Política Titulo Editorial
Descaso histórico
Do Diário do Grande ABC
07/10/2015 | 08:21
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Aline Pietri/DGABC


Em sua edição de 29 de abril, este Diário publicava material especial sobre mais uma das inúmeras promessas da Prefeitura de São Bernardo de reativar o histórico estúdio cinematográfico Vera Cruz, fechado havia 61 anos, em 1954. A festa de reinauguração, marcada para aquela data e anunciada com pompa e circunstância no Guia da Cidade, havia sido cancelada por, segundo a sucinta explicação oficial, “problemas de agenda”. O jornal desconfiou da suspensão de última hora e alçou a dúvida ao título da reportagem principal: “Vai dar certo?”

Menos de seis meses depois, com a reabertura já realizada, revela-se a informação de que São Bernardo está proibida de utilizar a marca dos estúdios que a tornou internacionalmente famosa. Lembre-se que O Cangaceiro, filme do diretor Victor Lima Barreto (1906-1982) rodado no município, foi premiado duas vezes no Festival de Cannes (melhor película de aventura e trilha sonora), na França, onde permaneceu cinco anos em cartaz, e exibido em 80 países.

Consta que a Telem S.A. (Técnicas Eletromecânicas), que venceu licitação pública para explorar os estúdios por 30 anos, deixou de pagar no prazo combinado os direitos de utilização do nome conforme havia se comprometido com a administração do prefeito Luiz Marinho (PT). Descobre-se agora, porém, que a empresa que se comprometeu a investir R$ 158 milhões no complexo Vera Cruz não tem dinheiro para quitar a primeira parcela dos royalties pelo uso da marca, no valor de R$ 105 mil.

É pena que cidade tão rica quanto São Bernardo, cujo Orçamento está na casa dos R$ 5 bilhões anuais, não tenha valor, que pode ser considerado irrisório, para manter parte importante de sua história. Embora a dívida seja da Telem, o governo deveria ter acompanhado de perto a quitação do débito para que a memória do município não sofresse golpe de tamanha magnitude. Enquanto isso, por motivos que parecem puramente ideológicos, a Prefeitura torra R$ 18,8 milhões para erguer museu em homenagem a Lula, padrinho político de Marinho. Triste. 




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