Ausência de lideranças políticas na tradicional cerimônia na Igreja Matriz, em São Bernardo, chamou atenção no 1º de maio
A missa de São José Operário, realizada nesta quarta-feira (1º) para celebrar o dia do trabalho, foi marcada por pedidos de justiça social, melhores qualidades de serviço e redistribuição de renda. Durante a tradicional cerimônia na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Praça da Matriz, em São Bernardo, a ausência de autoridades políticas chamou atenção - o evento teve a presença apenas do deputado estadual e pré-candidato a prefeito da cidade Luiz Fernardo Teixeira (PT) e a vereadora Ana do Carmo (PT). O evento juntou cerca de 500 pessoas.
O bispo Dom Pedro Carlos Cipolini, da Diocese de Santo André, ministrou o ato litúrgico e relembrou a trajetória de José, segundo pai de Jesus, como carpinteiro. De acordo com Cipolini, qualquer trabalho proporciona dignidade porque, além de garantir o necessário para sobrevivência, ajuda a manter a sociedade. “O trabalho nos liga a Jesus, porque Ele também foi operário em Nazaré. Na nossa realidade, 8 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil. Temos ainda trabalho escravo. Existe uma insatisfação muito grande no meio do nosso povo porque percebemos o cansaço com a injustiça social brasileira. Se não fizermos uma justa distribuição de renda, não há pastoral operária, não há mudança nas leis trabalhistas que resolverão os problemas do nosso país. É preciso solidariedade e partilha, como manda a palavra”, disse durante a homilia.
Para Antônia Carrara, integrante da Pastoral Operária, o 1º de maio é o dia da classe trabalhadora, não do trabalho. “Fazemos essa missa há 44 anos para manter viva a história de resistência dos trabalhadores e deixar sempre na memória que a Igreja Matriz de São Bernardo foi palco de lutas em 1980, quando aconteceram as grandes greves operárias que ganharam repercussão no Brasil e no mundo.”
Nesta quarta-feira, os integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC marcaram presença na Neo Química Arena, local que é o principal palco das celebrações do 1º de maio. Na ocasião, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, discursaram.
Apesar da agenda na Capital, o deputado estadual passou a manhã na Igreja da Matriz, antes de seguir para a arena. “O prefeito (Orlando Morando) naturalmente não veio e outros (políticos) que ao longo de suas caminhadas têm tirado direitos da classe trabalhadora também não estiveram presentes. Infelizmente, poucos defendem a classe trabalhadora estavam presentes, mas o importante é que o povo estava na missa”,analisou.<EM>
Segundo Teixeira, as leituras ao longo da cerimônia foram essenciais para exaltar a necessidade de proteção e equidade no Brasil. “Não podemos nos conformar com pessoas sem lares, comida e emprego. Hoje, o povo mais pobre de São Bernardo não tem atendimento à saúde. Vemos mulheres que dão luz aos seus filhos e morrem ou perdem os bebês por descuido da rede pública municipal. Temos que resgatar a importância da justiça social na região.”
Entre as reivindicações do dia, a vereadoraa Ana do Carmo pontua a luta por mais direitos trabalhistas à PCDs (Pessoas com Deficiência) e às mulheres. “É um dia de reflexão para pensarmos em tudo o que foi feito e o que ainda precisamos alcançar. Tivemos poucos avanços para PCDs. Não há vigilância de como eles são tratados nas empresas. Também temos a questão de igualdade de gênero. As mulheres ainda sofrem tanto para poder trabalhar e ter que cuidar dos filhos.”
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