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Brasil, o País do futuro! Será?
Do Diário do Grande ABC
24/08/2018 | 23:44
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Quem de nós nunca ouviu a expressão: ‘Brasil, o País do futuro!’? Talvez nas notícias diárias, em um debate político ou, ainda, em conversa informal entre amigos. Na década passada, quando tivemos um boom do crescimento econômico, em grande parte causado pelo aumento da demanda internacional das commodities brasileiras e também pelo incentivo ao consumo interno, bradava-se aos quatro ventos que o Brasil seria o País do futuro. Na década de 1970, propagava-se o mesmo dito. O futuro chegou, mas infelizmente o Brasil não o acompanhou.

A economia brasileira foi a que mais cresceu entre 1930 e 1980. A expansão da década de 1970 foi impulsionada pelo endividamento externo. Tal recurso foi destinado aos investimentos do setor público para aumento da capacidade produtiva. Além disso, nesse período empresas estrangeiras também realizaram aportes para produzir, principalmente, bens de capital e de consumo.

Companhias nacionais também se beneficiaram do movimento positivo da atividade econômica da época. Esse período foi denominado de ‘milagre econômico brasileiro’. O crescimento fez do Brasil a oitava maior economia do mundo. No entanto, tal crescimento não contribuiu para melhoria do nível de bem-estar da população. Mesmo assim, brasileiros que viveram neste período acreditavam piamente que o Brasil seria o país do futuro.

A década de 1980 chegou e, com ela, mergulhamos no caos econômico. A hiperinflação assolou a economia brasileira, que mergulhou em longo período de estagnação. Essa década foi marcada por vários planos econômicos fracassados. Foi considerada pela sociedade como a ‘década perdida’. Tudo indicava que a antiga aspiração de ser a nação do futuro havia afundado com a economia do País.

Entramos na década de 1990 com o alvorecer de novas esperanças, como a primeira eleição direta e democrática para Presidência da República, algo não realizado desde 1960. Começamos essa década com desconfiança, trazendo em seu bojo as consequências das insanidades políticas e econômicas do período anterior.

Porém, com o tempo e a experiência dos planos econômicos passados obtivemos conquistas, as principais das quais o Plano Real e o fim da traumática experiência hiperinflacionária. A esperança ao redor dessas conquistas e a expectativa em torno do irromper de um novo século pareciam demonstrar que o Brasil realmente seria o País do porvir, e que este porvir estaria logo ali.

Veio então o século 21, e com ele os ótimos resultados dos principais indicadores macroeconômicos. Durante a primeira década dos anos 2000 o desemprego caiu, a dívida pública brasileira diminuiu, a inflação estava controlada e o Brasil crescia em média 4% ao ano. Agora sim, parecia que o futuro havia chegado e o velho slogan ‘Brasil, o País do futuro!’ infundia por todos os cantos. Nesse período, o Brasil passou a ser a sexta maior economia do mundo. A ideia de um Brasil grande, com alta renda per capita e com crescimento e desenvolvimento econômico sustentável, parecia estar acontecendo.

Porém, com o fim da primeira década dos anos 2000, observou-se que o crescimento econômico era ilusório e transitório, pois estava alicerçado somente em estímulos e incentivos ao consumo. O País não fez os investimentos necessários para modernizar a estrutura do tecido produtivo, não investiu estrategicamente em infraestrutura e em modais logísticos, e nossa indústria não ganhou eficiência tecnológica e nem em produtividade.

O governo, no afã de continuar com sua política econômica, gastou muito e gastou mal. O resultado veio logo no começo desta década com uma grande crise fiscal, iniciando dolorosa recessão econômica sem precedentes. O impacto foi tão negativo que desde 2013 não conseguimos engrenar uma política de crescimento econômico. A maior parte dos Estados brasileiros está passando por grandes dificuldades fiscais, a taxa de desemprego alcançou impressionantes 14%, o cenário político está uma desordem e a corrupção se instalou em todas as esferas. Ao comparar com a década de 1980, os anos atuais têm sido considerados a ‘década perdida’ do novo milênio. A antiga máxima ‘Brasil, o País do futuro!’ parece estar cada vez mais longe.

‘Brasil, o País do futuro’. Será? Nossos pais ouviram esta frase, nós ouvimos esta frase e nossos filhos estão ouvindo esta frase. Lá se vão três gerações e o futuro nunca chega. Temos todas as condições para figurar entre as grandes potências do mundo. O segredo passa, dentre outros, por um governo comprometido com políticas de longo prazo, que envolvam desburocratização dos negócios, incentivos ao empreendedorismo e às inovações e, principalmente, investimentos em Educação, tecnologia, infraestrutura, Saúde e saneamento básico. Tais políticas econômicas devem buscar, acima de tudo, o aumento da renda nacional e a diminuição da desigualdade social. Só assim seremos ‘Brasil, o País do futuro!’


* Material escrito por Alexandre Borbely, Anderson dos Santos, Ângelo Grasino e Thiago Farias, professor e graduandos do curso de Ciências Econômicas da Universidade Metodista de São Paulo. 




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