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Legislativo de Mauá recua e decide pagar 13º só em 2021

Um dia depois de acelerar aprovação de benefício, presidente da Casa atende alerta do TCE sobre princípio da anterioridade

Júnior Carvalho
do Diário do Grande ABC
09/12/2017 | 07:00
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Denis Maciel 27/9/17


Um dia depois de aprovar, em votações aceleradas, a implementação do 13º salário e um terço de férias a vereadores já para este ano, ao prefeito e à vice-prefeita, a Câmara de Mauá recuou e admite que pagará o benefício somente a partir de 2021, quando inicia a próxima legislatura.

Ao Diário, o presidente da Casa, Admir Jacomussi (PRP), reconheceu que atenderá ao alerta feito pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) publicamente aos Legislativos, advertindo para o princípio constitucional da anterioridade. Isto é, a Corte ponderou que quaisquer ganhos extras para os salários dos parlamentares devem ser aplicados somente a partir da legislatura seguinte, sob a pena de o agente político ver suas contas serem rejeitadas.

Oficialmente, Admir afirmou que conversará com os vereadores para “decidir o que fazer”, uma vez que o projeto já foi aprovado em definitivo, em sessões extraordinárias realizadas na quarta e na quinta-feira. “O projeto já foi aprovado, mas ainda não foi sancionado e não está valendo. Diante desse comunicado do Tribunal de Contas, vou conversar com o conjunto de vereadores para encontrarmos juntos uma solução”, disse o mandatário.

O Diário apurou, entretanto, que a tendência é que o prefeito Atila Jacomussi (PSB) vete por completo a medida. Ventilava-se pelos corredores da Casa que o prefeito já havia comunicado internamente que se esquivaria de desgaste com o tema e que barraria parcialmente o projeto, vetando o artigo que estende os benefícios a ele próprio e à sua vice, Alaíde Damo (PMDB).

Caso os vereadores insistam no recebimento imediato dos valores – e derrubem o veto –, a tendência é que Admir não cumpra a própria lei e não realize os pagamentos. Além do presidente, o projeto foi assinado por Betinho da Dragões (PR), Irmão Ozelito (SD), Adelto Cachorrão (PTdoB) e Severino do MSTU (Pros).

O dirigente do Legislativo mauaense ponderou, porém, que “os vereadores já estão compreendendo” a necessidade de cumprir com o alerta do TCE, já que também correm o risco de serem penalizados com a devolução dos valores. Por outro lado, o assunto não parece ser unânime. Antes mesmo de a Casa aprovar as indenizações, havia vereador defendendo que os benefícios fossem aplicados de forma retroativa a fevereiro, data na qual o STF (Supremo Tribunal Federal) classificou o tema como constitucional.

O movimento pela aplicação do 13º e férias aos agentes políticos pautou as Câmaras da região nesta semana, depois de os vereadores de Ribeirão Pires e de Rio Grande da Serra aprovarem os benefícios a eles próprios. Em São Caetano, os parlamentares já haviam decidido que só aplicariam as benesses a partir da próxima legislatura.

Na Câmara de Diadema, o tema também foi defendido internamente mesmo três meses depois de os parlamentares aprovarem aumento nos seus próprios salários, que saltaram de R$ 10.192,10 para R$ 10.441,80.

Se os benefícios fossem pagos de imediato pelas sete cidades, o impacto seria de aproximadamente R$ 15 milhões nos cofres públicos.


Rio Grande afirma que vai aguardar posição do tribunal

Humberto Domiciano<br>do Diário do Grande ABC

O presidente da Câmara de Rio Grande da Serra, João Mineiro (PSDB), afirmou que pretende aguardar a análise das contas por parte do TCE (Tribunal de Contas do Estado), relativa à concessão do 13º salário para os vereadores no atual mandato. “Sempre trabalhamos dentro do que o tribunal determina. Não quero problemas para meu mandato. Veremos o que vão decidir no ano que vem”, comentou.

O Legislativo de Rio Grande aprovou na semana passada o pagamento do benefício e, na visão de Mineiro, o departamento jurídico da Casa está amparado pela lei. “O pessoal estudou bastante diversos pareceres, inclusive do STF (Supremo Tribunal Federal), e por isso acredito estarmos dentro da norma”, pontuou o parlamentar.

Conforme o Diário mostrou ontem, os agentes públicos que aprovarem a concessão do salário extra para a atual legislatura correrão o risco de terem as contas rejeitadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). O órgão publicou recomendação para que as Casas de Leis apliquem o benefício para o próximo mandato, que começa em 2021.

Na visão de juristas, a instituição de mais um vencimento, assim como outros tipos de auxílios, precisaria observar o princípio da anterioridade, expresso na Constituição Federal.

Em Ribeirão Pires, a Câmara também aprovou o pagamento do 13º com efeito imediato. O presidente do Legislativo, o vereador Rubão Fernandes (PSD), foi procurado, mas não respondeu até o fechamento desta edição. 




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