Carlos Boschetti Titulo Análise
Brasília, nossa ilha da fantasia
Por Carlos Boschetti
04/03/2015 | 22:59
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Nossos dignos representantes estão realmente em outra dimensão no universo político, totalmente antagônico à realidade brasileira e desprezando a operação caça níquel da equipe econômica. Como se não bastasse o “pequeno” aumento de salário que todos os deputados federais receberam, da ordem de 23% em relação a 2014 – o que totaliza encargo para os contribuintes na ordem de R$ 150 mil por parlamentar –, após a grande festa de assumirem suas respectivas cadeiras na Câmara Federal, eles trabalharam arduamente durante o primeiro mês de mandato e já começaram suas articulações, desenvolvendo agenda impositiva na pauta do orçamento da União, em que cada deputado teria direito a incluir projetos a serem implantados em sua base eleitoral num total de R$ 10 milhões em obras a serem direcionadas, conforme sua conveniência.

Como todos sabemos, essa é a cartilha de obras superfaturadas para os amigos da corte, onde todos os esquemas de desvios de dinheiro acontecem, como estamos assistindo de camarote o desenrolar da Operação Lava a Jato e toda sua rede de propinoduto e envio de dinheiro para contas internacionais, como o escândalo do Banco HSBC da Suíça, que já é motivo de preocupação de muitas personalidades da ilha da fantasia.

Essa estratégia de liberação de verbas, se provada no balcão das negociatas entre Câmara de Deputados e Ministério do Planejamento, autorizará cheque em branco para cada novo deputado, sendo o cartão de visita para o aprendizado dos ritos da casa. Se o governo da presidente Dilma Rousseff autorizar essas emendas, teremos de contribuir com mais impostos, pois o ministro Joaquim Levy está em campanha de convencimento do pacote de maldades para arrecadar mais de R$ 80 bilhões para zerar a conta entre despesas e receitas da turma da ilha.

Como vimos no ano passado, o Congresso pouco produziu e trabalhou no ano da Copa e dos feriados de jogos, com viagens pagas e hospedagens em hotéis para que pudessem obviamente assistir as partidas in loco, recebendo diárias adicionais além do rechonchudo salário. Mas nada se compara ao primeiro mês de trabalho de 2015, o mês de fevereiro com 28 dias e feriado de Carnaval. Como ninguém é de ferro, aproveitamos o feriado da terça-feira e descansamos. Mas nossos parlamentares, com um mês de casa, trabalharam apenas 12 dias e receberam o salário integral. Que empresa é essa que pouco produz e muito paga? Não bastassem tantos privilégios, o novo presidente da casa anunciou no fim do mês mais um benefício de pagamento de viagens de cônjuge para os parlamentares, que, se implantada, terá impacto adicional de R$ 110 milhões em 2015 e de mais de R$ 150 milhões em 2016. A surpresa tão positiva, deixou todos felizes. Eles já esqueceram suas promessas de campanha de lutar pela Educação, Segurança, Saúde e combate à corrupção. Felizmente, a indignação popular e das pessoas com caráter, pressionaram o presidente Eduardo Cunha a não implantar tal benefício.

Por isso tantas pessoas lutam duramente para conseguir emprego com essas características de benevolência, com estadia assegurada com todas regalias a um convite de 1.461 dias de hospedagem no melhor hotel da ilha da fantasia chamada Brasília. Esse é o melhor emprego do mundo. Compare com o seu e projete seu futuro. 




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