Economia Titulo Aviação civil
Após 25 anos de operação comercial, Fokker 100 deixa os céus do Brasil

Jato fez o último voo regular pela Avianca; alto custo operacional foi motivo para 'aposentadoria'

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
25/11/2015 | 07:04
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Os jatos Fokker 100 deixaram de operar no Brasil após 25 anos de participação no mercado de aviação comercial nacional. As últimas aeronaves, de fabricação holandesa, eram utilizadas para rotas domésticas da Avianca, que optou por substituir o aparelho por modelos mais modernos, aumentando a oferta de assentos e reduzindo os custos com combustíveis.

A equipe do Diário esteve a bordo do último voo do Fokker 100 da Avianca – chamado pela empresa pelo nome de MK-28 –, que decolou do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, às 11h36 de ontem. A aeronave percorreu todo o Litoral paulista até retornar à base aérea localizada na Zona Sul da Capital e ser recebida com jatos d’água pelo Corpo de Bombeiros, ritual tradicional para marcar eventos importantes na aviação.

O primeiro voo do Fokker 100 pela Avianca ocorreu em dezembro de 2005, segundo o presidente da companhia no Brasil, José Efromovich. Desde então, a operadora chegou a ter 14 aparelhos do tipo, com capacidade para transportar 100 passageiros e cinco tripulantes. Entretanto, quem começou a utilizar o modelo no País foi a TAM, em 1990, e que o aposentou em 2008, após possuir 50 unidades.

Efromovich informa que os Fokker 100 serão substituídos pelos modelos Airbus A320, cuja capacidade é para 162 passageiros e seis tripulantes. “Isso aumenta em 62% nossa oferta de lugares. Em 2015, vamos fechar o ano com 15% de crescimento no número de assentos. É o melhor desempenho do País”, destaca.

“O consumo de combustível por passageiro a cada quilômetro do A320 é 29% inferior. Considerando que o combustível tem participação de quase 40% nos custos, a operação do Fokker passou a ser antieconômica. Foi essa a razão de estarmos nos despedindo desse modelo”, acrescenta o vice-presidente de marketing e comércio da Avianca Brasil, Tarcísio Gargioni.

Os Fokker 100 utilizam motores Rolls-Royce, empresa que fechou sua unidade de manutenção em São Bernardo em 2014. Gargione garante que a decisão de retirá-los da frota não tem ligação com a desativação da planta no Grande ABC, já que, segundo ele, a fabricante mantinha estrutura para atendimento das demandas.

A Avianca passa agora a operar somente com a linha da francesa Airbus. São 41 aeronaves, sendo dez A318 (120 passageiros), quatro A319 (132 passageiros) e 27 A320, além de um A330 utilizado para transporte de cargas.

Durante o último voo, Efromovich enalteceu o papel do Fokker 100 para o crescimento da companhia. “Esse avião foi o que alavancou e fez a Avianca Brasil ser o que é hoje”, disse. Apesar de concorrente, a TAM compartilha de opinião semelhante. “Essa aeronave teve um papel fundamental para que a TAM deixasse de ser uma empresa de alcance regional para se tornar doméstica”, diz a empresa, que também cita como motivo para a troca de aparelhos a busca por opções mais modernas.

MÁ FAMA - Para amenizar o estigma em torno do Fokker 100, a Avianca rebatizou a aeronave para MK-28. Trata-se de uma manobra feita sobre o nome oficial do modelo: F.28 MK 0100, que foi lançado em 1983.

A aeronave teve a imagem arranhada no Brasil depois do acidente com o voo 402 da TAM, que caiu no bairro do Jabaquara, em São Paulo, minutos após a decolagem rumo ao Rio de Janeiro e que deixou 99 vítimas fatais. No ano seguinte, outro Fokker 100 da mesma empresa provocou uma morte depois que uma bomba explodiu no ar e um passageiro foi sugado para fora, caindo na zona rural de Suzano, na Grande São Paulo.

Em 2002, dois Fokker 100 da TAM fizeram pousos forçados no mesmo dia, sendo um em Birigui e outro em Campinas, ambas cidades no Interior. Vítimas tiveram ferimentos leves. No ano passado, foi a vez da Avianca: um Fokker 100 pousou de nariz na pista no aeroporto de Brasília após falha no trem de pouso. Ninguém se machucou. 




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