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Bairro Mauá tem modelo retrô

Moradora de São Caetano, Cinthia Isabel Alves impressiona pela semelhança com a dançarina burlesca norte-americana Dita Von Teese

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
06/09/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A pin up e dançarina americana Dita Von Teese trouxe de volta a magia dos espetáculos burlescos em suas apresentações, com figurinos luxuosos e sensualidade, na década de 1990. Para quem conhece a modelo, fica difícil não notar a semelhança com Cinthia Isabel Alves, 29 anos, moradora do bairro Mauá, em São Caetano.

Também conhecida como Aurora D’Vine, ela se apresenta como sósia de Dita há cinco anos. “Eu a conheci em 2005, quando vi um documentário sobre as mulheres do Marylin Manson, e a Dita foi uma delas. Busquei informações sobre ela na internet e acabei me interessando no burlesco, que é o striptease inspirado nos cabarés do século 19. Comecei a me apaixonar, me aprofundar mais no tema e a me caracterizar como a Dita.”

A semelhança entre as duas vai além dos traços físicos e da caracterização das roupas e do cabelo. A mesma pinta que Dita tem tatuada no lado esquerdo do rosto, Cinthia também tatuou. “A nossa maior diferença são as tatuagens: ela só tem a pinta no rosto e eu tenho várias. Antes fazia a marca com maquiagem, mas, às vezes, no fim do evento ficava borrada. Para não ter esse trabalho, tatuei também.”

Outra característica parecida entre as duas é a cintura. Cinthia tem 60 centímetros de circunferência, enquanto Dita tem 58. Para ficar com essa medida, Cinthia faz uso de corset para afinar a cintura. “É um corset que tem barbatanas mais resistentes para promover esse aperto. Não é uma técnica muito recomendada pelos médicos porque as costelas vão se moldando e tudo lá dentro é apertado também. Não exagero, mas já perdi cerca de 10 centímetros desde o início. Passo cerca de 4 horas por dia com a peça, aliada aos exercícios físicos. A gente tem mais ou menos a mesma altura, calçamos o mesmo número, mas sou um pouco mais cheinha que ela.”

Porém, não é só Dita Von Teese que inspira Cinthia. Recentemente ela fez uma apresentação vestida de Carmem Miranda para a Academia da Força Aérea de Pirassununga. A moradora de São Caetano investiu cerca de R$ 400 no figurino. “Gosto dessa coisa mais brasileira. A Dita é norte-americana e uma mulher fantástica, mas a Carmem é fascinante. O figurino da cabeça aos pés é um investimento. Nem todo os eventos que participo ganho um cachê a altura para custear as peças, mas faço porque amo de verdade e vai além da questão financeira.”

O estilo de Cinthia também é marcante, já que no dia a dia ela também desfila com roupas vintage. “Minha família começou a se acostumar com esse meu estilo diferente. Eles acham muito bacana e me apoiam. No começo foi uma coisa meio estranha, mas eles entraram na brincadeira de que em pleno século 21 ainda existe uma mulher que se caracterize como na década de 1940.”

Empreiteiro está na função há 36 anos

No Cemitério das Lágrimas, no mesmo bairro, seu Pita é um dos empreiteiros mais procurados. Benedito Oliveira, 67 anos, natural de Minas Gerais, trabalha entre os túmulos de tradicionais famílias de São Caetano há 36 anos e mora no município há 58.

“Saí da minha cidade com 12 anos e vim para cá porque tinha parentes morando aqui. Atualmente minha casa fica em Diadema, mas minha vida é em São Caetano.”

Apesar de sempre ter trabalhado como pedreiro, seu Pita aceitou o emprego por insistência de um amigo. “Ele trabalhava de empreiteiro no cemitério e não dava conta, vivia me chamando para o serviço. Não aceitava porque não queria ficar trabalhando perto dos mortos. Um dia a mãe dele, que mora no Interior, adoeceu e me vi obrigado a ficar aqui enquanto ele cuidava dela.”

Depois, seu Pita chegou a voltar para o trabalho anterior, mas como foi procurado novamente pelo amigo alguns meses depois, foi vencido pela insistência. “Ele me pediu para ficar e eu disse: ‘de jeito nenhum!’ Ele foi na minha casa e convenceu minha mulher a fazer minha cabeça. Fiquei com dó e vim. Permaneci por dez dias e voltei para a obra, mas ele aumentou o valor da oferta e então fiquei por aqui de vez.”

Apesar do salário maior, ele não era responsável só pela construção das sepulturas. “A gente praticamente tomava conta do espaço época. Eu era coveiro, fazia exumação, olhava as fichas e marcava os enterros. Com as mudanças de administração, começaram a terceirizar todos esses serviços. Hoje construímos e fazemos a limpeza.”

Apesar de tantos anos na mesma função, passando o dia inteiro dentro do cemitério, seu Pita ainda fica atento aos barulhos. “Uma vez cheguei aqui às 5h30 e estava quebrando o chão para fazer uma sepultura quando comecei a ouvir um gemido. Olhei para o lado e não tinha ninguém. Sai correndo, encontrei meu irmão na porta do cemitério e falei que tinha alguma coisa errada. Cheguei perto e vi que era um cachorro que estava na moita. Vê se pode! Velho de cemitério e com medo.”

Ele já perdeu as contas de quantas vezes bateu no mesmo chão para erguer outra sepultura. “A vida para mim foi difícil, mas venci. Dá orgulho de ver o que ajudei a construir.”

Vendedor de flores cuida de gatos de rua

Na mesma calçada do Cemitério da Saudade, no bairro Mauá, não é difícil ver gatos passeando e até brincando com os funcionários. O dono dos bichanos é Gumercindo Inácio de Lima, 86 anos, que trabalha em uma banca de flores há 13 anos.

Nascido e criado em São José de Piranhas, na Paraíba, ele foi um dos muitos nordestinos a vir para São Paulo em busca de oportunidade. “Cheguei aqui em 1952. Primeiramente fui para o Interior trabalhar na roça, mas como não dava muito dinheiro, vim para a cidade e comecei a atuar como operário. Quando me mudei para São Caetano, trabalhei no serviço de manutenção da Prefeitura.”

Aposentado no ano de 1993, ele não conseguia se adaptar a rotina em casa e decidiu ajudar a filha na venda de flores. “A banca é dela, mas ela nem vem aqui, eu mesmo cuido de tudo. Trabalho todos os dias das 6h até as 18h, de domingo à domingo, inclusive em todos os feriados.”

Para fazer companhia, seu Gumercindo tem três gatos: Julinha, Chiquinho e Xuxa. Porém, já chegou a ter mais de seis animais. “Eles foram morrendo um a um, e só sobraram os três. São meu orgulho, minha alegria, me fazem companhia o tempo todo. Lembro até hoje o dia que a Xuxa chegou aqui, há 11 anos. Jogaram ela e os três irmãos, mas não consegui ficar com todos e doei”, disse.

Chiquinho gosta de ficar em cima do carro de seu Gumercindo observando o movimento da rua. “A única mansa é a Julinha, que é muito amiga do pessoal do cemitério. Já os outros são muito ciumentos, não podem ver gente estranha”, explicou.

O amor pelos gatos é tanto que o vendedor confessa que a rotina de trabalho também é motivada por eles. “Quando vou ao médico, fico pensando neles. Quando acordo, a primeira coisa que lembro é da ração. Os três são a minha companhia atualmente.”

Os gatos ficam dentro da banca, tomando conta do local enquanto seu Gumercindo não chega ao trabalho.




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