já a pesquisa Datafolha indica Marina com 14% das intenções de voto, um crescimento de 1% em relação a pesquisa anterior. Na CNT/Sensus Marina tem 11,6% das intenções de voto. "Atribuo virada de jogo a várias coisas. Dilma conta com tempo excessivo, há superexposição e as fragilidades começam a aparecer. Há o caso Erenice (Guerra, ex-ministra-chefe da Casa Civil) que era o seu braço direito. Alguém debaixo das barbas do Lula. Aí o povo recuou."

Seria prejuízo para o PT Marina chegar ao segundo turno, uma vez que o eleitor de Serra dificilmente daria voto a Dilma. Enquanto que o eleitor da verde poderia pender entre o tucano e a petista.

Young não poupou críticas aos principais rivais de Marina. "Serra desconstruiu o PSDB e Dilma nasceu em crise. Imagina Dilma ter a responsabilidade de realizar o sonho de Lula? Os petistas não estão felizes. Tiveram que engolir Dilma goela abaixo." E defendeu Marina. "Voto na Marina é verdadeiro. Não é voto de protesto", reiterando o conceito da onda verde.

O candidato disse ainda que a coligação PT e PMDB é ‘frágil'. "Os partidos estão se comendo. Aqueles que pensam que o PT terá fase imperial de Zé Dirceu está enganado porque Michel Temer (vice na chapa de Dilma) e seus 40 companheiros estão prontos para abocanhar o que for", em alusão à obra literária Ali Babá e os 40 Ladrões. "Dilma não tem liderança agregadora e o Lula será o mesmo sem a máquina pública?", desferiu.

Senado - Mesmo atrás nas pesquisas, Young ainda acredita na vitória e na campanha boca a boca para conquistar simpatizantes. Embora esteja envolvido em diversos movimentos sociais, Young não nega que a popularidade de Marta Suplicy (PT) e Netinho de Paula (PCdoB) atrapalhem sua ascensão. "É lógico que prejudica, mas 45% dos eleitores estão indecisos. O eleitor PSDB/PMDB/DEM não tem segundo senador. Por isso, minha candidatura é suprapartidária."

Indagado se retribuiria o apoio do também candidato ao Senado Aloysio Nunes (PSDB) à sua campanha com seu segundo voto desconversou. "Três nomes têm cacife para representar São Paulo, eu, Marta e Nunes."

Provocações - Young não deixou de cutucar também o PTB, do rival Romeu Tuma. Para o pleiteante, a sigla está "enganando o eleitor" ao não retirar a candidatura do petebista que está hospitalizado. "O PTB mostra imagem de Romeu saudável (na propagana eleitoral). A sigla tenta levar vantagem sobre isso. A equipe médica é coordenada pelo próprio filho do candidato (Rogério Tuma). Está havendo conluio entre família e partido", sentenciou.