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Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024

Não alimente o ditador
Do Diário do Grande ABC
12/12/2018 | 12:31
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Artigo

Saio da estação de trem e dou uns 20 passos. Antes que consiga atravessar a rua, dou de cara com o ‘G’ multicolorido do Google em cartaz impresso em A4. Sob o logo, em letras pretas definitivas, uma mensagem: ‘Não alimente o ditador’. Isso vai soar estúpido, mas a primeira imagem que me veio à mente foi a de animais em zoológicos. Aprisionados em suas jaulas, com aqueles olhares alienados, estariam protegidos por suas plaquinhas de ‘não alimente os animais’. Ocorreu-me que a história é habitat controlado para os passados humanos, em que nossos piores episódios estão acomodados em jaulas para que todos vejam. ‘Não alimente o ditador’, dizia o sinal e, imediatamente, o ditador apareceu em pequena jaula, furioso como uma pantera, desejoso de liberdade que certamente representaria a minha morte, se viesse, imediata, com as portas escancaradas subitamente.

A essa altura, quase esquecera o ‘G’. Isso me fez querer saber por que o Google seria o novo ditador. Ingênuo, eu. Sentado em meu quarto, não muito tempo depois, comecei a descobrir universo de coisas estranhas e ameaçadoras que impregnavam meu dia a dia, e que caçavam detalhes de mim como iguarias postas na mesa. Senti pela primeira vez que aquela velha pantera ditatorial, vestida em belos trajes militares, vermelhos, verdes, brancos, havia saído e saboreava partes de mim sem que eu reparasse.

Hoje, duas empresas dominam o mercado de pesquisas de informação on-line, ambas conhecidas e universalmente presentes em nossos mundos. Uma delas, o Google, prioriza, classifica, filtra e direciona informações por meio de tela que celebra a data em questão. A outra, o Facebook, parece mais amistosa, reunindo suas fotos, seus gostos e suas visitas como hotel virtual de luxo – aliás, já fez seu check-in? O primeiro é motor de busca que se materializa – oferece notícias de interesse particular em clip-ons do Gmail, vende celulares e produz drones. O segundo é instrumento de ampliação de alcance – e clara redução de informações: seu ato mais recente é a criação de novo algoritmo de restrição de notícias políticas, algo pesadamente criticado pelo New York Times, que declara o Facebook inimigo jurado do bom jornalismo e incentivador de notícias de segunda, das menos confiáveis.

Acreditava que o ditador era como uma pantera que, se visse a porta da jaula aberta, saltaria sobre mim e certamente me mataria. Descobri coisa pior: o ditador saiu, esteve me ameaçando e eu, crendo-me muito esperto, enfiei-me na jaula, tranquei a porta e ri do déspota. Mal percebia que o ditador estava solto para caçar quem bem entendesse, ao passo que eu, ‘a salvo’, iria morrer preso e, para piorar, sem receber sequer uma migalha...

Rafael Zanlorenzi é doutor em Direito e professor do curso de Direito da Universidade Positivo.

Palavra do leitor

Parabéns alegre
Parabenizo este Diário pela conduta de levar ao conhecimento do seu público leitor os principais acontecimentos dos municípios da região e lamento o fracasso do governo liderado pela família Michels nos dois poderes (Executivo e Legislativo) de Diadema. Lauro Michels – que assumiu a Prefeitura como uma esperança, depois de quase 30 anos de gestão do PT, sendo na época o prefeito mais jovem da região – até agora não mostrou para a população para que foi eleito. Ficou mais conhecido como o prefeito das reformas e inaugurando obras das administrações passadas. É triste ver e saber que a cidade encontra-se em total estado de abandono. Mas, enquanto isso, certamente os 21 vereadores estarão satisfeitos, rodando pela cidade e municípios vizinhos em luxuosos carros comprados à custa do dinheiro do povo.
Arlindo Ligeirinho Ribeiro
Diadema

Parabéns triste
Acordo cedo, oro e peço a Deus para que Ele venha libertar minha Mauá do atual gestor, que de gerir não entende nada. Alguém que não faz o mínimo que teria de fazer vem empurrando dívidas, maquiando a cidade e tentando enganar toda a população. Esse moço conseguiu me enganar. Votei nele e achava que ele faria a diferença, mas, infelizmente, tem deixado muito a desejar. Fez tanta coisa errada que acabou sendo preso. Não consigo entender a Justiça em nosso País. Mas digo que ainda tenho esperança de dias melhores, pois o Deus criador dos céus e da Terra não se deixa escarnecer. Ele fará a justiça e nos dará ainda a chance de ver essa cidade liberta do mal. Deus abençoe todas as famílias de nossa cidade e coloque em nosso coração mais amor por Mauá.
Rosângela Caris
Mauá

Contrata 500
A Mercedes-Benz fala das conquistas de 2013, 2014, 2017 e 2018, ignorando o que ocorreu em 2015 e 2016 com mais 1.500 colaboradores que perderam seus empregos (Economia, dia 5). Faço parte. Senti-me obrigado a assinar o PDV (Programa de Demissão Voluntária), pois recebi telegrama que informava que meu contrato de trabalho tinha data para ser encerrado. Passamos terror psicológico e nada foi feito pelo sindicato, que dizia estar do nosso lado. Por mais que eu diga, parece que ninguém acredita que não queria assinar o PDV, pois sabia que estaria perdendo muita coisa. Mas de tanto ouvir o pessoal do sindicato assinei. Hoje faço parte dos milhões de desempregados que tentam de alguma forma sustentar suas famílias e posso dizer que não é fácil. Fizeram-me acreditar em futuro maravilhoso que poderia dar para minha família. Mas hoje brigo na Justiça para poder voltar a colocar essa estrela no peito. Em 2008 aconteceu a mesma coisa: a Mercedes contratou de montão e depois fez o que todos sabemos. Pena não terem falado mais nada do assunto. Só falam das contratações. Dos pais de família que estão atrás de emprego, como eu e alguns amigos, nada é falado. Fica o alerta.
José Rogério Dias
São Bernardo

Motoqueiros
Alguma autoridade pública deveria tomar providências quanto a esses motoqueiros irresponsáveis que não dão a mínima para a vida dos outros. Não respeitam semáforos e faixas de pedestres. Trafegam na contramão e nas calçadas, exageram na velocidade e fazem questão de irritar os outros com o barulho que sai de seus escapamentos. Empinam seus veículos em uma roda e são perigo para toda a comunidade. Esses sim, deveriam ser multados com frequência para, quem sabe, diminuir os constantes abusos por parte desses infelizes, que são fardo para os cidadãos de bem. Quase fui atropelada, ao cruzar faixa de pedestres com sinal verde para mim. E o pior foi ter que escutar os insultos de quem não estava com a razão. Será que é possível que alguma atitude seja tomada para coibir tamanha falta de bom-senso? Ou será que teremos que aguardar uma tragédia para se pensar a respeito?
Isabel Monteiro Rocha
Santo André
 




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