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Domingo, 19 de Maio de 2024

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Azeite de Oliva: por que faz bem?
Antonio Carlos do Nascimento
06/05/2024 | 08:31
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Gilmar


Até o início dos anos 1980, a maior parte da população brasileira desconhecia inúmeros gêneros alimentícios de uso corrente em outras partes do mundo e bom exemplo é o azeite de oliva, para o qual a apresentação que possuíamos, mais próxima da verdadeira, o colocava em mistura que o óleo de soja respondia por 85% do composto final.

Nos dias de hoje, este óleo obtido a partir da prensagem de azeitonas, é facilmente encontrado em sua plenitude estrutural nas prateleiras de supermercados, classificado de acordo com seu modelo de extração, em extravirgem, virgem ou refinado, podendo ainda ser ofertado em requintadas opções com especificação de variedade(s) de azeitona(s) utilizadas.

O crescimento do consumo brasileiro de azeite de oliva nos últimos 30 anos foi avassalador, norteado pelo marketing natural oferecido pela divulgação dos estudos científicos que fervilhavam (e fervilham), contemplando a dieta mediterrânea na promoção de longevidade e bem-estar.

Este modelo alimentar tem seus pilares representados por vegetais frescos, peixes, grãos integrais, azeite de oliva e vinho, conquanto cada item deste quinteto se explique por alguma virtude, o azeite tem repertório mais amplo para justificar suas benesses para saúde.

A grande concentração de gorduras monoinsaturadas neste óleo é capaz de modular a relação entre as frações do colesterol e parece ser esta a explicação para a proteção cardiovascular encontrada em todos os estudos científicos que versam sobre o assunto, especialmente no que tange às coronariopatias e arteriopatias cerebrais. Em outra ação, essas gorduras melhoram a sensibilidade à insulina nos defendendo do diabetes tipo 2.

Ricos em compostos bioativos conhecidos como polifenóis, possui propriedades anticancerígenas, particularmente estudadas para câncer de mama e próstata, sendo creditado para estas mesmas substâncias, a capacidade de impedir a degeneração de neurônios, desacelerando o processo de envelhecimento cerebral.
Estes e outros benefícios atribuídos ao azeite de oliva são alusivos ao consumo frequente de sua melhor versão, a extravirgem, para a qual, é ainda aconselhável evitar submetê-la a altas temperaturas.

Técnicas agrícolas modernas nos permitem inusitados cultivos, algumas delas descontruíram o perfil sazonal de alguns frutos, tal qual se sucedeu com os morangos, comprados a qualquer dia e hora, caros ou baratos, mas sempre disponíveis. Mas, plantar oliveiras, colher volume considerável de azeitonas e produzir azeite de qualidade equiparável a seus melhores pares da Europa é conquista brasileira impressionante que nos traz orgulho.

Lamentamos, porém, que os custos de produção tornem nossos preços ainda proibitivos e para piorar, a seca que ocorre nas maiores áreas de oliverais pelo mundo, duplicaram os valores deste produto importado.

Aquele supracitado composto de óleo de soja temperado com algum azeite de oliva e aromatizantes, tinha à época um chavão midiático, pedindo à senhora que dava nome e ilustrava a embalagem, que saísse da lata. Mas, hoje, querendo adquirir os reconhecidos benefícios dos óleos de oliva, o que pedimos silenciosamente são os recursos para tirá-los das prateleiras!

Antonio Carlos do Nascimento é doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia.




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