Longa, que estreia hoje nas telonas, coloca Aquaman pela primeira vez como protagonista
As cores e o clima mais leve realmente chegaram para ficar no universo da DC Comics no cinema. A guinada obtida pela editora e pela Warner Bros após a ótima recepção do público e da crítica de Mulher-Maravilha (2017) fizeram com que essas características presentes no melhor filme da parceria servissem de base para Aquaman, que estreia hoje nos cinemas da região com cópias convencionais e em 3D.
Com estilo oitentista modernizado, enredo interessante e derrapando em piadas fora de tempo, o longa-metragem fecha a temporada de filmes de heróis nas telonas com uma produção clássica do gênero que repagina o pouco explorado personagem.
Esta é a primeira vez que ele ganha protagonismo na sétima arte após participação no desengonçado Liga da Justiça (2017). Criado na década de 1940, ele sempre é lembrado como uma das grandes figuras da DC, mas tem dificuldades para se manter na lembrança do público de maneira mais séria.
Seu caminho nos quadrinhos tomou rumo chamativo com a reformulação conhecida como Novos 52, na qual o roteirista Geoff Johns e o ilustrador local Ivan Reis (de São Bernardo) deram fôlego para que voltasse a ter relevância. Essa mudança foi essencial para que ganhasse versão em carne e osso com orçamento de cerca de US$ 160 milhões.
É um filme de origem e todo o background de Arthur Curry (Jason Momoa, carismático como protagonista e poderoso como demanda a ideia de um super-herói) é explicado, incluindo a relação da mãe atlante e do pai humano, os treinos durante a infância/adolescência e o crescimento longe do reino de Atlântida. A trama, com aspiração shakespeariana, o coloca como peça fundamental para o futuro dos mundos submarino e da superfície, uma vez que o meio-irmão Orm (Patrick Wilson) deseja reunir os impérios aquáticos para brigar com o restante do planeta e somente o ‘príncipe mestiço’ pode lhe tirar o trono. Não faltam traições, alianças e desconfianças de atitudes.
Apesar dos poderes especiais que possui, Arthur não deseja ser herói nem rei nem nada com muita responsabilidade. Ele ajuda a humanidade como pode e suas ações são conhecidas das pessoas por meio de flagras nos jornais e na internet – algumas cervejas pagas por fãs o agradam. Sua jornada épica para ir além do que pode fazer é puxada pela princesa Mera (Amber Heard), que o ajuda a se importar mais com o universo abaixo dos oceanos, ainda que exista mágoa guardada por anos. Apesar da importância da aliança, o romance entre eles não aspira animação no espectador por conta da falta de química entre os atores em cena. São simpáticos, mas não cativantes o bastante.
As batalhas dentro e fora dos mares abusam de efeitos visuais de primeira qualidade e trazem mudanças para confrontos épicos do gênero, com a movimentação dos personagens sendo diferenciada debaixo d’água, criaturas como tubarões, cavalos-marinhos e crocodilos sendo usados como montaria e duelos entre tridentes e raios laser. O espetáculo visual criado pelo diretor James Wan (de Invocação do Mal e Velozes & Furiosos 7) remete à mescla de guerras de Star Wars e O Senhor dos Anéis. São os momentos mais tensos e divertidos do filme, que peca ao forçar a barra em certas cenas para fazer piadas e tiradas cômicas com timing errado – característica eficaz nas produções da Marvel. Aquaman não é memorável, mas também está longe de ser esquecível. O longa tem personalidade sem depender de todo um apoio vindo da antiga e decepcionante DC sombria dos cinemas e com toda liberdade que, às vezes, só o mar pode proporcionar.
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