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Ibirapuera: coração de São Paulo

Parque é um ‘sessentão’ cheio de história; caminhadas monitoradas ajudam a desbravar melhor o espaço

Miriam Gimenes
16/08/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Quando se pensa em ponto turístico em São Paulo, um dos primeiros locais que vêm à cabeça certamente é o Parque Ibirapuera, que na terça-feira comemora 64 anos. “É o parque do coração do paulistano”, diz o coordenador das caminhadas monitoradas promovidas pela ONG PIC (Parque Ibirapuera Conservação), Aldo Cruz. Não à toa é o espaço – que era para ter sido inaugurado em janeiro de 1954 como parte das celebrações do Quarto Centenário da Cidade, mas as obras atrasaram e só tiveram fim em agosto – é mais frequentado da América do Sul. Só no ano passado recebeu cerca de 14 milhões de visitas.

Localizado entre as avenidas Pedro Álvares Cabral, República do Líbano e 4° Centenário, o Ibira, como é tratado pelos ‘íntimos’, tem 158 hectares e atrações para todas as idades. O nome significa ‘árvore apodrecida’ em tupi-guarani e vem de uma aldeia indígena que ocupava a região do parque quando a área era alagadiça com solo de várzea.

Foi inspirado na recuperação do Central Park Conservancy (no fim da década de 1970 representantes da sociedade civil se uniram para cuidar do parque norte-americano em decadência) que o PIC começou a atuar no Ibirapuera em 2014. “A gente parte da premissa que só é possível melhorar o lugar o conhecendo e, por isso, começamos a fazer as caminhadas monitoradas em 2015”, explica Cruz. Além da Descobrindo o Ibirapuera (cujo trajeto de três quilômetros pode ser visto no mapa à direita), a ONG também promove a que mostra as árvores do espaço e outra que identifica a variedade de aves que passam por lá.

A que fala sobre o parque – com duração de duas horas e meia e destaca cerca de 40 pontos do espaço –, já foi feita mais de 60 vezes e atendeu a 2.000 pessoas. Ela tem início no Bosque da Leitura, minibiblioteca que foi reformada com recursos captados pelo PIC. “Nós buscamos contribuições de pessoas físicas e jurídicas de modo que possamos melhorar o que é necessário por aqui. Também queremos reformar a fonte (que fica na Antiga Serraria), que está sem água e pichada, além dos bancos do parque, mas estamos buscando recursos”, ressalta Cruz.

Partindo da casinha, o visitante aprende sobre a história do parque – são mostradas fotos antigas para ilustrar como era na inauguração –, sobre os espaços esportivos (tem uma academia chamada de ‘dos Flintstones’, porque os equipamentos de ginástica são feitos pelos usuários com pneus velhos e latas), o local exato onde antigamente tinha um cemitério de animais, o banco do Central Park, que foi doado pelo prefeito de Nova York em 2011, as estátuas que viraram ponto de encontro (do porquinho, do leão e da serpente), a escola de jardinagem, o grafites do Kobra e de Os Gêmeos, as construções arquitetônicas projetadas por Oscar Niemeyer (entre eles o MAM, a Fundação Bienal e o Auditório), entre inúmeras outras coisas.

Árvores e aves chamam atenção
Entre os primeiros pontos mostrados na caminhada, tanto da que ‘redescobre’ o parque quanto a que mostra as árvores que foram plantadas por lá, é o Viveiro Manequinho Lopes. “A área onde fica o parque era uma região úmida e até 1890 eram terras devolutas, ou seja, não pertenciam nem ao Estado nem a ninguém. A partir daquele ano foram declaradas do município e, na década de 1920, como essa área era úmida, o sr. Manequinho (funcionário da Prefeitura) importou eucaliptos da Austrália, porque elas têm raízes profundas que drenam o solo”, explica Aldo Cruz. Não só os eucaliptos do Ibirapuera, quanto os que estão na República do Líbano e entorno, todos foram plantados por Manequinho.

E assim se fez com todas as árvores que podem ser vistas no local – que totalizam 15.500 –, tanto as nativas quanto as exóticas: todas foram plantadas. E é possível saber estas e outras curiosidades durante o passeio Árvores do Brasil e do Mundo promovido por Juliana Gatti, diretora do Instituto Árvores Vivas. Nele, aprecia-se as folhas, flores, frutos, sementes, além da arquitetura do tronco e textura das cascas. A próxima data desta caminhada é 8 de setembro, a partir das 10h.

Outro passeio bastante disputado é o de Observação de Aves. Nele é mostrada a rica fauna presente no parque, é explicada a importância do Ibirapuera como fragmento de Mata Atlântica e o trabalho do PIC na difusão de conhecimento na preservação e manutenção das espécies. Tanto esse, com data marcada para 15 de setembro, como os demais passeios, que reúnem até 30 pessoas, têm valor simbólico de R$ 10 e a inscrição deve ser feita no site www.parqueibirapuera.org.

CURIOSIDADES SOBRE O IBIRA
É só dar um giro no Parque Ibirapuera – se quiser mais tranquilidade o faça de semana – para saber que naquele espaço é possível não apenas descansar, mas ainda receber muita informação. Na caminhada já mencionada no início desta reportagem, que foi também feita pela equipe do Diário, algumas curiosidades foram destacadas pelo guia Aldo Cruz.

Uma delas é que neste parque, aberto ao público há 64 anos, ‘passaram’ grandes nomes da história do Brasil, entre eles Francisco Matarazzo Sobrinho(1898-1977), o Cicillo, um industrial mecenas fundador do MAM (Museu de Arte Moderna), que, em 1958, foi para o Ibirapuera. Ele também criou a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, hoje apenas Bienal de São Paulo. Tanto que o Pavilhão onde é feito o evento hoje – projetado por Oscar Niemeyer – leva seu nome.

Na entrada principal, na Avenida Pedro Alvares Cabral, às margens do Lago Ibirapuera, há monumento que homenageia o descobridor do Brasil. A estátua foi feita em 10 de junho de 1988 por Luiz Morrone (1906-1998) e, em sua placa, há frase um tanto quanto polêmica de Tancredo Neves: “A Portugal, devemos tudo: o nosso sangue, a nossa história, a origem das nossas instituições livres, o espaço amplo que habitamos.”

A seguir, outras informações sobre o parque.

Fonte Multimídia funciona em alguns horários
Quem pensa que apenas no fim do ano é feito o show das águas na Fonte Multimídia, inaugurada em janeiro de 2004 em comemoração aos 450 anos da cidade, está enganado. Próxima ao portão 9 do parque – e com vista para o Ginásio do Ibirapuera, o Obelisco e o Monumento às Bandeiras (Victor Brecheret) – a fonte (que na foto está desligada), de segunda a domingo faz o Espetáculo da Fonte Multimídia, um show de luz, som e movimento. De segunda a sexta ele acontece das 12h às 14h, e das 20h às 22h. Aos sábados e domingos, das 20h30 às 21h. É gratuito.

Famílias de animais chamam a atenção do visitante
Em determinadas épocas do ano é possível acompanhar o nascimento de alguns animais que vivem no parque, supervisionados por equipe especializada do local. Em visita da equipe do Diário, na semana passada, famílias de cisnes passeavam juntas pelo lago e os restos de seus ninhos ainda estavam às margens. Estão catalogadas 218 espécies de animais, sendo 156 aves – tem também ganso, pato, mergulhões etc – e dez de peixes.

Espaço perto da pista de corrida era antigo cemitério de animais
ma lápide em formato de obelisco chama a atenção no Parque Ibirapuera, próximo à pista de corrida. Nela está o nome de um cachorro, o Pinguim (1937-1946), enterrado por lá antes de o local ser aberto. Ele tem a seguinte inscrição: “Ao nosso fiel amigo, Pinguim. Eternas saudades de teus donos, Nina e Nice.” Uma cruz próxima, dizem, ser o túmulo de um pastor alemão. É que naquele espaço funcionou, antes da abertura do parque, o Cemitério Zoófilo da UIPA (União Internacional Protetora dos Animais).

Primeiro e maior planetário brasileiro é o do Ibirapuera
Em dias de eclipse lunar o telescópio do Planetário do Ibirapuera é bem disputado. Inaugurado em 1957, o local, que leva o nome do Professor Aristóteles Orsini (1910-1998), seu idealizador, tem como objetivo sensibilizar o público para as questões do universo, em especial a astronomia. Sua sala, que conta com projetor Zeiss StarMaster – que recria o céu paulistano – e uma cúpula de 18 metros de diâmetro, tem capacidade para 300 visitantes. Ele funciona aos sábados, domingos e feriados, com sessões a partir das 13h. Os ingressos custam até R$ 8.

Estátuas viram ponto de encontro no parque
Uma imagem de dois meninos tentando agarrar um porquinho lembra as brincadeiras da infância e foi tema de uma das três mais conhecidas esculturas do local, próximo ao portão 6, chamada de Porco Ensebado. Ela foi feita por Ricardo Cipicchia, nos anos 1950 e é usada frequentemente pelos visitantes como ponto de encontro. Outro monumento é o Leão, em frente à administração, uma cópia, em mármore branco, de obra do escultor francês Prosper Lecourtier, morto em 1924.

Arte pode ser apreciada pelos visitantes em vários pontos
O Parque Ibirapuera conta com três museus. Além do MAM, já mencionado, tem o Museu Afro Brasil, inaugurado em 2004, e o MAC (Museu de Arte Contemporânea), que está no antigo prédio do Detran, localizado na frente do parque, e abriga 10 mil obras, entre elas algumas de Volpi, Matisse, Picasso e Tarsila do Amaral. Os três prédios foram projetados por Oscar Niemeyer. E próximo ao MAM está o Jardim das Esculturas, que reúne, em projeto feito por Roberto Burle Marx, 30 obras de artistas brasileiros do século 20, distribuídas em um espaço de 6.000 metros quadrados.




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