As imagens de inúmeras pilhas de papéis (des)organizados em pastas, que se multiplicam sobre as mesas e com incontável quantidade de páginas, são cenas comuns nos tribunais brasileiros. Principalmente na Justiça do Trabalho, que, apesar da entrada em vigor da reforma da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), ainda acumula quantidade impressionante de demandas para apreciação dos magistrados e suas avaliações, invariavelmente seguidas por inúmeros recursos impetrados pela parte derrotada.

Com tais trâmites, além do volume físico e da mobilização de pessoas – testemunhas, prepostos etc –, eleva-se o tempo para a resolução de causas, muitas vezes até simples (ou simplórias). E isso gera gastos, além do desgaste pessoal daqueles que estão envolvidos nas demandas judiciais.

Esta é realidade que perpetua-se por muitos anos e que não tem mais motivo para existir em pleno século 21. Parece até cena de produção de época, daquelas que até chocam por exibir o quanto a vida das pessoas evoluiu, bem como os equipamentos do dia a dia e os sistemas de informação.

Diante de tudo isso, surge um lampejo de necessária modernidade. O TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região), de São Paulo, implantou o Cejusc (Centro de Judiciário de Métodos Consensuais de Soluções de Disputas), que nada mais é que um órgão com a incumbência de colocar frente a frente os envolvidos em determinada questão judiciária e, a partir daí, iniciar debate em busca de solução amigável. É evidente que o procedimento é vantajoso para todos, pois evita a quase perpetuação das ações, reduzindo para 20 dias a resolução, quando nos trâmites normais ultrapassa dois anos.

Desde novembro, quando iniciaram as atividades, os integrantes do Cejusc já realizaram 458 sessões e chegaram a acordo em 34% daquelas em que reclamante e reclamado participaram. Além disso, em mutirão voltado a questões envolvendo a General Motors, 18 das 39 ações foram resolvidas. Isso representa avanço em um setor que precisa ser justo, mas também rápido. A reciclagem de ideias e métodos só traz vantagens. Que venham outras iniciativas.