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Ficção, por que não?
Por Rodolfo de Souza
07/02/2019 | 07:00
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Assistindo aos noticiários e a alguns canais alternativos, cheguei à conclusão de que talvez fosse mais prudente com a minha saúde buscar a ficção, deixando de lado a realidade que nos cerca. Seja com o livro em punho ou na produção deste, viver uma deliciosa aventura pode ser um antídoto contra a violência que nos engole dia a dia. Mundos paralelos onde tudo pode acontecer e, dos quais, podemos fugir num estalar de dedos, diante da ameaça iminente, parece uma ótima alternativa para se acalmar os nervos que ultimamente andam à flor da pele.

O ser humano, protagonista absoluto de tudo o que existe de mais sórdido neste planeta, e, por conseguinte, fonte de inspiração para tantas séries de TV, vem extrapolando nos seus anseios de aniquilamento do próximo e da natureza. Busca, inclusive, o aprimoramento de técnicas de truculência e intimidação para levar a cabo seus ideais de conquista, de importância um tanto duvidosa, diga-se de passagem. Parece mesmo que convivemos numa enorme comunidade de inimigos, sempre propensos a sacar a arma contra o vizinho. Convém até deixar de lado os exemplos noticiados todos os dias, como forma de não tornar de mau gosto o texto, e afugentar o amigo leitor para a página de esportes. Mas que é preciso admitir que é esse o cenário montado no palco de nossas vidas, lá isso é.

A necessidade de subjugar o próximo para dele extorquir o quase nada que consegue suando a camisa, faz com que os exércitos de facínoras briguem entre si, e arranquem os olhos uns dos outros na ânsia de tomar o poder que, uma vez conquistado, dá origem à vaidade e à ostentação que se apoderam do ser, tornando seu apetite ainda mais voraz.

E pensar sobre esse mundo nefasto tira o sono, causa crises de ansiedade, depressão, síndrome disso e daquilo, e faz engordar a conta bancária de psicólogos e psiquiatras, além de fazer prosperar laboratórios e drogarias, que... empregam. De fato, não havia pensado nisso! Eles empregam! Nem tudo está perdido, afinal.

Um fiapo de otimismo paira, apesar de tudo, principalmente quando me deparo com cenas que fogem ao entendimento por apresentar situações de extrema sensibilidade, envolvendo o ser humano e suas neuroses. O terreno das artes é um exemplo de oásis em que esse fenômeno se manifesta com alguma frequência. Fora dele...

Apesar de que, dia desses, vi contrariado meu julgamento acerca dessa gente. Viajando por uma rodovia do meu rico São Paulo, cuja soberba frota de veículos voltava do feriado, me deparei com algo um tanto comum nestas paragens, que é o famigerado engarrafamento. Nada a fazer, nenhum lugar para onde correr, salgadinhos para todos e, eis que finalmente começa a fluir o trânsito. Lindo! Só que voltou a parar. Mas lá na frente era possível ver o asfalto! O que está havendo? – a pergunta ecoava.

Um cão, esbanjando alegria, era o motivo da nova parada no tráfego. Ele estava na esquerda, junto ao muro de concreto, sem saber que poderia ser feito em pedaços a qualquer momento. Mas os carros pararam por iniciativa de alguém que ligou o alerta, chamou a atenção de outros, sinalizou freneticamente até conseguir parar a estrada e permitir que uma pessoa viesse do acostamento e conduzisse o animal à segurança.

Fiquei tocado com o gesto, mesmo considerando o amor das pessoas pelos bichos. Procurei, inclusive, evitar a indagação que atentava contra o meu bom-senso: teria, o motorista, tomado a mesma atitude caso se tratasse de uma pessoa? 




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