O presidente da Câmara de São Caetano, Sidnei Bezerra da Silva, o Sidão da Padaria (PSB), teve de manobrar para impedir que a oposição conseguisse encurtar o adiamento da votação do projeto que institui tribuna livre na Casa. Na sessão de terça-feira, ao perceber que os situacionistas estavam dispersos durante a apreciação da medida, o socialista chamou a atenção dos colegas para garantir que o texto fosse adiado por três sessões.

A intenção dos governistas era de prolongar a votação da proposta. Mas os oposicionistas pediram que o projeto fosse congelado por somente uma semana em vez de três. Sidão, então, colocou as duas possibilidades em votação.

Quando o socialista pôs o prazo mais curto em análise, parte dos governistas não se manifestou (a rejeição aos projetos só é caracterizada quando o parlamentar levanta o braço). Percebendo a possível derrota, Sidão exclamou: “Levantem a mão!”

A postura do chefe da Casa causou desconforto por parte do oposicionista Beto Vidoski (PSDB), que solicitou que a contagem dos votos fosse refeita. “Só pedi que a votação fosse nominal porque não ficou claro o processo de votação”, discorreu Vidoski.

De autoria do vereador Eder Xavier (PCdoB), a proposta permite que munícipes utilizem, durante as sessões, o microfone principal do plenário para registrar reclamações publicamente.

O Legislativo são-caetanense é o único do Grande ABC a não adotar o dispositivo. Considerada indigesta pelo governo, a mesma bandeira foi levantada por oposicionistas em outras legislaturas. O projeto só entrou na pauta porque Eder teria ameaçado ingressar na Justiça caso a medida fosse engavetada.

Questionado sobre os motivos do adiamento, Eder argumentou que “o texto deverá ser aprimorado”. “Queremos incluir dispositivos que tornem claro para o munícipe que ele responderá legalmente por qualquer eventual calúnia ou difamação que fizer aos vereadores”, justificou.