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Sábado, 27 de Abril de 2024

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Os perigosos frascos de testosterona
Antonio Carlos do Nascimento
29/01/2024 | 08:53
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Seri


O envelhecimento masculino não promove o encerramento funcional testicular definitivo, tal como ocorre com os ovários em mulheres na menopausa, tornando menos claro este enfrentamento.

O decréscimo da produção de testosterona no homem é principiado em torno dos 40/50 anos, sendo paulatino e extremamente lento, de modo que aproximadamente metade daqueles com 70 anos, ou mais, possuem níveis normais. 

Baixas concentrações de testosterona provocam diminuição da libido, dificuldade de ereção (ou de sua sustentação), cansaço extremo, desânimo e/ou depressão, sonolência ou insônia e incluem ainda sinais como aumento da gordura corporal, diminuição da massa muscular e queda de pelos corporais.

O fato destes sinais e sintomas ocorrerem em inúmeras condições sem que exista qualquer deficiência hormonal, torna a avaliação médica e laboratorial os fatores decisórios para o manejo destes casos.

O que tem assustado sobremaneira é a utilização de dosagens extraordinariamente altas de testosterona, notadamente na apresentação injetável, por indivíduos jovens, sem qualquer déficit deste hormônio e distante do crivo médico especializado.

Estas administrações supra fisiológicas conquistam, na maioria das vezes, aumento da massa muscular e vigor para prática de exercícios físicos, angariando, como bônus, libido exacerbada, eventualmente melhor desempenho sexual e disposição para afazeres. 

Contudo, estas virtuosidades permanecerão enquanto houver a aplicação de elevadas doses, mas conviverão com outras dinâmicas menos louváveis, tais como hipertrofia da musculatura cardíaca, formação de placas arterioscleróticas em coronárias e artérias cerebrais, aumento prostático e inibição do eixo fisiológico entre o sistema nervoso central e os testículos.

Os transtornos supracitados são as consequências negativas mais objetivas e notáveis do uso descomunal desta substância, relatadas repetidamente em artigos científicos, que demonstram o aumento brutal de morte em indivíduos jovens decorrentes desta condução. 

Parece claro que projetos que envolvam esta conduta devam obter validação de urologista, endocrinologista e cardiologista, porém, antes, porque depois pode haver pouco a ser feito!

Antonio Carlos do Nascimento é doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia.




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