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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Que venha a aposentadoria
Por Rodolfo de Souza
21/12/2017 | 07:00
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 E o pau come na Argentina. Por causa da reforma na Previdência, o povo foi para a rua mostrar que não está mesmo disposto a engolir mais um gordo sapo que saiu direto do criadouro governamental para o seu prato. Logicamente que, como qualquer reforma proposta pelo poder, esta segue na contramão dos anseios de quem aspira à merecida tranquilidade que só a aposentadoria pode oferecer. Descanso justo para aquele que, há muito, viu o cabelo embranquecer ou escassear, a pele vincar, e todo o sistema sofrer os terríveis efeitos da lei da gravidade que tudo tende a botar no chão.

Claro que é necessário compreender os motivos sérios que levam o governo a tomar atitudes tais que desfavorecem neguinho que só almeja a merecida sombra com água fresca. Trata-se, segundo dizem, de remédio amargo que tem por objetivo somente curar os males oriundos do envelhecimento exagerado da população, e coisa e tal. Dá até para entender. O que foge, contudo, à compreensão do povo é a disposição que todo governante tem de tomar medidas que visam amargar a vida da população, sem jamais cortar privilégios próprios que sempre resultam em vultuosos prejuízos aos cofres públicos. E é justamente o que deve estar ocorrendo por lá neste momento: a certeza de mais uma conta para o povo pagar. E, se este fenômeno é tão comum em qualquer parte do mundo, por que logo aqui, ao Sul do Equador, no lado obscuro da América, haveria de ser diferente.

Falo com tanta propriedade a respeito, talvez porque viva em Pátria Tupinambá desde os primórdios dos meus dias, lá no aquático aconchego dos meus primeiros tempos. Sensibiliza-me, pois, a questão portenha, uma vez que, para não fugir à regra, também aqui, debaixo desta imensa lona, tramita uma reforma que visa poupar recursos para que se possa continuar pagando a contento todas as aposentadorias de agora e de futuro não muito distante que, segundo os cálculos, contará com um contingente ainda maior em idade de deixar o batente e desfrutar do sossego bancado por anos de contribuição, grana esta que infelizmente o governo insiste em afirmar que não será suficiente, ninguém sabe ao certo, por quê. Ou sabe e tampa os olhos, com medo de enxergar a verdade. Até porque, as somas que escorrem para o imenso ralo que, há tempos, fora instalado debaixo desse intrincado sistema que compõe o picadeiro político desta terra de meu Deus, é dinheiro que até uma pessoa que pouco ou nada entende de economia, sabe que daria para cobrir qualquer rombo na Educação, na Saúde, na Previdência ou no raio que o parta. Todos os dias os noticiários televisivos, impressos ou da internet deixam clara esta situação a quem se dispõe a remexer, apreciar e pensar sobre o assunto, mesmo tendo que filtrar os insistentes comentários da mídia tendenciosa.

Mas se, em contrapartida, o humilde eleitor não dispuser de ferramenta que o conduza à insuspeitada constatação, basta que se atenha ao seguinte fato: se quem busca obsessivamente a reforma da Previdência é a quadrilha que ora se encontra no comando deste rico solo, certamente que benefícios não trará a esta pobre gente tal medida.

Concluirá, sem muito susto, o pacato cidadão, que ao povo sofrido já é dado o direito de sentir mais um golpe certeiro no seu bolso e no seu futuro.




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