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A lei que não se revoga – 2
Creso Peixoto
09/12/2017 | 07:00
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Pontes e viadutos garantem viagens mais rápidas. À medida em que o volume de tráfego aumenta, construí-los é a resposta ao agigantamento urbano. São Paulo não foge à regra.

Suas estruturas têm por lajes, vigas e pilares. Devem ser constantemente fiscalizados e mantidos, evita desabamentos. Como os recursos públicos são como calças pula-brejo, curtos, dependem de impostos e taxas, precisa priorizar, pensando em segurança de usuários ou de moradores próximos. 

Suas estruturas são, geralmente, de concreto de cimento Portland, o popular concreto armado. Ferros aparecendo já são problema. Se aparentes no meio das vigas de suporte, vistos por quem passa por baixo, indicam maior gravidade. Se os ferros estiverem rompidos, reparo urgente, com possível fechamento da passagem veicular. Para fiscalização mais eficiente, de acordo com premissas internacionais e tecnologia de ponta, há proposta de se melhorar a norma brasileira, a NBR 9452/86, para fiscalizar pontes e viadutos.

A principal causa da exposição de ferros é um tipo de acidente recorrente. Colisão de veículos altos. Podem gerar até falência estrutural. Cidadãos que vejam viadutos assim devem alertar responsáveis. E, caso algum engenheiro perguntar se é em longarina, saiba que este é o nome técnico dessas vigas. Serviço de utilidade pública não faz mal, mesmo em colunas sobre temas diversos, não?

Há instrumentos legais para evitar colisões. O artigo 99 do (Código de Trânsito Brasileiro) combinado com o artigo 1º da Resolução 210/06 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito): altura máxima 4,4 metros. Mas os mais altos podem trafegar, desde que tenham a (Autorização Especial de Trânsito). Ao leigo, fica a dúvida: então, com autorização, beleza? 

Na realidade deve-se pressupor melhor treinamento de motoristas para evitar locais de risco e planejamento de rota. Já pelo Manual de Projeto Geométrico de Rodovias, o vão livre, altura máxima que um caminhão pode ter para passar por baixo de viaduto (lembra da longarina?) é 5,5 metros para as rodovias principais e 4,5 metros para as de classes inferiores. Portanto, deveria ter sempre folga mínima de altura, entre 10 centímetros a um metro.

Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) defende a necessidade de se estabelecer política permanente e nacional para manutenção da infraestrutura. Em São Paulo, valeria para 240 pontes e viadutos.

Eu oriento alunos da FEI e de outras escolas para estudos de problemas em transportes. A incidência de danos em longarinas foi estudada em 2016 pelos engenheirandos Alípio de Jesus Junior e mais seis colegas da Fesp (Faculdade de Engenharia São Paulo). Anotaram danos visíveis em viadutos paulistanos. 

A altura livre da sinalização das estruturas observadas indicava entre 4 metros e 6 metros. Dos 34 eventos de dano observados, 79% ocorriam em vãos livres de 4,5 metros a 5 metros, caracterizando problema quanto a veículos com a AET. Que tal campanhas de fiscalização contínua para esses veículos?

Em 19 de novembro um caminhão com altura de 4,46 metros, segundo peritos, colide com viaduto ferroviário, na Avenida do Estado. Placa de concreto cai sobre carro. O viaduto tem sinalização de vão livre 4,3 metros. Morre Juíza no carro. 

Comparando-se fotos posteriores e anteriores ao evento, há interessante fato. Há aparente estrutura de suporte de dutos à frente da estrutura original do viaduto. O impacto a teria desmantelado. Pode ter colaborado no agravamento do acidente.

Pouco antes de viadutos deveriam instalar mais vigas-sacrifício, com sensores de presença. Veículos com excesso de altura são alertados e, quando muito, colidem com estas, evitando a pior colisão. Você já as viu até em entrada de shoppings, mesmo sem saber. Generalizá-las tende a reduzir acidentes e severidade. Não bastam apenas leis e normas para evitar quedas de viadutos e suas partes.

Gravidade, a lei que não se revoga.




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