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Custo para restaurar Lyra da Serra sobe 45%

Prédio da Sociedade Recreativa em Paranapiacaba está exposto ao tempo e em deterioração

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
07/05/2013 | 07:00
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O custo para restauração do prédio da Sociedade Recreativa Lyra da Serra, na Vila de Paranapiacaba, em Santo André, aumentou 45% por conta da paralisação da obra, que deveria ter sido concluída em abril do ano passado. Fundado em 1903 para abrigar atividades culturais voltadas aos trabalhadores da ferrovia, o imóvel onde funcionou um dos primeiros cinemas do Brasil hoje está cercado por tapumes e segue em deterioração. Conforme a Prefeitura, o custo das intervenções passou de R$ 662.628,28 para cerca de R$ 960 mil.

O conselheiro do Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André) e vice-presidente do Instituto do Patrimônio do Grande ABC, Adalberto Dias, explica que o custo subiu principalmente porque a primeira coisa que a empresa Flasa Engenharia e Construções Ltda, selecionada em licitação para executar o restauro, foi a remoção do telhado. "Era o que protegia o interior do imóvel da ação da neblina e da chuva constantes na região. Na verdade, o que houve não foi uma forma competente de restauro, e sim improvisação de consertos que foram abandonados posteriormente."

Conforme a administração municipal, a obra é fruto de convênio com o governo federal, por meio do Ministério do Turismo, cujos recursos já estão aprovados e depositados na Caixa Econômica Federal desde 2008. Os recursos foram obtidos no último ano da gestão do ex-prefeito João Avamileno (PT), mas o chefe do Executivo seguinte, Aidan Ravin (PTB), não conseguiu cumprir as exigências burocráticas dos contratos, prejudicando o fluxo de pagamentos para a empresa, o que resultou na paralisação.

Na tentativa de retomar a obra, foi feito aditivo de R$ 317.471,26 no valor do contrato. No entanto, o acréscimo tramitou internamente na Prefeitura, mas não foi informado e não seguiu os procedimentos de autorização do Ministério do Turismo e da Caixa Econômica Federal. Ou seja, além da parte orçamentária, há um problema administrativo de regularização burocrática do convênio, o que acabou por barrar a continuidade das intervenções nos últimos quatro anos.

Históricas

Uma solução para devolver a Lyra da Serra à população é a captação de recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Cidades Históricas, que destinará R$ 1 bilhão em recursos da União para revitalização de monumentos históricos e espaços públicos tombados pelo País.

Se o valor total pedido pela Prefeitura for aprovado, que gira em torno de R$ 10 milhões e inclui outras intervenções na Vila, o convênio hoje existente será rescindido e a Prefeitura iniciará nova contratação da obra no valor total custeado pelo programa. A previsão de duração, a partir do início da reforma, é de 18 meses.

A ideia da administração municipal é recuperar o uso original do prédio como cinema, acrescido de auditório e salas multiuso.

Imóvel abrigou cinema e foi sede da Banda Lyra

Em 1903, na época da construção da vila ferroviária de Paranapiacaba, a Sociedade Recreativa Lyra da Serra era o ponto de encontro das famílias inglesas. Ali, pais e filhos se reuniam para as sessões de cinema em preto e branco, um dos primeiros a funcionar no País.

Por volta dos anos 1930, homens e mulheres se vestiam com elegância para acompanhar os filmes que passavam no local, bem como as apresentações da Banda Lyra, que sempre os precediam. Ouvia-se Chiquinha Gonzaga, valsas, tangos e chorinhos.

As festas, bailes e outras comemorações realizadas na Lyra da Serra garantiam o divertimento dos moradores. Afastados do Centro de Santo André e, principalmente, da Capital, o único divertimento era frequentar o prédio que hoje sofre com a passagem do tempo e o descaso do poder público.




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