Os consumidores que buscaram descontos da Black Friday no comércio de rua do Grande ABC voltaram para casa insatisfeitos, dado que os itens de maior procura, como eletroeletrônicos e eletrodomésticos, não apresentavam descontos. Além disso, alguns preços das lojas físicas estavam acima dos valores praticados no e-commerce das marcas.

A equipe do Diário percorreu, ontem, as ruas Coronel Oliveira Lima e General Glicério, em Santo André, Marechal Deodoro, em São Bernardo, e Manoel Coelho e Santa Catarina, em São Caetano. Embora o número de pessoas estivesse superior a um dia normal, os comércios estavam menos movimentados do que na mesma data em 2017.

“Alguns produtos, como a escova de cabelo elétrica, estão em promoção no site, mas, aqui (no estabelecimento), está com o preço normal”, afirmou a dona de casa Andreia Cruz, 39 anos, moradora de Santo André. “Porém, mesmo no e-commerce, os descontos são baixos. Tem produto que eu estava acompanhando que ficou apenas 3% mais barato. No Brasil é Black Fraude.”

A dona de casa da Capital Michele de Sousa, 38, estava em busca de computador, contudo, não o encontrou com desconto. “Está variando entre R$ 1.800 e R$ 2.500, nada diferente do que já custava. Nos outros anos encontrei produtos com descontos bem mais vantajosos do que hoje (ontem)”, acrescentou.

O engenheiro de Santo André Marcelo Hernandes, 33, estava em busca de uma televisão e também observou que os valores não reduziram. “Ainda tem o caso de uma loja que aumentou (preço) de todos os televisores em R$ 400 na segunda-feira e hoje (ontem), baixou R$ 400, ou seja, uma fraude.”

Porém, quem estava em busca de outros produtos, como roupas, calçados, alimentos e itens de higiene pessoal, aproveitou descontos de até 50%. “Vim para ver as promoções, sem nenhum produto específico, mas valeu a pena pelos vestidos e calças, que saíram pela metade do preço”, compartilhou Roseli Amâncio, 54, dona de casa são-bernardense. “Estou olhando eletroeletrônicos e eletrodomésticos para ver se tem alguma oportunidade, mas não encontrei nada por enquanto”, completou.

Por outro lado, há aqueles que encontraram bons descontos nos itens desejados. “Estou encontrando preços bem acessíveis. Minha mulher está terminando de pesquisar, mas acredito que vamos levar um televisor, que sairá quase 30% mais barato”, informou o funcionário público César Jesus, 51, morador de São Caetano. “A Black Friday veio para beneficiar o povo”, disse.

Importante lembrar que, segundo o site Blackfriday.com.br, idealizador do evento no País, a data deve movimentar R$ 55,5 milhões neste ano, 26,13% a mais do que em 2017.

Procon de S.Bernardo realiza 206 atendimentos em mutirão

YARA FERRAZ
yaraferraz@dgabc.com.br

O Procon (Serviço de Proteção ao Consumidor), de São Bernardo, foi responsável por 206 atendimentos durante mutirão realizado durante o dia de ontem. O número representa o dobro do que o órgão realiza diariamente, que fica na média de 100.

A equipe de profissionais trabalhou em esquema de plantão no Poupatempo da cidade. Os atendimentos foram feitos sem agendamento prévio. A ação foi da Prefeitura.

ESTADO
A Fundação Procon de São Paulo registrou 470 atendimentos até as 18h de ontem. Deste total, 258 foram reclamações, sendo a maioria (87 registros, ou 33,72% do total) por ‘maquiagem’ de descontos. Em seguida, aparecem mudança de preço ao finalizar compra (54 registros), produto ou serviço não disponível (38), pedido cancelado pela empresa após finalização da compra (37), entre outros.

“O consumidor não pode deixar de reclamar. É a única forma que o poder público tem de tomar providência. Se a queixa não chega, o Procon até pode ir lá, fazer fiscalização, mas para conhecer o problema e ter dimensão de massa, só com as reclamações”, afirmou a advogada especialista em Direito do Consumidor Ana Paula Satcheki. (colaborou Derek Bittencourt)