Indenização será paga no próximo mês aos 300 trabalhadores dispensados na semana passada
Os 300 demitidos da Fábrica de Móveis Bartira, de São Caetano, aprovaram ontem em assembleia no Sintracom (Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário) da cidade proposta que determina pagamento, no mês que vem, de indenização conforme o tempo de casa do ex-funcionário – colaboradores com menos de um ano levam R$ 1.300, até sete anos, R$ 2.800, e, acima desse tempo de casa, R$ 4.000.
Embora o acordo não contemple os pleitos iniciais dos trabalhadores – tais como pagamento indenizatório equivalente a dez salários nominais, 12 cestas básicas e manutenção do convênio médico por um ano –, nem a oferta anterior da Bartira – três meses de convênio médico e cesta básica –, os demitidos avaliam que a decisão foi positiva. “Não foi bem o que esperávamos, mas deu tudo certo”, disse um deles, que pediu sigilo.
“A Bartira falou que não tinha como pagar mais e que esse valor era o máximo, porque a situação não vai bem”, relatou José Maria de Albuquerque, presidente do Sintracom. “Mas como em um mês ela está bem e, inclusive, reforma toda a fábrica, e no mês seguinte diz que está ruim?”, questionou. “É uma falta de respeito com quem se dedicou à empresa por mais de 20 anos, em alguns casos. É preciso valorizar o trabalhador.”
Em relação à readmissão imediata de pessoas que possuem problemas de saúde, estão em tratamento médico ou próximos à aposentadoria, que teriam direito à estabilidade, o sindicato afirmou que está negociando com a empresa. A Via Varejo, grupo responsável pela fábrica, garantiu que os casos de estabilidade previstos em convenção coletiva ou legislação serão mantidos, e outras situações serão analisadas individualmente.
Com a decisão, os dispensados descartaram a possibilidade de acampar em frente à primeira loja da Casas Bahia, onde também funciona a sede da Via Varejo, em São Caetano, conforme haviam ameaçado na semana passada no caso de a empresa não sinalizasse acordo. Do mesmo modo, o sindicato não irá solicitar mesa-redonda com mediação do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Segundo Albuquerque, o documento será assinado, oficialmente, na segunda-feira.
CONTEXTO - A Móveis Bartira demitiu 300 dos 1.600 empregados por telegrama na semana passada, quantia equivalente a um turno, restando dois. Os funcionários estavam em casa, em férias remuneradas, sob a justificativa de ajuste e balanceamento do estoque, motivo que também consta na carta enviada aos dispensados. A produção está 100% parada desde 1º de outubro, e será retomada em 5 de novembro.
Os operários, no entanto, não acreditam na queda da demanda da empresa e cogitaram, inclusive, que a fábrica havia sido vendida e os cortes fizessem parte do novo modelo de gestão ou, ainda, que a operação iria sair do município. Contudo, a Via Varejo negou as alegações.
Hermes Soncini, presidente do Sim ABC (Sindicato da Indústria de Móveis de São Bernardo e Região), salientou que, nos últimos anos, o setor moveleiro tem sofrido em todo País. “Quando as famílias têm um dinheiro extra, trocam de carro e não de móveis”, pontuou. “O orçamento da população está bem apertado, o que faz com elas (as pessoas) só comprem móveis em caso de necessidade.”
Os móveis Bartira são comercializados pela Casas Bahia e pelo Ponto Frio, pertencentes à Via Varejo, principal arrecadadora de ISS (Imposto Sobre Serviços) de São Caetano e a oitava no ranking de repasses de ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) da cidade, conforme dados de 2017.
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