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Paranapiacaba vira cenário de rali de carros antigos
James Capelli
Do Diário do Grande ABC
11/03/2001 | 18:28
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  As curvas da Estrada de Santos e da de Paranapiacaba foram cenário do Rally Paranapiacaba Railway, para carros antigos, que aconteceu nesse fim de semana. Uma viagem no tempo. Veículos do passado rumo à Vila centenária. Parecia que o tempo havia parado. Participaram da empreitada 41 automóveis com mais de 25 anos de idade. Marcas famosas, como Ferrari, Mustang, BMW, Alfa-Romeo, Jaguar, Lotus, MG, todos originais e em ótimo estado de conservação. Os olhos dos donos são quem cuidam.

“Mas carro, mesmo valioso, é para andar e não para ficar na garagem”, decretou Mário Andrade, a bordo de um Jaguar, tipo E, de 1966. Mário ainda estava representado por outra raridade de sua coleção: uma Ferrari, 1974, com seu filho Pedro ao volante.

Foram 100 km de viagem pelo tempo, para o passado da vila ferroviária, passando pela rodovia dos Imigrantes, pela Interligação, via Anchieta, a lendária Estrada Velha de Santos e a chegada, pela SP-122 (via Deputado Adib Chammas), a Paranapiacaba, onde os pilotos enfrentaram mais 5 km de terra.

O ritual do rali foi mantido: os carros, com piloto e navegador, saíam com hora marcada, um por minuto, permitindo que cada um brilhasse sozinho a seu tempo. Os vovôs de quatro rodas provaram que estão em ótima forma. Nenhum deles quebrou durante a competição.

O Clube MG, que reúne colecionadores dos carros ingleses da marca MG e de carros esportivos de qualquer marca, foi quem organizou o rali. O presidente do clube, Sérgio Massa, disse que, apesar de ser um rali, não se tratava de uma competição em trilhas, com lama e buracos. “O que conta é passar por vários trechos demarcados, nos horários definidos.” Esse rali deve se repetir em várias cidades do Estado de São Paulo, inclusive no autódromo de Interlagos. “Esse é o 34º rali que organizamos”, disse Eduardo Lambiasi, um dos diretores do clube.

Mas o espírito não era o de competição. Várias duplas de piloto e navegador eram formadas por pai e filho ou marido e mulher, dando um clima familiar e de passeio ao evento. O advogado Luis César Ramos Pereira, em seu conversível MG Midget, de 1968, estava com o filho adolescente Fábio, como navegador. “O passeio é divertido. Eu entro para participar sem me preocupar com a colocação”, disse. O advogado usava um chapéu de caçada inglês e parecia mais preparado para um safári do que para o rali. “Meu carro é inglês e vamos para uma vila inglesa, eu estou no clima certo.”

Entre a saída do primeiro carro e a chegada do último, em Paranapiacaba, foram cerca de três horas de viagem. Os moradores da Vila, assim como o tempo, pararam para ver os belos modelos que estacionavam perto da pracinha central. Gilmar Batista da Silva, que trabalha em um bar em frente à linha de chegada, disse que nunca viu carros como aqueles. “São todos lindos. Eu corri em casa e chamei meus filhos para ver também. O caçula de 10 anos adora automóveis e ficou encantado”, contou.

Henning Sandtfoss e o navegador Pierri Rossetti, com um Porshe 1964, consideraram o clima inglês da vila muito interessante para marcar a chegada do rali. “O lugar é bonito e elegante, como os carros”, disse Pierre.

Depois do passeio, os amantes de carros antigos participaram de um lanche no Museu Ferroviário de Paranapiacaba e fizeram um passeio, com um guia, pela parte antiga da Vila. A organização, depois de duas horas analisando as planilhas, declarou vencedor um casal, o engenheiro João Roberto Silva e a arquiteta Helena Hyoub Silva, marido e mulher que participaram com um Alfa Romeo 74. “Eu tenho três Alfas, e o mais especial é esse que usamos hoje. É um modelo raro, uma versão norte-americana. Não tem valor. E mesmo que tivesse eu não venderia”, disse João.

O rali de carros antigos terminou no mesmo clima amistoso e familiar do começo da prova, com os competidores e familiares se despedindo calorosamente e recomendando cuidado na viagem de volta. Afinal, já eram 16h30 e os vovôs de quatro rodas teriam que enfrentar a neblina que tinha baixado.




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