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Sábado, 27 de Abril de 2024

Sabores&Saberes
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Sabores & Saberes
Gemas e claras, o coração e os olhos!
Antonio Carlos do Nascimento
25/03/2024 | 08:03
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Gilmar


Um dos pilares mais importantes para o desenvolvimento das doenças arterioscleróticas é a hipercolesterolemia, tornando as coronariopatias e a doença arterial cerebral muito mais frequentes naqueles que possuem altas concentrações sanguíneas de colesterol.

Esta relação danosa é muito bem compreendida desde meados do século passado, mas seu enfrentamento medicamentoso eficaz começou apenas no final da década de 1980, com o lançamento da Lovastatina, droga pertencente à classe farmacológica que impera até os dias de hoje.

Naqueles anos a orientação nutricional versada principalmente na proibição de alimentos ricos em colesterol era opressiva e ovos, carnes e queijos gordos encabeçavam todas as listas para os pacientes submetidos a este controle e os avanços terapêuticos não eliminaram estas preocupações, com todos estes itens sendo mantidos sob vigilância perene.

Contudo, o ovo é aquele que mais gera controvérsias, com muitos estudos demonstrando malefícios cardiovasculares, enquanto outros lhe fazem a redenção, posicionando-o mesmo como protetivo, como exemplificado nos parágrafos seguintes.

O Journal of the American Medical Association (JAMA) – Revista da Associação Médica Americana – publicou em março de 2019 – artigo anotando que entre os adultos norte-americanos, o consumo de ovos foi significativamente associado a maior risco de ocorrência de doença cardiovascular e de mortalidade por todas as causas.

Em março de 2020, foi a vez da British Medical Journal (BMJ) – Revista Médica Britânica – publicar extensa revisão de pesquisas demonstrando que o consumo de ovos não está associado ao risco geral de doenças cardiovasculares, enquanto nas populações asiáticas, associa-se a risco potencialmente menor dessas doenças.

Nota recente no site da prestigiada Clínica Mayo, (Rochester, Minnesota, EUA) aponta que a maioria das pessoas saudáveis pode comer até sete ovos por semana sem aumentar o risco de doenças cardiovasculares, além disso, podendo prevenir a degeneração macular, doença ocular que pode levar à cegueira.

Certezas são difíceis para resultantes alimentares, porém, se mais de 90% do colesterol circulante é produzido em nosso fígado, a visita periódica ao médico para avaliação destes níveis laboratoriais é imprescindível, pois, é improvável que o controle alimentar estrito seja capaz de exercer proteção ampla. 

Nenhum estudo foi capaz de separar o consumo de ovos em suas conjugações e provavelmente as gorduras vegetais hidrogenadas e ultraprocessados, assim como sedentarismo, tabagismo e consumo abusivo de álcool, sejam fatores ofuscantes do enorme valor nutritivo de suas gemas e claras.

Antonio Carlos do Nascimento é doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia.




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