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Imigração japonesa
Força de cultura vinda do outro lado do mundo

Descendentes de famílias japonesas se conectam com universo de seus ancestrais

Luís Felipe Soares
17/06/2018 | 07:29
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André Henriques/DGABC


Apesar de estarem longe um do outro, Brasil e Japão tem história especial que faz com que as duas nacões estejam próximas há mais de 100 anos. Busca por melhores condições de vida e possíveis alternativas financeiras fizeram com que as primeiras famílias viessem para terras brasileiras. Essa troca de culturas festeja 110 anos amanhã, com a celebração de mais um aniversário da imigração japonesa.

Parte da ampliação dessa viagem passa pelo Grande ABC, também com tradição entre as comunidades orientais. São em entidades locais em que as pessoas aprendem sobre costumes vindos do outro lado do mundo. Há mais de seis décadas, a União Cultural Nipo-Brasileira de São Bernardo, também conhecida como Bunka-SBC, abre as portas da sede na Vila Lusitania para descendentes e o público em geral. Crianças, jovens e adultos frequentam o local em aulas sobre o universo japonês e atividades temáticas.

“Gosto das aulas, mas acho meio difícil. É complicado decorar o katakana (conjunto de símbolos básicos que representam letras e sílabas), mas estou conseguindo”, diz João Victor Norio Tha, 9 anos. “Também podemos usar junto com os elementos dos hiragana (outro conjunto básico), que é o primeiro a ser ensinado. Eles aparecem em momentos diferentes, quando trocamos de turma. Temos que saber unir todas as partes para falar e escrever bem”, conta Helen Sayuri Ganda, 9.

Parte da turma tenta ampliar os estudos ao ouvir canções japonesas, entre clássicos e as presentes em desenhos animados, e acompanhar programação de canal japonês existente na TV paga. “Meu avô é do Japão e minha mãe me trouxe para as aulas. Em casa, falo algumas palavras, principalmente quando vou comer, peço desculpas ou digo ‘obrigado’”, revela Elise Lynna Iramina, que já morou alguns meses na Ásia.

FESTIVIDADE

Os alunos tiveram as últimas aulas agitadas pela presença de ensaios de coreografia especial que irão apresentar hoje, no segundo dia da 37° Festa da Imigração Japonesa de São Bernardo, o popular Festival Japão em São Bernardo, que ocorre no Cenforpe, no bairro Planalto. “A dança japonesa é muito diferente, com as roupas, letras e os sons. Já me apresentei outras vezes e estou acostumada. A festa é bem especial”, afirma Nicole Kaori Saito, 9. 

O evento pode ser oportunidade para conhecer mais sobre costumes milenares que ainda encontram força entre os descendentes e apaixonados por essa cultura, capaz de chamar a atenção pela culinária, estilo, disciplina e produções pop (como mangás e animês). A entrada é gratuita, com atividades das 10h às 21h, incluindo shows, bazares, oficinas e comidas típicas. Todos são bem-vindos ao universo japonês que o Brasil soube receber.

Confusão do público geral e vontade de visitar o Japão em breve

Apesar da conexão existente entre Brasil e Japão, as diferenças entre os países ainda chamam muito a atenção. Segundo Jéssica Haruna Yoshida Inazumi, 13 anos, a curiosidade em torno dos descendentes começa antes mesmo de um contato inicial. “Perguntam se somos japoneses, chineses ou coreanos. Muita gente acha que são todos iguais. Não fico brava e tento levar na boa, mas claro que existem diferenças”, conta. “Em casa costumo falar japonês com minha família, desde pequena. As aulas reforçam certas coisas e os novos ensinamentos aprimoram tudo.”

Lívia Tiemi Saito, 12 anos, de São Bernardo, divide o tempo no colégio diário, onde tem aulas normais, casos de física, química e matemática, com as atividades sobre escrita, leitura e conversação do idioma japonês durante três vezes por semana na Bunka-SBC. Segundo ela, os áudios originais de alguns animês que assiste ajudam nesses estudos de língua estrangeira.

Ambas desejam conhecer o Japão algum dia em breve. “Gostaria de saber como realmente são as escolas de lá, porque os alunos japoneses são quem fazem tudo, arrumam as salas e preparam a própria comida. Não há um ‘pessoal da limpeza’ no colégio. As crianças e jovens têm mais autonomia no dia a dia”, comenta Lívia. “Também queria saber como é andar na rua e não ter tanta sujeira espalhadas como ocorre aqui.” 




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