Economia Titulo Tributação
Com alta do IOF, a
sugestão é diversificar

Especialistas orientam que se leve dinheiro em
espécie e cartão pré-pago para viagens ao Exterior

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
06/01/2014 | 07:09
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Divulgação


Com o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na compra de moeda estrangeira, de 0,38% para 6,38%, à exceção da divisa em espécie (papel) em território nacional, o consumidor deve se precaver e diversificar as opções para viajar ao Exterior.

Dividir o montante que pretende levar para fora do País em dinheiro estrangeiro em espécie, cartão pré-pago e cartão de crédito, para emergências, ainda é a melhor estratégia. Sem contar que é muito importante ter uma reserva superior à previsão de gastos para não passar sufoco em território internacional.

Educador financeiro e um dos fundadores da Academia do Dinheiro, Mauro Calil diz que é interessante levar até 30% do valor total em papel moeda. O restante deve ser direcionado para o cartão pré-pago. Nesta modalidade, o consumidor compra a moeda estrangeira no Brasil, paga a taxa de corretagem e a tributação apenas uma vez.

O cartão de crédito, por sua vez, destaca o professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio, servirá como um porto seguro em caso de emergência.

As orientações não são muito diferentes do que antes de o governo federal elevar o IOF. “Eu dizia que o dinheiro em espécie era mais bem visto para as compras rápidas, como um táxi, ou um sorvete. Orientava que as pessoas levassem entre 10% e 15% em dinheiro. Mas, agora, acho ideal aumentar para 20% ou 30%, para pagar menos imposto”, pontua Calil.

ACRÉSCIMO - No dia 27 de dezembro, o Ministério da Fazenda anunciou que o IOF aumentou de 0,38% para 6,38% em operações com cartões de débito no Exterior, cheques de viagem (traveler checks) e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira, além do saque em território estrangeiro.

Antes da medida, apenas as transações nos cartões de crédito efetuadas fora do País tinham a cobrança de 6,38%.

Agora, a única opção mais barata que resta para o consumidor é a compra de moeda estrangeira dentro do Brasil, que continua com IOF de 0,38%.

A Fazenda deixou claro o objetivo do aumento em nota. “Com a medida, evita-se que um meio de pagamento seja preterido por outros em decorrência de sua estrutura de tributação”. Acrescentou que a previsão é de elevar a arrecadação em R$ 552 milhões por ano.

PESO - Na ponta do lápis, um turista brasileiro que carregava R$ 1.500 em seu cartão pré-pago, por exemplo, antes da medida do governo federal pagaria R$ 5,70 de tributação. Hoje, a mesma operação custará R$ 95,70, ou seja, R$ 90 a mais. Percentualmente, o salto é bastante expressivo, da ordem de 1.578%.

O engenheiro andreense Allan Galdino, 26 anos, foi pego de surpresa com a elevação do IOF. Ele viajou para a Califórnia, nos Estados Unidos, no dia 28, para passar um mês estudando inglês. Pretendia aproveitar as horas vagas para conhecer um pouco do país, mas os planos tiveram de ser alterados. “Com essa alta não vou conseguir fazer alguns passeios ou comprar algumas coisas que queria.”

É preciso lembrar que ainda há a taxa de corretagem de câmbio. É o percentual que as instituições financeiras cobram para vender as moedas de outros países, ou seja, o processo que gera receita para as empresas nesse tipo de operação. Mas, neste caso, cabe ao consumidor pesquisar a melhor tarifa antes de realizar qualquer tipo de transação.

“Com pesquisa de preços e taxas, é possível quase que anular o aumento do IOF”, avalia Maskio. Ele acredita que o avanço na tributação não vai tirar o potencial de consumo dos contribuintes que pretendem viajar para fora do País.

OPÇÕES - Comprar a moeda estrangeira dentro do Brasil agora é a melhor opção em tributação. Também é a maneira mais simples de efetuar pagamento em outro país, tendo em vista que, diferentemente dos cartões, é aceita em qualquer estabelecimento.

Por outro lado, há a questão da segurança. Em caso de furto, roubo ou perda, é bem difícil recuperar o valor, o que não acontece com os cartões, que normalmente possuem senha, destaca o professor de Finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), Mário Amigo.

Já o cartão pré-pago, que teve o imposto elevado, continua com a vantagem de o consumidor saber quanto será a taxa de câmbio na hora do carregamento.

“As vantagens são a praticidade e a segurança. Se você está no Exterior e leva dinheiro em espécie, pode ter se enganado na conta e faltar recursos. Nessa hora, o cartão pré-pago tem a possibilidade de ser carregado pelo próprio site do banco, mesmo em outro país”, acrescenta Maskio.

O cartão de crédito internacional, por sua vez, avalia Amigo, é a modalidade com o maior potencial de avanço de utilização, tendo em vista que terá pares em tributação e conta com vantagens de acumular milhas, pontos e outros benefícios, dependendo da bandeira utilizada. “No entanto, há o risco da variação cambial na data do vencimento da fatura. Na verdade, é um risco do ponto de vista que a moeda pode se valorizar. Mas, também, há o outro lado, caso a moeda estrangeira perca valor e fique mais barata”, explica. “Sem conta que, em algumas situações, é possível parcelar o pagamento”, acrescenta Maskio.

Calil salienta que o cartão de crédito deve ter utilização cautelosa. Como dentro do País, deve ser utilizado apenas para emergências. Isso porque, além de ser um trampolim para o endividamento, tendo em vista que seu limite é, normalmente, amplo, os juros, caso ocorra atraso no pagamento, são salgados.
 




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