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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Sertanejo, livro e cinema são as preferências

Levantamento feito com 1.595 pessoas das sete cidades mapeia hábitos culturais dos moradores da região

Marcela Munhoz
07/03/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 O Grande ABC é conhecido por ser berçário de variados movimentos culturais, ter recebido peças históricas e ricas exposições, ter sediado shows importantes e ser a terra natal de vários artistas de todos os estilos. Mas será que o público daqui consome, gosta ou, simplesmente, sabe definir o que é Cultura?

Para tentar compreender o que acontece, a consultoria JLeiva Cultura & Esporte entrevistou 1.595 pessoas, com 12 anos ou mais, das sete cidades. Os resultados foram apresentados ontem para agentes e produtores. “Tentamos trazer dados que poderão ser usados tanto por empresas do setor como pelos próprios produtores e instituições culturais, além do poder público”, explica Rodrigo Linhares, coordenador da JLeiva.

“A pesquisa direciona os gestores à revisão de suas estratégias de comunicação para atrair e formar novos públicos para os equipamentos e atividades culturais oferecidos pelas prefeituras”, analisa, por sua vez, Fabio Palacio, secretário executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Flávio Chantre, gerente de relações institucionais da Braskem, é mais direto. Para ele, a pesquisa é essencial para diminuir a margem de erro. “O recurso é limitado, então é importante saber exatamente onde investir, focar nas grandes carências culturais.”

RESULTADOS
Entre as perguntas, das cerca de 50 realizadas nos meses de junho e julho de 2017, e levadas a campo pelo Instituto Datafolha, está a preferência de cada morador por realizar atividades culturais no tempo livre, quando não está trabalhando ou estudando (foram comparadas a ações como fazer exercício, ir à praia ou mexer no celular, por exemplo). No Grande ABC, 640 mil fazem essa escolha, sendo que a maior parte é de São Caetano (45%) e Ribeirão Pires (39%). Em Diadema a taxa é de 20%.

Quando questionadas sobre a atividade preferida, leitura registrou 69% e cinema, 65% da preferência. Ainda foram citadas assistir a shows (44%) e ir para a biblioteca (39%), por exemplo. No entanto, na maioria dos itens citados o interesse supera a prática, ou seja, as pessoas mais gostariam de ir do que realmente vão aos locais e eventos. Durante o levantamento, foram detectadas as principais razões para as pessoas não frequentarem peças de teatro, museus e shows. Entre elas estão falta de tempo, de interesse e por motivos econômicos. Cerca de 72% dos entrevistados, aliás, apenas participam de atividades gratuitas. Rio Grande da Serra é o local onde isso mais acontece.

São Caetano aparece novamente no topo quando o assunto é maior índice de acesso à cultura, especialmente em show, festa popular, dança, teatro e museu. Diadema, por outro lado, ficou em último. Sobre exclusão cultural, a pesquisa aponta que quanto menores os graus de escolaridade e renda, menor o acesso às atividades. A exclusão de entrevistados que se autodenominaram pretos e pardos também é maior.

TV ainda é o meio mais usado para ver filmes e séries; rádio é o meio mais utilizado para ouvir música e o YouTube o aplicativo preferido para esse fim. Sobre música, apareceu um dos itens mais comentados: no Grande ABC o ritmo mais ouvido pela população – a metade dos entrevistados – é o sertanejo, seguido por rock (27%) e MPB (25%). Funk e pop lideram na faixa moradores que têm 12 a 15 anos.

A pesquisa registrou ainda que 86% da mostra consultada acessa a internet e que os homens, entre 25 e 34 anos, de classe média, são os que mais têm acesso a todas as atividades culturais. Por outro lado, representantes da terceira idade (60 anos ou mais) são os principais excluídos culturalmente na região. Um dos motivos é que o interesse pelas atividades cai com o passar da idade.

Equipamentos culturais do Grande ABC e polêmicas
“Temos a missão de trazer a frieza dos dados para um setor que é pautado, e deve ser, pela criatividade e subjetividade. Esse é justamente o contraponto da pesquisa.” Foi assim que Rodrigo Linhares, coordenador da JLeiva, tentou colocar ‘panos quentes’ nas discussões acaloradas que aconteceram ontem durante a exposição dos equipamentos culturais que os moradores mais querem ou mais gostaram conhecer.

O Museu do Ipiranga, em São Paulo – que está fechado há cinco anos para reformas e que deve reabrir apenas em 2022 – foi o mais citado. O Sesc Santo André, segundo o levantamento, é o espaço mais conhecido da região (74%), seguido por Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo (65%), e Teatro Municipal de Santo André (60%).

De acordo com os agentes e produtores culturais, seria importante que eles tivessem participado em algum momento do levantamento, embora o Consórcio tenha sido consultado para apontar os locais mais importantes do Grande ABC. O que foi justificado pela empresa é que o estudo ainda está em aberto e é importante que possíveis equívocos ou lacunas sejam mesmo apontados.

A cineasta Mariana França, 29 anos, de São Bernardo, confessa que não se impressionou com os números apresentados e que sentiu falta de informações importantes. “Ainda me incomoda pensar que os hábitos das pessoas entrevistadas na região, na verdade, são praticados em São Paulo. Mas não sabem por que não frequentam os equipamentos daqui. A programação é ruim? Não tem eventos de interesse? As pessoas desconhecem? Estes seriam dados importantes para o poder público”, finaliza.




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