A Beija-Flor fez um paralelo entre as mazelas brasileiras e o romance "Frankenstein", escrito pela inglesa Mary Shelley (1797-1851) e publicado pela primeira vez em 1818, há exatos 200 anos. Ao longo de 36 alas e nove atos, a escola de Nilópolis representou a corrupção, a desigualdade socioeconômica, a violência e as intolerâncias de gênero, racial, religiosa e esportiva. Todas essas características compuseram o cenário "monstruoso" do Brasil.
Mesmo trocando seu tradicional luxo por fantasias que em muitos casos representavam o lixo, a escola é candidata ao título. Em outro desfile no qual usou essa fórmula, em 1989, ainda sob a liderança do carnavalesco Joãosinho Trinta, a escola foi aclamada pelo público e conquistou o vice-campeonato. Desta vez, pelo menos a aclamação já está garantida: ao final do desfile, a escola foi tão ou mais aplaudida que Portela e Salgueiro, as duas outras melhores agremiações da segunda noite de desfiles.
Para compor e denunciar as mazelas brasileiras, a Beija-Flor recorreu a diversos elementos: teve encenação de arrastão, teve prostituta e homossexual sendo alvos de preconceito, teve crítica à sonegação de impostos e teve até maus políticos sendo comparados a ratos. Ao final, uma mensagem de esperança: o último carro alegórico chamava "Ensinando a Amar", e logo depois vinha um tripé (pequena alegoria) onde se lia que "o samba faz essa dor dentro do peito ir embora".
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