Setecidades Titulo Crise Hídrica
Apesar do caos provocado pela chuva, nível do Rio Grande cai
Fabio Munhoz
do Diário do Grande ABC
27/02/2015 | 07:03
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A chuva que atingiu o Grande ABC na quarta-feira e deixou rastro de destruição em diversos bairros não foi suficiente para encher o Sistema Rio Grande, reservatório que abastece São Bernardo, Diadema e parte de Santo André. O manancial, que integra a Represa Billings, registrou pluviometria de 8,6 milímetros no dia da tempestade, mas mesmo assim teve queda de 0,1% no volume acumulado, chegando a 83,3% ontem.

Por outro lado, segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, os temporais deixaram três cidades da região em estado de atenção por terem superado os 100 milímetros de chuva no acumulado de três dias. Ontem, o volume das últimas 72 horas chegou a 125,06 milímetros em Santo André, 116,92 em São Bernardo e 197,7 em São Caetano. Os demais municípios do Grande ABC se mantiveram no estado de observação.

O professor Gilson Lameira, responsável pela cadeira de Infraestrutura Urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC), informa que as tempestades de verão ocorrem de maneira concentrada. “Isso significa que uma região pode ter alta precipitação, em área de um quilômetro quadrado, por exemplo, e, perto dali, nem choveu. É provável que ontem (quarta-feira)</CF> o epicentro da chuva tenha se dado na Bacia do Tamanduateí, cuja água não vai para a represa.”

A professora Ana Maria Heuminski de Avila, diretora associada do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), acrescenta que as áreas urbanas estão mais sujeitas aos temporais concentrados. “Há maior potencial para formação de nuvens, provocadas pelas ilhas de calor. Outro fator importante é a emissão de partículas de poeira.” Segundo a especialista, para que haja oscilação positiva no nível da represa, a água deve cair sobre a área de captação.

OUTROS SISTEMAS -O Cantareira teve ontem alta pelo 21º dia seguido, chegando a 11,1%. Todos os outros mananciais que abastecem a Grande São Paulo também subiram.


Moradores contabilizam prejuízos após temporal

Daniel Macário
Especial para o Diário

Moradores e comerciantes tiraram o dia de ontem para calcular o prejuízo causado pela forte chuva que atingiu a região na tarde de quarta-feira. Equipes das prefeituras de Santo André e São Caetano percorreram pontos inundados para limpar a sujeira acumulada. Profissionais da AES Eletropaulo fizeram manutenções pontuais em alguns bairros.

No Jardim Santo Alberto, em Santo André, moradores relataram prejuízos após 24 horas sem energia. “Já perdi uns R$ 2.000. A luz acabou logo após o almoço e, quando liguei para a AES Eletropaulo, disseram que voltaria por volta das 17h20, mas isso não ocorreu”, relata Jorge José Candido de Siqueira, proprietário de uma usinagem.

Segundo o analista de logística Edson Correia do Nascimento, 45, a falta de energia foi ocasionada por raio que caiu em um gerador, na Rua Sudão. “Foi um barulho imenso. O fogo foi grande”. Técnicos da AES Eletropaulo realizaram o conserto ontem.

Outro ponto que ficou sem energia elétrica foi a Rua Bahia, na Vila Francisco Matarrazo, em Santo André. “Vou perder o que está na geladeira se não solucionarem rápido”, diz a vendedora Josiane Garcia, 36. Não havia prazo para restabelecimento do serviço devido ao volume de problemas ocasionados pelo temporal.

Ainda em Santo André, um muro na Alameda São Caetano, altura do número 384, no bairro Campestre, caiu e assustou moradores. “Sorte que era de uma construção e não de residência”, relata Maria Cecilia de Oliveira, 64. No fim da tarde, profissionais da Prefeitura foram até o local retirar o entulho.

Em São Caetano, comerciantes do bairro Fundação também relatam prejuízos após a chuva que atingiu a região. “Tivemos que fechar o mercadinho mais cedo, pois a água começou a entrar”, disse a comerciante Geni Silveira, 57. 




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