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BC segue aberto para continuar ciclo de aperto, diz Molan, do Santander
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04/03/2015 | 21:59
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O economista-chefe do Santander, Mauricio Molan, afirmou que a repetição do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) mostra que a autoridade monetária segue aberta para continuar o ciclo de aperto. "Aos olhos de hoje, o BC não sinaliza a intenção de parar de subir os juros", afirmou ao Broadcast.

O Copom decidiu nesta noite aumentar os juros básicos da economia (Selic) de 12,25% para 12,75%. No comunicado divulgado na noite desta quarta-feira, 4, o BC afirma que optou pela alta de 0,5 ponto porcentual "avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação".

Molan destacou que nas suas projeções não havia mais a perspectiva de alta de juros. "Não sei se vamos mudar, vamos avaliar a ata", afirmou. O economista explicou que as projeções internas implicavam na percepção de que o BC reconheceria um cenário recessivo. "A nossa projeção implica que, na medida em que o BC se convença de que temos um quadro de recessão pela frente, ele mude de ideia e não aumente mais a taxa de juros", justificou.

Segundo Molan, entretanto, para confirmar essa visão é preciso aguardar a ata, que será conhecida na quinta-feira da semana que vem, 12." No momento, a decisão de elevar os juros e o comunicado igual são compatíveis com a continuação de alta", reforçou.

Para o economista, as futuras decisões do BC dependem de quatro variáveis "muito relevantes". "Depende se o fiscal vai caminhar como o governo gostaria; se a expectativa de inflação vai se manter ancorada para 2016; se os dados da atividade industrial vão apontar para um quadro de recessão; e do câmbio", explicou. Segundo Molan, no caso do câmbio, com o alto ritmo de desvalorização do real é difícil manter o ciclo de aperto. "

O economista reforça que o BC deixa "as portas abertas" para diferentes ações no futuro. "A sinalização é que o BC deixa as portas abertas para reagir ao comportamento das varáveis no momento adequado", conclui.

Safra/Kawall

Com uma decisão esperada, o Copom voltou a não se comprometer com seus próximos passos, à espera das informações que separam o encontro encerrado hoje do que será realizado no fim de abril, avaliou o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall. Segundo ele, frente a tudo que tem ocorrido, com uma nova realidade em relação ao câmbio, a atividade muito fraca, a inflação bastante elevada e movimentos intensos no sentido do aperto fiscal, "não havia como o BC se comprometer com nada".

Ele lembrou que, na última ata, o Banco Central já havia tomado uma posição "data dependent", voltando a citar, posteriormente, o termo "especialmente vigilante" para sinalizar que manteria o ritmo de aperto em 0,50 ponto, como fez hoje, ao elevar a Selic para 12,75% ao ano. "Qualquer terminologia, neste momento, geraria mais dúvida e estresse", disse Kawall sobre o comunicado idêntico ao da reunião anterior.

Apesar do comunicado igual, o economista-chefe do Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional acredita que a ata será "substancialmente" distinta da anterior, ainda que o BC deixe a porta aberta para qualquer movimento. No documento anterior, enumerou Kawall, o BC citava uma alta dos preços administrados que está defasada, tinha uma expectativa de ascensão dos investimentos, "o que também não ocorrerá", e falava de forma inconclusiva sobre o ajuste fiscal.

"Mesmo que todas as medidas que estão no Congresso, que representam pouco mais de 20% do ajuste, fossem derrotadas, o esforço fiscal em curso é bastante contracionista. Além disso, a política parafiscal também mudou bastante", disse. Por isso, Kawall afirmou que o BC usará o período até o próximo encontro para avaliar o que aconteceu. "Arrisco dizer que, quando chegarmos em abril, olharemos a ata de março e veremos que muita coisa mudou de novo", completou.

Por fim, o economista destacou três variáveis importantes até o próximo encontro. Segundo ele, no final da ata anterior, o BC chamou a atenção para as expectativas de inflação de médio prazo, "que continuaram a cair, ainda que de forma tênue". "Já há, nos quatro anos seguintes, inflação contida entre 4,80% e 5,50%, o que, do ponto de vista de convergência, não é pouca coisa", disse Kawall, que manteve sua expectativa de que o BC eleva a Selic em mais 0,25 ponto em abril, encerrando o ciclo de ajuste.

Além disso, ele lembrou que a autoridade monetária poderá se comunicar, além de na ata, também no Relatório Trimestral de Inflação, que sairá no fim de março. "E também até o fim deste mês teremos uma decisão sobre o programa de swaps", acrescentou, destacando o impacto do dólar sobre os preços e a sua correlação com os juros.




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