Na avaliação da associação, que reúne categorias como auditores fiscais e analistas do Banco Central, o comportamento do ministro é inaceitável. "Ficamos estarrecidos com as palavras do ministro Marun, que sem nenhuma cerimônia falou em usar recursos de financiamento da CEF para aliciar deputados para votarem a favor da reforma da Previdência. Isso é inconcebível", disse Marques.
Na semana passada, Marun divulgou nota, numa espécie de "tréplica" aos governadores que reagiram à sua recente declaração de que o governo pressiona gestores estaduais e municipais a trabalharem a favor da aprovação da Reforma da Previdência, em troca da liberação de recursos em financiamentos de bancos públicos, como a Caixa. "A reação daqueles que querem continuar omitindo a participação do governo federal nas ações resultantes de financiamentos obtidos junto aos bancos públicos só se justifica pela intenção de buscar resultados eleitorais exclusivamente para si", escreveu o ministro. "Estes defendem a equivocada tese de que quem recebe financiamentos pratica ações de governo e que quem os concede, não".
Depois das declarações de Marun, sete dos nove governadores do Nordeste enviaram carta aberta ao presidente Michel Temer protestando contra a fala do ministro. No documento, os governadores prometem acionar política e judicialmente os agentes públicos envolvidos, caso a "ameaça" de Marun se confirme.
Para o representante da Fonacate, não há dúvidas que o comportamento do ministro fere a lei e os princípios da Administração Pública. "Ele deixou claro e reiterou. Ele agora que se explique à Comissão", disse o presidente da entidade.
A Comissão ainda vai avaliar o caso, mas costuma aplicar como sanções medidas como advertência e até sugestão de uma eventual exoneração. "O que esperamos é primeiro que não se efetive o que o governo se propôs a fazer. Depois acreditamos que a comissão pode aconselhar o presidente a tomar alguma medida", afirmou Marques.
Histórico
A Fonacate foi uma das entidades que entrou no ano passado com uma representação contra o secretário da Previdência, Marcelo Caetano, para que ele se afastasse do conselho de administração da Brasilprev, empresa de previdência ligada ao BB Seguridade. O pedido foi acatado pelo colegiado, que entendeu a solução como "preventiva" já que não foi constatado transgressões éticas por parte do secretário pela Comissão.
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