Economia Titulo Consumo
Inflação é a mais alta desde 2003
Por Paula Cabrera
Pedro Souza
06/03/2010 | 07:00
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Os consumidores do Grande ABC enfrentaram no mês passado a mais alta inflação registrada em fevereiro desde 2003. A variação dos preços fez com que grande parte dos produtos que chegam à mesa dos moradores da região tivesse alta no período. Além da alimentação, os transportes também sofreram impacto.

Segundo o pesquisador Lúcio Flávio Dantas, da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), a alta foi exorbitante e sem precedentes. "Em 2003, o País estava em período de acomodação econômica devido à mudança de governo (em 2001), o que levou a inflação para o alto patamar". Na época, o avanço dos preços na região chegou a 1,16%, em fevereiro.

Segundo o IPC-USCS (Índice de Preços ao Consumidor da USCS), a alta nos gastos com alimentação pularam de 0,93% em janeiro para 1,02% em fevereiro. No mesmo recorte, transportes variaram de 1,21% para 1,49% e habitação de 0,22% para 0,61%.

O grupo produtos industrializados registrou inflação de 0,92%, no mês passado, com destaque para o açúcar refinado (14,49%). Os reparos mecânicos subiram 2,73% e os aluguéis residenciais 0,59%. Dantas atesta que a alta dos combustíveis e transportes públicos foi fundamental para a oscilação de fevereiro superar os resultados de anos anteriores. "O novo padrão de tarifa para grande parcela da população que usa ônibus coletivo e trem teve variação de 6%. Mas o indicador não incorporou todo o percentual porque os valores mudaram no meio do mês e isso é gradativo. O trólebus também subiu o mesmo percentual. O grupo de transporte tem recebido impacto também por contas do custo dos combustíveis, principalmente em relação ao álcool", disse Dantas.

O pesquisador avalia que a variação dos preços neste mês ditará o ritmo da inflação neste ano. Ele alerta que na região é normal que as cidades alinhem as tarifas do transporte público, o que pode significar nova alta dos índices para acompanhar Santo André. "Março é um mêschave. Temos a expectativa da entrada no mercado da safra de cana para abaixar preços do combustível e também do açúcar refinado (leia mais ao lado). Então, a partir de abril, devemos esperar que os preços desses produtos caiam ou se estabeleçam. Por conta das variáveis, ainda não temos nada definido."

Cesta básica está R$ 7,09 mais cara

A grande oscilação nos índices de inflação em fevereiro já foi sentida no bolso do consumidor do Grande ABC. Pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) mostra que clientes gastaram, em média, R$ 7,09 a mais para encher o carrinho de compras. Arroz, açúcar, leite e subprodutos industrializados foram os grandes vilões e tiveram alta de até 15,03%. (veja arte ao lado),

"Alguns aspectos com peso maior foram mais altos, principalmente nos alimentos derivados de leite, óleo, carne, farinhas, massas, biscoitos, condimentos e enlatados", explica o pesquisador Lúcio Flávio Dantas. O IPC-USCS (Índice de Preços ao Consumidor - Universidade Municipal de São Caetano) fechou fevereiro com variação de 0,92% no setor.

O pesquisador avalia que o impacto do valor do açúcar - que saltou de R$ 2,03 para R$ 2,28 em média - e do arroz - que variou de R$ 7,53 para R$ 8,36 - foram fundamentais para a escalada dos preços. "A expectativa é que os alimentos mantenham elevação, mas com a possibilidade de crescimento menor."

Para superar os reajustes, o pesquisador aponta a chegada da safra da cana-de-açúcar e a melhora do clima, que causou aumento também nos hortifruti e cereais. Os custos da carne devem ajudar a segurar o índice. "Tivemos o impacto favorável na carne bovina, que teve variação positiva neste mês", conclui. (Por Paula Cabrera)




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