Economia Titulo Falta de água
Shoppings do Grande ABC estão preparados para falta de água

Complexos reduzem em até 50% utilização de
recursos hídricos; consumidor não é prejudicado

Marina Teodoro
Especial para o Diário
03/03/2015 | 07:08
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Celso Luiz/DGABC


Com o risco de racionamento devido à crise de água, que assombra desde outubro do ano passado todo o Estado de São Paulo, alguns complexos de compras estão enfrentando problemas diante da situação. Foi o caso do Shopping Frei Caneca, localizado na Capital, que mesmo tomando medidas como reutilização da água da chuva para realizar a limpeza geral, está diminuindo o horário de operação do sistema de ar-condicionado e mantém fechados os sanitários do primeiro e terceiro andares de segunda-feira a sexta-feira para evitar o desperdício.

No Grande ABC, por enquanto, os centros comerciais demonstram estar preparados para o cenário e garantem que o consumidor não tem com o que se preocupar. A reportagem do Diário consultou os nove shoppings da região e apurou que eles já possuem sistemas e projetos que diminuem não só o consumo da água, em até 50%, como também os gastos, que podem significar redução de até 40% nas despesas com os recursos.

É o caso do Shopping Praça da Moça, em Diadema, onde a instalação de arejadores nas torneiras dos sanitários já possibilitou a diminuição de 50% no uso de água. O centro comercial também adotou limpeza a seco nas garagens e portarias, com a utilização de varredeiras, além de treinamento e conscientização da equipe de limpeza, de campanha, voltada aos consumidores, para evitar desperdício, e da substituição de válvulas de descarga com regulagem do volume de água.

No Grand Plaza Shopping, em Santo André, o sistema utilizado já consegue tratar 100% do esgoto gerado pelo próprio complexo de compras, o que permite a autossuficiência do local em relação aos distribuidores de água. Com tecnologia inovadora, a água proveniente do esgoto tratado é utilizada para a lavagem de pátios de estacionamento, acionamento de descargas em vasos sanitários, regagem dos jardins e resfriamento do ar-condicionado.

Esse recurso, implantado em 2008, foi ampliado no ano passado e já reduziu a utilização da água em 48%, além de diminuir em 40% o custo destinado aos recursos hídricos. “Além de gerar economia, e adquirir autonomia em abastecimento, o Grand Plaza contribui com a população ao poupar a rede pública do descarte de efluentes e deixar de consumir água potável da concessionária, reduzindo pressões sobre os mananciais,” comenta o superintendente do complexo Antonio Saugo.

Desde 2009, o Mauá Plaza Shopping faz uso de sistema de captação e reservatório de água de chuva que resultam na lavagem do estacionamento, jardinagem e também nos mictórios. As medidas já reduziram 30% no consumo hídrico.

O Atrium Shopping, de Santo André, também possui sistema de reúso de água do lençol freático e de chuva, que utiliza para a irrigação de plantas e lavagem de pisos do local. Além disso, tem como projeto a implantação de poço artesiano – está aguardando apenas a autorização do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André).

De acordo com o Shopping Metrópole, em São Bernardo, o empreendimento já havia adotado medidas de economia desde o início de 2014. Em parceria com a empresa Acquamatic, foi implantado o projeto Cura (Consumo e Uso Racional de Água) que providenciou a instalação de válvulas que reduzem a vazão de água em 80 descargas, 90 torneiras e 20 mictórios. Com essa mudança, já foi registrada diminuição anual de mais de 11 mil metros cúbicos, o que representa recuo de 17% no consumo de água. Esse percentual gerou economia de R$ 200 mil na conta, cerca de 20%.

Em junho do ano passado, a mesma parceria também promoveu maratona entre os lojistas, que resultou em prêmio no valor de R$ 2.500 em vale-compras à loja que mais reduzisse o consumo durante um período de seis meses. Só no primeiro mês da competição, o shopping percebeu diminuição de 40% no uso de água.

AVALIAÇÃO - Diante das mudanças de hábito adotadas pelos complexos de compras, a população parece entender a situação e colaborar. “Acho importante essa preocupação e garantia que os shoppings oferecem. Se todos pouparem, não vai faltar água”, comenta a secretária Thaís Camparini, 22 anos.

Para o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Evenson Dotto, “desde que não atrapalhem a higienização de alimentos ou comprometam a saúde dos consumidores, as iniciativas de economia são bem-vindas e necessárias”.

O ParkShopping São Caetano informou que não comenta assuntos estratégicos e posições técnicas por orientações da administradora. Já o Golden Square Shopping, em São Bernardo, ABC Plaza Shopping, em Santo André, e o São Bernardo Plaza Shopping, não retornaram até o fechamento desta edição. 




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