A nave da memória dá um solavanco e regressa no tempo, estaciona no Grande ABC. No calendário a bordo, a gravação da data: maio de 1958. As cidades ainda são calmas, apenas despertam da longa noite da inércia, preparam-se para o desafio do desenvolvimento. Santo André se realiza com a Oliveira Lima e a Praça do Carmo; São Bernardo se resume à Rua Marechal Deodoro e uma florescente indústria de móveis; São Caetano engatinha; Mauá e Ribeirão Pires estão esquecidas e Diadema não passa de um bairro pobre.

Súbito, um nome passa a circular nas bocas dos transeuntes:

– News Seller.

– O que é News Seller?

– Acho que é uma loja.

– É mesmo, a Sears já está instalada.

Nessa época, era difícil comprar nas poucas lojas existentes; as pessoas preferiam o caminho de São Paulo, o movimentado comércio de São Paulo. Os carros eram raros, apenas os importados.

Mas havia uma vanguarda, homens que acreditavam na chegada do progresso, na transformação da região em polo de desenvolvimento. Oliver Tognato e Vicente Martins lançaram a ideia da aventura telefônica, ligando o Grande ABC com o Brasil. As poderosas montadoras rondavam. Bastava um pequeno impulso para a metamorfose, consistente num eficiente meio de comunicação, que interligasse produtores e consumidores, patrões e empregados, que informasse sobre a roda dos acontecimentos regionais, que interpretasse a respeito das mudanças que se sucediam em ritmo alucinante. E que opinasse sobre os problemas provocados pelo impressionante crescimento demográfico. Afinal, num País subdesenvolvido, desabrochava a flor do sonhado Eldorado.

O grande presente ansiado pela sociedade aparece no Dia das Mães, com o mistério decifrado. Nas ruas, o News Seller, com o nome estampado em azul e as páginas vibrantes de coragem e fé, oferecendo a certeza de que não se tratava de uma aventura quixotesca, mas de um meio inicial de uma futura, grande e complexa empresa de comunicação, compreendendo jornal e emissoras de rádio.

O semanário estava nas ruas, distribuído de porta em porta, graciosamente. E provocava, no dia seguinte, sua eficiência no campo das vendas: a Sears, um dos primeiros anunciantes, triplicou o faturamento, filas se formaram diante da loja.

Os jovens empreendedores estavam certos. Eles teriam o histórico papel de servir como o elo de um novo período, o da prosperidade. Edson Danillo Dotto, Maury de Campos Dotto, Fausto Polesi e Ângelo Puga plantaram a semente. Com amor construiriam um importante capítulo na vida do emergente Grande ABC.

O jornal, inicialmente com oito páginas, foi ganhando amplitude, inscrevendo-se entre os mais importantes veículos da mídia impressa brasileira. Grandes nomes da imprensa foram formados em sua redação, alguns com projeção internacional.

Dificuldades existiram, inerentes a qualquer empreendimento. Linotipos e rotativa pertenciam a terceiros, o que obrigava a um esforço complementar. Os próprios dirigentes locomoviam-se em escuras gráficas, revisando, acompanhando todo o processo de composição e impressão.

Isso foi no começo, há 30 anos (1958). Depois é outra história, de sucesso e exemplo. O semanário passou a diário, mudou de nome e de endereço. Mas sempre mantendo o eterno carinho com a informação precisa, exata, que sempre foi a sua marca. Com isso, ganhou a credibilidade da população. E suas páginas estão abertas aos grandes negócios e oportunidades: compra e venda de imóveis e veículos; ofertas de empregos; e campeão de vendas para supermercados e magazines.

O lema de seus diretores é o de se adiantar ao progresso. E é por isso que o Diário já vive na era da informática, dispondo de impressionante quadro de profissionais, atentos a todas as notícias da região, do Estado, do Brasil e do mundo. E sempre informando, interpretando e comentando com absoluta imparcialidade.

A voz do cronista serve apenas para participar do elenco de cumprimentos pelo 30º aniversário de um gigante da imprensa livre e democrática.

(*) Crônica publicada pelo Diário em 10-5-1988.

Diário há 30 anos

Celebram aniversários em 11 de maio:

No Espírito Santo, Águia Branca, Alto Rio Novo e Governador Lindenberg.

Em Goiás, Aparecida de Goiânia, Guarinos e Rio Quente.

No Ceará, Barroquinha.

No Rio Grande do Norte, Bom Jesus, Lagoa d’Anta e São Pedro.

No Maranhão, Cajapió e Nova Iorque.

Em Rondônia, Machadinho D’Oeste e Santa Luzia D’Oeste.

No Pará, Mãe do Rio.

No Paraná, Pranchita.

No Rio Grande do Sul, Venâncio Aires.

Fonte: IBGE

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