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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Caminhoneiros repetem erro histórico
Por Do Diário do Grande ABC
09/06/2018 | 10:45
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Artigo

No passado recente do Brasil, vimos como é prejudicial a relação entre políticos e empresários, principalmente no que tange serviços públicos e comerciais. Desta forma, apesar de legítimo, o movimento dos caminhoneiros comete grande erro ao reivindicar tabela de valores mínimos de frete. A medida, divulgada pelo governo federal no último dia 30, define preços mínimos em caráter obrigatório. Com isso, foi dada liberdade para o fatiamento do mercado entre grandes transportadoras, o que levará a exclusão dos autônomos, cobrança de preços abusivos e corrupção generalizada, algo que já acontece no transporte de passageiros.

Para exemplificar, vejamos: se o preço do frete for igual, quais as chances de o autônomo competir? Grande empresa tem vendedores profissionais, cobertura mais ampla, frequências regulares e condições de pagamento mais favoráveis. O autônomo oferece apenas seu trabalho. Os caminhoneiros independentes serão proibidos de criar preços menores para concorrer e serão forçados a abandonar a profissão, ou pior, serão agregados dessas empresas, trabalhando mais e ganhando menos.

Pouco a pouco, a participação de mercado das corporações crescerá. Nos bastidores, grandes empresários combinarão entre si o fatiamento do serviço de transporte. Quatro ou cinco famílias farão lobby por preços mínimos cada vez maiores. As portas para a corrupção estarão abertas. Por fim, os clientes vão arcar com valores de frete abusivos, que serão repassados aos custos de todos os produtos distribuídos via transporte rodoviário, enquanto grandes empresários lucram alto. Tais previsões podem parecer obscuras, mas foi o que aconteceu com o transporte de passageiros. Nas rodoviárias do País quase não se vê pequenas empresas, apenas grandes corporações e preços abusivos.

É importante ressaltar as dificuldades vividas pelos caminhoneiros e a coragem em se rebelar. Contudo, os últimos anos não foram fáceis para nenhuma categoria. Assolados pela crise, pequenos empresários de todos os setores trabalham no vermelho. Além disso, são 13 milhões de desempregados de diversas profissões. Se todos os setores pressionarem por tabelas de preços mínimos teremos o retorno do plano cruzado e da inflação. A alternativa seria associação de caminhoneiros autônomos, que buscasse melhores condições à categoria, porém, mantendo livre a prática de preços individuais.

Tabelar frete é o caminho para o clientelismo, para a corrupção e para a formação de cartel entre as grandes empresas. O Brasil já cometeu esse erro e não seria inteligente insistir nele.

Marcelo Abritta é engenheiro aeronáutico pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e cofundador e CEO da empresa Buser.

Palavra do leitor

Há esperança
Sei que o brasileiro é povo bom, mas que, infelizmente, é um dos mais individualistas do mundo. Quando a pimenta começa arder no olho do outro, da uma de bobo ou se finge de cego, como se a situação não fosse com ele. Ninguém sabe até quando as pessoas que dependem dos meios de transporte movidos a combustíveis irão suportar esses aumentos constantes no preço da gasolina, isso sem contar com o gás de cozinha. Então, não precisa ser nenhum adivinho ou vidente para saber que, conforme aquele antigo ditado popular, ‘quando a água começa a bater nas partes íntimas é que o sujeito apreende a nadar. Portanto, o que ocorreu com os caminhoneiros irá com certeza atingir a maior parte da população. É aí que as peças começam a se encaixar e não serão ‘remédios homeopáticos’ – que os governantes irão receitar ao povo –, que irão amenizar a situação, porque a enfermidade está se tornando crônica e terminal. E quem de direito deveria cuidar da população, infelizmente está contaminando pelo vírus da corrupção. Pobre Brasil! Mas enquanto houver vida, há esperança.
Sérgio Antônio Ambrósio
Mauá

Cala-te boca?
Ao rejeitar quebra de sigilo de Temer (Política, ontem), o ministro Fachin agiu de forma muito sensata, até porque há grande ‘risco’ de se encontrar aquilo que a Polícia Federal tanto procura e, nessa altura do já tumultuado fim do governo Temer, só iria piorar a nossa já caótica situação institucional como um todo. Melhor abafar por enquanto, como se usa dizer!
José Marques
Capital

Celebridades
Não importa o tamanho da cidade, todos os bairros são muito semelhantes. As pessoas se conhecem profundamente, principalmente os moradores antigos, amigos e inimigos de longa data. Bairros, vilas, comunidades, cortiços, não importa a definição, todos são formados de gente humilde, trabalhadora e solidária, com simpáticas figuras folclóricas. Toda vila possui seus heróis e vilões. Também, existem pessoas que se acham superimportantes e formadoras de moda e opinião. Lá na querida Vila Xurupita, temos muitas, celebridades (pão com ovo). O lugar é carente e dependente, mas jamais falta pose! As celebridades desfilam pela vila dia e noite. São reis e rainhas do pedaço. A nobreza vai a todos os lugares da vila, está sempre próxima dos fiéis admiradores. As conversas abrangem os mais diversos assuntos, desde futebol à astronomia. Só não fica aculturado quem não quer! Após exaustivo debate, a conversa termina e todos os ouvintes retornam a suas casas, pelas vielas ‘escuras’ da ‘cruel’ realidade. Amanhã será tudo igual e banal!
José Machado
São Bernardo

Voto de papel
Qual o interesse da nossa Suprema Corte em pôr o maior obstáculo para cumprir o que rege a Constituição Federal no tocante ao sigilo, garantia e respeito aos votos eleitorais? É sabido que com as ‘arapucas eletrônicas’ não temos garantia de que o voto vá para quem o eleitor tenha realmente votado. Mas o Supremo insiste com elas, ignorando a Constituição em benefício dos fraldadores eleitorais. E ainda lhes concede verba bilionária para a festa eleitoral! Para os candidatos corruptos tem verba ilegal à vontade! Mas para a impressão legal de votos não? O bom-senso e o respeito à Constituição mandam que volte o sistema antigo, com os votos escritos para impedir e nos garantir que ele foi para quem o eleitor escolheu e não para os fraldadores corruptos.
Benone Augusto de Paiva
Capital

Resposta
Em resposta à carta de leitor Caio Augusto de Carvalho (Dúvidas, ontem), a Câmara Municipal de Santo André esclarece que, em 2017, seus técnicos desenvolveram sistema próprio de processos legislativos. Por esse motivo, com os objetivos de modernização e economicidade que norteiam os atos da administração pública, foi necessário desmembrar o sistema eletrônico e iniciar o processo de contratação de software unicamente para gestão de legislação. Isso ocorreu em novembro e atrapalhou o mecanismo de busca. Em julho, será feito o pregão para tal contratação, considerando os prazos e mecanismos preconizados na Lei de Licitações, e em breve a consulta voltará ao normal.
Câmara Municipal de Santo André 




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