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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

História vida do hip hop

Dono de forte legado na região, Nelson Triunfo realiza conversa em Santo André

Por Caroline Manchini
27/05/2018 | 07:00
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Nario Barbosa


A paixão pela música e pela dança sempre correu pelas veias de Nelson Triunfo, 63 anos, considerado grande nome da cultura hip hop brasileira. Para relembrar sua trajetória, que envolve momentos históricos da soul, black music e da fusão para o hip hop, o Sesc Santo André promoverá hoje, às 16h, conversa com o dançarino, que marcou e foi fundamental para o desenvolvimento da linguagem artística no Grande ABC. A entrada é gratuita.

Para entender a história do ex-morador de Diadema, voltemos a 1971. Ainda novo, na cidade de Triunfo, em Pernambuco (que virou nome artístico de Nelson), o artista já se inspirava em filmes e musicais da época que evidenciavam o sapateado. Ouvinte assíduo de rádio, forte meio de comunicação nas décadas de 1950 e 1960, ele também tinha como referência Luiz Gonzaga, Roberto Carlos e Beatles. “Tudo isso me influenciou e acabei indo dançar nas ruas da cidade. Aos 16 anos, em busca de um estudo melhor, fui morar em Paulo Afonso, na Bahia”, relembra o dançarino.

Foi nessa época que Triunfo conheceu o funk original na voz do norte-americano James Brown (1993-2006) e, decidido que a dança seria sua profissão, criou, em 1972, seu próprio grupo musical seguindo a linha da soul music. Os Invertebrados, como era chamado, foi uma das primeiras formações do gênero no Brasil.

Convidado por um dos integrantes do grupo, que durou apenas dois anos, Triunfo mudou-se para a periferia de Brasília, onde teve contato com a black music. Logo depois instalou-se na Capital paulista, formou o Funk e Cia e comandou uma revolução cultural nas ruas de São Paulo. A década de 1980 foi marcada por apresentações de hip hop na esquina das ruas 24 de Maio e Dom José de Barros, no Centro. A notoriedade de ‘Nelsão’, como é conhecido, em época de ditadura, chamou atenção dos militares. “Já levei muita porrada e fui preso por usar roupas largas, cabelo black power e por dançar na rua. Foram momentos difíceis de opressão”, explica. Mesmo enfrentando dificuldade e preconceito, ele e o grupo migraram para a Estação de Metrô São Bento. “Lá era o nosso palco sagrado.” Faziam parte da primeira formação do grupo, ao lado de Triunfo, três meninos moradores da região.

E foi em 1994 que ele fundou em Diadema a Casa do Hip-Hop, espaço cultural educacional e de formação, que oferece oficinas gratuitas de dança de rua, grafite, fotografia e artes plásticas. “Quando o militarismo acabou fiquei livre para disseminar o hip hop por meio da educação. Sempre quis unir cultura ao ensino.” Ele ainda relembra: “Foi a principal casa do hip hop dos anos 1990 e Diadema se tornou uma das cidades culturais mais fortes do País. Lá fiz meu laboratório e vivenciei momento que marcou minha vida. Foi um legado maravilhoso”, afirma. Triunfo permaneceu lecionando no espaço até 2014.

Além dessa conquista, o dançarino participou da abertura da novela Partido Alto, exibida em 1984 pela Rede Globo, fez aparições em programas de televisão e, aos poucos, quebrou preconceitos. “Transformei aquilo que era discriminado em profissão”, se orgulha. Suas lutas foram retratadas no documentário Triunfo e no livro biográfico Do Sertão ao Hip-Hop. Hoje Triunfo capacita professores, ministra workshops e palestras e viaja o mundo com o show Do Soul ao Hip Hop.




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