Setecidades Titulo Entrevista
Geração de energia
é desafio paulista,
diz José Aníbal
Wilson Marini
Rede APJ
06/10/2013 | 07:00
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Douglas Reis/Jornal da Cidade


Atingir o estágio de segurança energética é um desafio a que se propõe o governo estadual para os próximos anos. A meta é não depender tanto do fornecimento das hidrelétricas e térmicas. Isso só será possível por meio do incremento de fontes alternativas na matriz energética, ao mesmo tempo em que, por tabela, fontes limpas e renováveis baixam a emissão de gases do efeito estufa. Do cenário de riscos e escassez atual, em que falta água nos reservatórios para tocar as usinas, o secretário estadual de Energia, José Aníbal, enxerga um horizonte otimista para a economia devido à bioenergia produzida a partir do bagaço e palha de cana-de-açúcar. Em 2020, o objetivo é que esse tipo de matriz energética seja capaz de produzir 13 mil megawatts,o equivalente ao que produz a Usina de Itaipu. Para tato, serão investidos R$ 30 bilhões. 

Em entrevista à Rede APJ – Associação Paulista de Jornais, da qual faz parte este jornal, Aníbal acusa falta de planejamento estratégico no País no setor energético, critica a gestão da Petrobras e defende que a competitividade da indústria depende da disponibilidade de energia e não necessariamente do seu custo. Sobre o pré-sal, ele diz que o petróleo não pode se transformar em maldição e que os recursos do pré-sal devem servir para melhorar a condição de vida da população. Acompanhe a seguir os principais da entrevista. 

REDE APJ – Qual a prioridade no setor energético paulista?

JOSÉ ANÍBAL – A segurança energética de São Paulo. A Grande São Paulo gera 66% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Estado. O Estado gera 45% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e do IR (Imposto de Renda) do Brasil, os dois maiores impostos do governo federal. Imagine se interromper o fornecimento. Cheguei à secretaria em janeiro de 2011 e em fevereiro houve o apagão, impacto enorme em 630 mil unidades consumidoras. Depois aconteceram outras interrupções de energia, um desastre. 

APJ – Como é possível se chegar à segurança energética?

ANÍBAL – Tendo alternativas para situações como a que estamos vivendo hoje, de escassez de água. Estamos lidando com reservatórios que não estão se recompondo adequadamente. Isso faz com que se use a capacidade de geração reserva nas térmicas, que estão gerando o equivalente a uma Itaipu. Isso tudo é movido a óleo diesel, óleo combustível e gás, uma energia cara. A segurança energética seria estimular as fontes alternativas e renováveis de energia. É ter rede que não está usando, mas disponível para momentos em que há escassez de chuva. 

  

APJ – São Paulo depende de energia externa?

ANÍBAL – Metade da energia que São Paulo consome é gerada aqui e a outra metade vem de fora, é uma rede nacional de hidrelétricas integradas. Mas as térmicas são caras e poluentes. Com a exploração de toda essa potencialidade de biomassa, resíduos sólidos urbanos, eólica, solar, teremos potencial de mais 35 mil megawatts, o que daria mais do que produzimos hoje. Apenas para ilustrar que temos condições de ter autossuficiência. 

APJ – Então estaríamos no sufoco agora no Estado?

ANÍBAL – O sistema está operando em condições satisfatórias. Agora, temos de estar muito atentos. Por exemplo, geramos 5.000 megawatts com bagaço e palha de cana. Se não tivéssemos isso, a gente estaria consumindo mais de outras fontes e de diferentes lugares, pressionando mais fortemente o sistema como um todo. 

  

APJ – E a pretendida competitividade da indústria, depende das fontes renováveis?

ANÍBAL – Sem a energia térmica a esse preço de três a quatro vezes maior – e isso vai para a conta de um modo –, poderíamos estar gerando energias renováveis cujo preço é um terço. O governo precisa de política ousada, estimular a co-geração de energia com bagaço e palha de cana, resíduo sólido urbano e eólica. Não pode se acomodar. O planejamento energético no Brasil é muito precário. 




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