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Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024

O RH e as metodologias ágeis
Por Cíntia Bortotto
24/09/2018 | 07:27
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Quando implementamos um processo de metodologia ágil na companhia, diferentemente do que muita gente acha, ele não passa a fazer parte apenas da área de tecnologia. É importante utilizá-lo na companhia como um todo. A empresa tem de pensar de maneira agilizada.

As metodologias ágeis não são tecnologias. Elas nascem com o pensamento lean, usam muito a ideia de poder planejar, tomar ações e fazer entregas, só que diminui o tamanho dos problemas. Normalmente, quando é aplicada na tecnologia, usamos time multidisciplinar, no que chamamos de squad e, em vez de tomar um ano para fazer uma entrega para o cliente, dividimos a entrega em várias partes e vamos fazendo as validações por pedaços.

Imagine que você está construindo uma casa. Você faz primeiro um quarto e pergunta para o cliente se está ok, aí entrega. Depois, você entrega a cozinha e assim vai indo. Ao final, você entregou a casa, mas já foi validando as etapas. E por que isso é importante? Muito se notou que se entregava o sistema e, no fim, não era nada do que o cliente queria. Algumas técnicas foram utilizadas para aumentar o nível de conversação entre o fornecedor e o cliente no meio do caminho, e isso faz com que você tenha de trabalhar melhor em equipe, colaborar mais, trabalhar de maneira multidisciplinar, com mais gente opinando, mais gente validando e sendo envolvida no processo. É muito gostoso trabalhar assim. Há menos problemas de egos, tudo é de todo mundo, porque o resultado é de todo mundo. O prazo é normalmente supercurto e todos trabalham para conseguir chegar lá.

No RH (Recursos Humanos), hoje eu aplico estas metodologias no recrutamento e seleção, em treinamentos na parte de desenvolvimento organizacional e tenho feito as primeiras experiências na área de remuneração, SESMT, analytics, já começamos a pensar em todas as áreas com o pensamento lean. Outra coisa bacana é poder aproveitar o olhar do colaborador no caso do RH e do cliente em caso de outras áreas. Na área de tecnologia, quando você faz um programa ou desenha um processo, com essas metodologias considera-se muito como o cliente vai se sentir, qual será a experiência com o sistema ou app. Como RH, avaliamos como o colaborador vai se sentir passando pelo processo. Isso muda o centro da tomada de decisão, que passa a não ser um diretor, um gerente, mas com um direcionamento muito mais dado ao cliente e ao colaborador.

Tivemos um sucesso incrível com metodologias ágeis em recrutamento e seleção. Aumentamos em 25% a produtividade só utilizando as práticas de Kamban. Para simplificar uma explicação de como funciona, é como se fossem colocados post its para cada responsável e acompanhamos diariamente a evolução das vagas. Assim se prioriza o que é mais importante, e tudo é determinado numa reunião chamada daily, que acontece pela manhã e vamos contabilizando. Recebemos até uma premiação por isso, como um case de sucesso. Venho usando isso também quando montamos treinamentos. Temos prazos e a interação com o cliente é muito mais desenhada por sprint, também com dailys, cada um com sua responsabilidade. Neste processo, é preciso fortalecer as relações para que as entregas sejam feitas com maior qualidade.

O fato é que interação entre os integrantes influencia qualquer processo de entrega. Quanto maior o alinhamento e a cooperação, bem como o bom relacionamento entre os integrantes, melhor o resultado. Quanto mais o cliente está perto, colabora, constrói junto, mais as coisas dão certo. A metodologia provoca este tipo de ação.

Para finalizar, muita gente tem vendendo metodologia ágil como a salvação da cultura da empresa. Não acredito nisso. Ela é maravilhosa, realmente ajuda no processo de abrir a mentalidade para a mudança e é muito útil, independentemente do segmento. Mas cultura é cultura, e mudar isso prevê você entender quais são os valores que você tem na sua cultura, as atitudes que você preserva, o que quer mudar e qual sua proposta de futuro. Metodologias ágeis são fundamentais, mas não farão a mudança cultural que o mundo digital precisa. 




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