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Em um ano, cesta básica da região fica R$ 47,53 mais cara

Clima quente e seco e maior demanda no mercado internacional contribuem para inflação atípica dos alimentos essenciais em janeiro

Marina Teodoro
Especial para o Diário
30/01/2015 | 07:03
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Nesta semana o consumidor do Grande ABC está pagando R$ 47,53 a mais na cesta básica do que desembolsava um ano atrás. De acordo com a pesquisa realizada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), o conjunto de 34 itens essenciais para suprir uma família de quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças, custa hoje R$ 470,17, enquanto na quarta semana de janeiro de 2014, era vendido a R$ 422,64, o que representa 11,24% de alta.

O presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, destaca que o aumento do valor dos alimentos de primeira necessidade em janeiro foi quase o dobro da inflação oficial do País, já que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou 2014 em 6,41%.

O engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto, afirma que em comparação com os anos anteriores, tradicionalmente o preço da cesta é menor em janeiro “por conta do período de férias (em que muita gente viaja e, portanto, a demanda cai), dos impostos de início de ano (que pesam no orçamento) e das compras de Natal que ainda restaram a pagar”. Vale lembrar que essa situação atípica vem desde o início do mês, quando o conjunto de itens teve alta de 5,66%, o que já representava R$ 25 a menos no bolso do consumidor.

Segundo os especialistas, uma das explicações para o alto índice de inflação da cesta é o clima quente e seco, com chuvas irregulares. “Essas condições prejudicam principalmente o setor de hortifrúti”, afirma Grisi.

Esses alimentos foram os principais colaboradores para o aumento mensal, que atingiu 3,95% ante dezembro (R$17,86 a mais). A batata teve média de alta de 68,65% em janeiro; no mês passado, o quilo custava R$ 2,78 e, agora, o consumidor encontra por cerca de R$ 4,68. Outros produtos que também pesaram no bolso do morador da região foram o feijão, com alta de 28,47% em relação a dezembro; a cebola, 14,40% mais cara; o tomate, que subiu 13,45%; a alface, com expansão de 9,26% e a carne bovina de segunda (acém), que aumentou 6,12%.

Grisi também destaca que, pelo fato de o dólar estar mais elevado, na casa dos R$ 2,70, as exportações de carne estão rendendo mais aos produtores do que as vendas no mercado interno. Com oferta menor, o preço sobe. “A carne bovina, por exemplo, tem grande expressão na alta da cesta básica, em razão da escassez do gado no mercado internacional (o que eleva a demanda) e a engorda do boi que, com a seca, está muito prejudicada.”

Entre os produtos que tiveram queda no preço na comparação mensal estão a banana, com redução de 7,44%, a laranja, que desvalorizou 5,32%, e o leite, que diminuiu 4,62%.


Pesquisa e substituição de itens são dicas para economizar

Com preços acima do normal, o consumidor que busca alternativas para evitar prejuízo na hora de comprar os itens básicos para a família precisa pesquisar bastante antes de comprar.

Segundo o engenheiro agrônomo da Craisa, Fabio Vezzá de Benedetto, há muitas variações de preços entre os mercados, sendo que “alguns produtos chegam a ter diferença de até 40%”. Além disso, ele afirma que é preciso ficar atento nas promoções. “Muitas vezes, os produtos do setor de hortifrúti chegam a sair pela metade do preço (geralmente praticado).”

A principal reclamação do consumidor em relação às idas ao supermercado são os preços da carne bovina, de verduras e de legumes. A podóloga andreense Ana Paula Machado, 44 anos, afirma que, apesar do alto custo, os produtos não estão com boa qualidade. “Já cheguei a encontrar o quilo do contra-filé a R$ 36.”

A dica do presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, é a substituição dos itens mais inflacionados. “O tomate por exemplo, pode ser trocado pela abobrinha. A carne suína e peixes também podem ser opção à bovina.”

De acordo com os especialistas, a previsão é que neste ano as más condições climáticas deverão continuar prejudicando a safra agrícola brasileira, o que pode resultar em preços ainda mais altos.
 




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