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Arte
Formas e cores de Tarsila do Amaral, maior figura do modernismo brasileiro

Depois de quase 100 anos, artista paulista se mantém no imaginário nacional e mundial

Por Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
21/07/2019 | 07:26
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Divulgação


O mundo colorido de Tarsila do Amaral (1886-1973) foi essencial na busca por nova cultura visual para o Brasil no início do século XX. Cenários sobre o País faziam parte da produção da época, mas tudo feito de acordo com questões consideradas clássicas e muito sérias. Seus trabalhos que retratavam o cotidiano brasileiro do passado ainda são estudados nas salas de aula. Quase 100 anos depois, ela ainda é a mais famosa artista plástica brasileira.

Basta pesquisa sobre seu nome para que sites e publicações revelem a importância do trabalho da pintora paulista. Uma das principais ações foi a participação na chamada Semana de Arte Moderna, ocorrida em fevereiro de 1922 e que apresentou ideias artísticas sobre uma produção mais brasileira. Tarsila observava as transformações ao seu redor e tentou colocar essas informações misturadas nas telas, a exemplos de linhas de trem em paisagem calma, pontes novas e modernas juntas e torres de ferro em meio a festas populares. 

As inventividades sobre um país que ainda não existe com formas um tanto diferentes, com a ajuda de muitas cores, talvez sejam o principal chamariz para crianças e jovens conhecer a modernista. É explorando esse universo que está sendo produzida a animação Tarsilinha, no qual a pequena personagem viaja pelos cenários dos quadros e encontra algumas figuras desenhadas. A estreia nos cinemas é programada para o ano que vem.

Ela estudou na Europa e teve contato com grandes escolas artísticas, casos de cubismo (recheado de formas geométricas) e expressionismo (com foco nos sentimentos do mundo interior do realizador). O grande diferencial é que ela parecia buscar a experiência das formas simples em união com cada objeto. Detalhes em cenas e rostos no meio de grandes montagens mostram esse talento. 

Sua obra mais conhecida é Abaporu (1928), pintura a óleo que faz parte do acervo do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, na Argentina, e que esteve no Brasil pela última vez em 2016, no Rio de Janeiro. O nome é indígena e significa ‘homem que come carne humana’. Ele está mais próximo do público nacional como grande atração da exposição Tarsila Popular, em São Paulo, que se encerra neste mês e parece ter despertado mais uma vez os encantos sobre Tarsila.

Masp tem últimos dias de ampla exposição

A importância do trabalho e da existência de Tarsila do Amaral voltou a entrar em discussão com a exposição Tarsila Popular. Aberto em abril, o evento tem lotado o Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), na Capital, e entra em sua reta final neste mês, com as visitações sendo encerradas dia 28.

Essa é considerada a mais ampla mostra dedica à artista já realizada. Cerca de 120 obras, entre desenhos e pinturas, estão espalhadas pelos corredores do local. A ideia foi reunir trabalhos que conseguissem mostrar o diálogo de Tarsila com o universo popular brasileiro, revelando suas versões da natureza, do Carnaval, feiras e de lendas indígenas. Entre os destaques estão Antropofagia, A Cuca, Trabalhadores e Morro da Favela (veja na arte acima). Um dos trabalhos mais conhecidos, Operários (1933) deixou o acervo para ser exposto de maneira especial em Campos do Jordão, no Interior de São Paulo. Caso o público viaje para a cidade, conhecido destino durante o inverno, procurar pela obra pode fazer parte do itinerário.

O museu (Avenida Paulista, 1.578. Tel.: 3149-5959) fica aberto de terça-feira a domingo, geralmente das 10h às 21h. Os ingressos para Tarsila Popular custam entre R$ 20 (meia) e R$ 40 – venda na bilheteria ou antecipada pelo site www.masp.org.br –, com entrada gratuita para o público em geral às terças e sempre para crianças menores de 11 anos. As filas para a exposição estão grandes, mas vale a pena tentar ver de perto o talento da homenageada.

Tarsilinha cuida do legado da tia-avó famosa

O legado da artista plástica é cuidado por sua sobrinha-neta, Tarsila do Amaral (conhecida como Tarsilinha). Ela trabalha para manter a parente no topo da lembrança de pessoas em todo o mundo.

Quais são os desafios do trabalho como administradora do patrimônio de sua tia-avó?

Depois do sucesso das exposições nos Estados Unidos e, agora, no Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), meu maior desafio será manter a Tarsila no topo, como um dos maiores nomes da arte brasileira e mundial.

Como se sente por carregar o mesmo nome da parente famosa?

É uma grande honra ser parente dela. E ainda ter o mesmo nome. Mas também é grande responsabilidade, porque sou eu que cuido do seu legado nos dias de hoje.

Como você vê a importância de livros infantis temáticos sobre Tarsila para o público mais novo?

Estamos formando uma nova geração que adora a Tarsila e tem ótimo conhecimento das suas obras. Este público é que vai seguir a Tarsila em futuras exposições, comprar livros sobre, ver filmes e documentários com o nome dela.

De que forma o trabalho da artista é capaz de influenciar as crianças?

No caso da Tarsila, acredito que as cores e os temas bem brasileiros são fatores da identidade com as crianças. A obra dela é de fácil entendimento e isso também ajuda.

Consultoria de Carlos Eduardo Riccioppo, doutor e mestre em História, Crítica e Teoria da Arte pelo Departamento de Artes Plásticas da USP (Universidade de São Paulo).  




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