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Nova ‘onda’ depende do desempenho de Bolsonaro

Avaliação é que outro fenômeno está diretamente atrelado à condução dos trabalhos do atual presidente no período

Daniel Tossato
24/03/2019 | 07:28
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As duas últimas eleições (2016 e 2018) foram marcadas por fenômenos considerados atípicos, as chamadas ‘ondas’, que resultaram na varrida do PT em seu berço político, o Grande ABC, assim como na primeira derrota do partido depois de 16 anos na esfera nacional. Ambos os movimentos tiveram ligação direta ao antagonismo à sigla do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Prefeitos da região e especialista ouvidos pelo Diário, porém, avaliam que eventual reedição em 2020, novamente com o PSL, por exemplo, está profundamente atrelada ao desempenho de Jair Bolsonaro.

Partido nanico antes da filiação de Bolsonaro, o PSL se tornou uma das principais siglas do País após o resultado de 2018. A legenda viu Bolsonaro ser eleito no segundo turno, ao enfrentar Fernando Haddad e um PT fragilizado, além de emplacar o filho Eduardo Bolsonaro na lista de mais votado por São Paulo à Câmara Federal, com 1,8 milhão de adesões, e Janaina Paschoal como deputada estadual mais votada da história, com mais de 2 milhões de sufrágios. O cenário foi chamado de ‘onda amarela’, na ocasião, em alusão às cores da legenda.

O PSL elegeu 15 representantes à Assembleia Legislativa, formando a maior bancada da casa. No Grande ABC, elegeu Coronel Nishikawa com 23 mil votos. Dois anos antes do último pleito, em 2016, o fenômeno se deu com o êxito de João Doria (PSDB) à prefeitura de São Paulo, eleito no primeiro turno. O saldo foi denominado de ‘onda azul’. Na região, o partido de Doria, atualmente governador do Estado, elegeu quatro prefeitos pela primeira vez na história, incluindo Santo André, onde o tucanato jamais havia vencido.

O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), avaliou que as eleições municipais não podem ser comparadas ao pleito nacional, já que tem características diferentes. Segundo ele, o eleitor que escolhe um prefeito leva em consideração o histórico daquele candidato e não apenas a sigla em que está filiado. “O PSL teve bom desempenho no Brasil todo devido ao fenômeno que foi Bolsonaro durante a campanha. Se isso continuar, o PSL poderá colher bons frutos na próxima eleição, mas essa questão está muito atrelada ao desempenho do presidente.”<EM>

Prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB) acredita também que o triunfo do PSL envolve o sucesso de Bolsonaro. Ele ponderou ceticismo quanto a projeções imediatas. “O governo Bolsonaro depende da aprovação da reforma da Previdência. Se isso não ocorrer, tanto seu governo quanto seu partido não sairão vitoriosos”, avaliou. Auricchio citou de antemão que não se preocupa com a ascensão do PSL. “O eleitor quer saber do histórico de seu candidato.”

Dirigentes do PSL no Grande ABC prospectam que há grandes possibilidades de a sigla lançar candidatos ao Executivo em 2020. Vereadores de Santo André, São Bernardo e São Caetano demonstram interesse em se filiar ao PSL com vistas à empreitada majoritária. Para o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), esse tipo de fenômeno não está ligado aos pleitos municipais, mas sim às eleições ao Legislativo. “Não tenho essa preocupação (com as ondas). Acredito no trabalho que vem sendo feito na cidade. Para o munícipe pesa muito se a cidade de alguma forma melhorou”, pontuou. “Em caso de iniciarmos projeto de reeleição, será só no ano que vem, e qualquer que seja o fenômeno cogitado na ocasião, nós podemos mostrar resultados, cumprimento do plano de governo, hoje em 60%.”

ANTIPETISMO
O cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Mackenzie, analisou que ambos os fenômenos estão completamente relacionados ao movimento antipetista, que ainda é possível identificar na política. As chamadas ‘onda azul’ e ‘onda amarela’ surgiram após profunda crise atravessada pelo petismo. Em 2016, a Lava Jato estava a todo vapor e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sofreu grande desgaste até ser cassada. O Novo é outra sigla que tenta embarcar neste prisma.

“A partir deste contexto, o eleitor atrelou tudo de ruim ao PT e ao Lula. Assim, passaram a escolher políticos que, de alguma forma, faziam oposição direta ao partido. Foi desse meio que nasceram Doria e Bolsonaro”, afirmou. Segundo Prando, o sucesso do PSL depende da performance do capitão reformado na Presidência. 




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