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Violência Nossa
Rodolfo de Souza
08/02/2018 | 07:00
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 Violência é, digamos, a prática que o ser humano começou a desenvolver lá nos primórdios de sua existência e que, sem dúvida, é a sua maior especialidade hoje, tendo em vista que vem aperfeiçoando, através dos tempos, os métodos que utiliza para agredir o semelhante, os bichos, a natureza, os costumes, os valores... É, portanto, o inventor da agressão à revelia, de graça. E se orgulha disso.

Desde a fofoca que lança dúvida sobre a idoneidade moral do outro até o latrocínio, tudo é exemplo de violência que o próprio povo engendrou em seu seio, e sofre. Aliás, a maioria nem se dá conta dos seus atos e do tamanho do prejuízo causado pela ignorância que violenta e cerceia o bom-senso.

E este imenso picadeiro, sobre o qual vivemos eu e você, tem sido um dos maiores exemplos de todo o empenho dedicado ao exercício do assunto ora em pauta. Os governantes desta terra de meu Deus passam toda uma existência se dedicando à busca incansável de meios que os levem a faturar alto, mesmo que, para isso, tenham que manter debaixo da sola de sua bota a cabecinha oca do seu conterrâneo. Objetivos espúrios são metas que perseguem impetuosos, brutalidade que também dá direito a toda essa população de cometer outros desatinos, já que se habituara a viver num País em que toda atividade criminosa é perdoada. E essa gente toda aprendeu com a cartilha carinhosamente editada por seus governantes que política é nome feio, palavrão dos brabos. Pois é, eles fizeram do termo que designa arte e ciência de bem governar algo nefasto que deve ser evitado para que se conserve a família, a moral e os bons costumes. E não é difícil pensar diferente quando se vê a economia do seu país estuprada por décadas até que esteja exaurida de suas forças e não suporte mais as investidas do algoz.

Belas cidades deste imenso território, por exemplo, sofrem com a bandidagem que não perdoa. Pudera, estão falidos os seus governos que nada investiram no que há de essencial no seio de uma nação: o bem-estar de seu povo. E miserabilidade associada à falta de educação leva indiscutivelmente ao aumento do crime. Isso é notório. 

A cidade, antes maravilhosa, está entregue ao caos. Suas divisas foram parar nos cofres de administradores corruptos que pensaram exclusivamente em acumular riqueza roubada, levando o Estado à bancarrota e, perdendo para o crime a sua bela capital, que virou uma praça de guerra. De um lado, polícia fraca e mal equipada, de outro, facções que disputam na bala o comando de tudo. E o povo corre e morre e se sujeita e sobrevive alimentado por uma esperança que vai minguando, aos poucos. O que fazer? Ah, mas tem o Carnaval! E daí?! E tem futebol! Bolas para ele também! Não há paz. Para quê serve circo em campo de guerra? 

Assim, vergonhosamente, um dos países mais ricos do mundo vai levando a vida sem conseguir sair do terreno terceiromundista, simplesmente porque está entregue nas mãos de roedores que passam todo o mandato arquitetando estratégias para o faturamento ilícito e para a manutenção do poder a qualquer preço. Definitivamente não faz parte de suas plataformas políticas um único plano de governo que vise o progresso de algum setor da Nação. Nação que se arrasta com sua economia agonizante, sua Saúde e sua Educação dentre as piores do mundo, mas com o melhor circo que já se viu na história.

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. 

É professor e autor do blog cafeecronicas.wordpress.com

E-mail para esta coluna: sourodolfosou@gmail.com




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