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Economizar combustível pode sair mais caro

Gasolina, etanol e diesel adulterados podem causar graves danos ao motor do veículo; saiba quais

Oscar Brandtneris
Especial para o Diário
05/03/2015 | 19:50
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Ricardo Trida/DGABC


 Além de não ser barato manter um carro, ainda devemos nos preocupar com a qualidade do combustível que usamos para fazer a nossa caranga trabalhar. Segundo dados fornecidos no site da ANP (Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis), em Santo André, por exemplo, o preço médio da gasolina é de R$ 3,127, enquanto o etanol custa em torno de R$ 2,094. Preços muito abaixo destes valores podem não ser um presente, mas, sim, uma dor de cabeça – e no bolso.

A adulteração na gasolina geralmente é feita com o excesso na mistura de álcool. A porcentagem permitida pela ANP é de 25% (percentual que subirá para 27% a partir do dia 16), mas alguns postos abusam e ultrapassam a faixa estipulada pelo órgão para baratear o combustível, faturando mais na venda.

Já no caso do etanol, há a possibilidade de uma mistura com água. E até solvente de tinta pode ser misturado! Mais comum nos casos de adulteração do diesel.

Evidentemente, tal modificação ocasiona danos graves na mecânica dos veículos, fazendo com que o motor trabalhe com dificuldade, perca potência, desempenho e, consequentemente, quebre.

“Tais produtos dificultam a partida do motor e acarretam falha na resposta do acelerador, além de atacarem os elastômeros (borrachas) das mangueiras, plásticos e membranas, causando corrosão dos componentes das linhas de alimentação de combustível e criando camadas que impedem sua passagem”, afirma o engenheiro mecânico e conselheiro da SAE Brasil, Francisco Satkunas.

A falha do motor é o sinal mais evidente de que algo está errado, e em casos de veículos mais antigos que trabalham com carburador, o problema pode ser percebido com ainda mais facilidade, uma vez que o propulsor pode, simplesmente, parar de funcionar. Estouros no escapamento também são alertas. Bicos injetores e velas também podem ser danificados.

Antes, as tecnologias mais ultrapassadas não eram capazes de detectar um possível erro e corrigi-lo para que o veículo continuasse funcionando, mesmo com dificuldades. “Com o crescimento da frota de veículos com injeção e ignição eletrônica, a mistura de qualquer coisa que queimasse e fosse mais barata na gasolina começou a se tornar uma prática mais frequente”, disse Satkunas.

Aliás, “em carros com injeção eletrônica, os problemas podem ser maiores, uma vez que o sistema tentará se autoajustar para compensar a adulteração causando maior consumo. Nesses casos, um alerta é dado pelo acendimento da luz de advertência da injeção (no quadro de instrumentos”, explica Antonio Cesar Costa, da Oficina Brasil.

DIREITOS DO CONSUMIDOR
Se o condutor perceber alguma falha e suspeitar do desempenho do carro, o ideal é ir até uma oficina mecânica especializada e realizar laudo que comprove, de fato, danos causados por conta de adulteração. Assim, é possível fazer reclamação formal no Procon. Vale lembrar que é importante pedir a nota fiscal na hora de abastecer para garantir que o combustível de má qualidade veio dali.

MANUTENÇÃO
E cabe salientar que os danos causados por combustíveis adulterados são mais comuns do que se pensa. Entretanto, por mais que a dor de cabeça possa ser grande, “nem sempre é necessária a troca de peças”, é o que explica o gerente da Brasicar Serviços Automotivos, Adriano Ramos.

“Existem casos em que é possível realizar apenas a limpeza do bico injetor, por exemplo, descartando a troca da peça. Só é possível um parâmetro quando analisamos pessoalmente cada carro”, disse Ramos. Exatamente por isso, nenhuma das oficinas consultadas mencionou os preços dos serviços.

Hoje, existem equipamentos capazes de verificar quais componentes estão comprometidos e se, de fato, o combustível é o vilão da história.




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