Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Terça-Feira, 23 de Abril de 2024

O que aprendi vendendo coxinhas
Do Diário do Grande ABC
14/05/2018 | 11:46
Compartilhar notícia


Artigo

Abri meu primeiro negócio aos 23 anos, mas minha carreira em vendas começou dez anos antes. A ideia foi da minha mãe. Acredito que ela procurava meio de permitir que eu ajudasse a compor a renda da família sem ter que acompanhar meu pai nas obras – o que ela achava muito perigoso. Então, ela começou a fazer coxinhas, que eu saía vendendo de bicicleta pelas ruas de Lins, no Interior de São Paulo.

Logo comecei a descobrir nichos de mercado, locais em que os meus salgados eram mais bem aceitos. Havia um bairro em Lins com muitas casas em construção, novo condomínio, e minha clientela era formada pelos pedreiros, pintores, eletricistas e outros trabalhadores da região.

Aprendi a fidelizar os clientes. Fazia sempre a mesma rota, mais ou menos no mesmo horário, e a minha chegada já não era surpresa, mas momento aguardado. Algum tempo depois criei até caderneta onde anotava os pedidos de cada um, e recebia semanalmente, toda sexta ou sábado.

Eu vendia um cesto inteiro de salgados e voltava para casa, para reabastecer com produtos quentinhos e sair de novo. Quase todos os dias eram assim, eu fazia duas vezes o percurso para atender a todos os clientes. Fiz isso por aproximadamente dois anos e meio, até conquistar meu primeiro emprego, em uma copiadora.

Dei-me conta, anos mais tarde, de que apliquei na venda de salgados, de forma instintiva, todas as técnicas de vendas listadas nos manuais. Preocupava-me com a boa apresentação do produto, a acomodação adequada, os preços compatíveis com o mercado e, ao mesmo tempo, com a forma de me relacionar com os clientes e ficar atento ao que poderia fazer para atendê-los melhor. Isso me mostrou também que não importa o que estamos fazendo, sempre é possível aplicar técnicas reconhecidas para ter melhores resultados.

Foi com o fruto desse trabalho que minha mãe conseguiu comprar um Fusquinha 1962. Perceber que eu estava conseguindo ajudar a minha família, apesar de ainda ser muito jovem, foi alegria imensa. Acho que foi esse momento que internalizou em mim a vontade de ir para o mercado, de vencer. E foi também grande exemplo de lição valiosa, que levo até hoje: que só se vence pelo trabalho.

Essa experiência, somada com cursos e demais etapas de qualificação que vieram depois, foi essencial para a minha formação enquanto empreendedor, porque não importa o que você esteja vendendo e para que público, alguns princípios básicos se mantêm – e muito disso aprendi montado na minha bicicleta, vendendo coxinhas, em época em que nem imaginava aonde poderia chegar.

José Carlos Semenzato é fundador da SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais.

Palavra do leitor

60 anos – 1
A cidade torna-se grande e desenvolvida quando tem povo ordeiro e trabalhador e políticos honestos e competentes. Cresce também quando possui veículos de comunicação realmente comprometidos com interesses maiores da comunidade, trazendo a público todo tipo de informação, apontando falhas, colhendo e oferecendo sugestões e também cobrando soluções. E foi dessa forma que o Diário sempre se conduziu ao longo de marcante e vitoriosa trajetória, desde a fundação, há 60 anos. Parabéns a todos os que colaboraram e aos que continuam a colaborar para que o Grande ABC tenha aliado tão valioso, como de fato é o Diário. Parabéns e muito obrigado. Vida longa.
Luizinho Fernandes
São Bernardo

60 anos – 2
Empresa se manter viva no Brasil por décadas já é façanha! E o que dizer então de empresa jornalística como o Diário, que orgulhosamente completa 60 anos! E que certamente contribuiu muito com o desenvolvimento de uma das regiões mais ricas e industrializadas do País, o Grande ABC. É justo reconhecer a importância da nobre atividade! Mas que não é fácil exercê-la em Nação como a nossa, que impõe ciclos de crises econômicas agudas e perversas! E que, mesmo sendo País com imprensa livre, detém a sétima posição entre nações em que mais jornalistas são assassinados! Por todos esses aspectos, louve-se a determinação da direção do Diário, e do competente corpo de jornalistas, que diariamente informam com dignidade os leitores. Parabéns a todos envolvidos no sucesso do Diário.
Paulo Panossian
São Carlos (SP)

Lei Áurea
Ao assinar a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel não poderia imaginar que no futuro a escravidão não acabaria, apenas se transformaria. Dogmas religiosos, programas assistencialistas, partidos políticos, reality shows e futebol são os pelourinhos contemporâneos que mantêm milhões sob o jugo de chibata psicológica. A redentora deve estar se revirando no túmulo!
Vanderlei A. Retondo
Santo André

Mães negras
O Dia das Mães deste ano, ontem, coincidiu com o da Abolição da Escravatura. Tal coincidência nos leva a revisitar o Brasil no período da escravidão, em 1871, ano de criação da chamada Lei do Ventre Livre, que determinava que os filhos de mulheres escravas nasceriam livres, mas permaneceriam sob custódia do dono até 21 anos. Se a vida das mulheres escravizadas foi de muito sofrimento, certamente a das que tinham filhos tenha sido ainda pior, pois, enquanto crianças de seus donos usufruíam do bom e do melhor, as delas eram forçadas a trabalhar, sob pena de receber castigos corporais. O fato é que mulheres negras ainda estão na base da pirâmide social, ou seja, são as mais pobres. As que têm filhos, porém, não raras vezes, arcam sozinhas com sustento das crianças, sendo que mães de meninos adolescentes, principalmente as das periferias, rezam para que eles retornem sãos e salvos para casa, pois há comprovação de que jovens negros periféricos são maioria entre os que morrem de forma violenta. Fazem-se necessárias políticas de ações afirmativas, com especial atenção às mulheres negras, para que em futuro não muito distante mães de todas etnias possam comemorar o dia delas em paz e com alegria.
Neusa Maria Pereira Borges
São Bernardo

Reconstituição
Sou leigo no assunto, mas serve para alguma coisa, além de espetáculo midiático e interesse de alguns, tirar proveito dos holofotes para reconstituição de crimes? Segundo informações, não há em países desenvolvidos e onde o índice de crimes desvendados é bastante alto esse expediente para juntar aos autos do processo. No Brasil, apenas de 4% a 5% dos crimes são desvendados. São números pífios e é uma das principais razões da alta da criminalidade. Será que vale a pena gastar dinheiro com isso?
Mauri Fontes
Santo André

Oposição para quê?
Na fiúza de que só bebe água limpa quem chega primeiro na fonte, dia desses o governador Márcio França fez tour pelo Grande ABC e teve de pagar ‘mico’ participando de evento onde o prefeito de Mauá misturou política com religião e foi fotografado ajoelhado orando a todos pulmões (Política, dia 21). A foto do Diário mostrava claramente a cara de constrangimento do governador. Para tirar um dez, dias depois Atila é preso por desvio de dinheiro da merenda das crianças de Mauá. Com uns correligionários desses ninguém precisa de oposição, né, governador?
Donizete A. Souza
Ribeirão Pires

À Itália
Sobre a reportagem ‘Comitiva da região chega a Turim na 2ª’ (Política, dia 12), sugiro ao prefeito Paulo Serra que conheça as ações recomendadas quando da assinatura por Turim do Pacto Pela Política Alimentar Urbana, em 2015, em Milão. Os princípios desse acordo foram: garantia de disponibilidade de comida saudável a todos; promoção da sustentabilidade no sistema alimentar; educação do público sobre alimentação saudável e redução de desperdícios. Três ações seriam importantes conhecer, pois ajudariam Santo André a dar passo à frente às políticas de abastecimento coordenadas pela Craisa: os fluxos alimentares para e por meio das cidades italianas; apoio político e operacional aos mercados públicos, locais e municipais; e, por último, qual a contribuição do setor informal para os sistemas alimentares urbanos. Creio que o prefeito, se tiver contato com o projeto, poderá contribuir enormemente para o abastecimento alimentar e a distribuição de alimentos saudáveis para a nossa região.
José Lourenço Pechtoll
Santo André 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.