O governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), publicou a demissão de Orlando Peixoto (PSD) ontem, mas retroativa a domingo, dia da publicação da reportagem do Diário mostrando que o então consultor comissionado de Obras passava maior parte do tempo em seu escritório particular de contabilidade, no bairro Taboão.

Durante a semana, indagada diariamente sobre a situação do funcionário fantasma no Paço, a administração informou que o caso estava em apuração interna, sem ter demitido o contador, que compareceu todos os dias desta semana no Paço. Na segunda-feira, Marinho declarou que iria averiguar a situação.

Peixoto foi admitido no dia 8 diretamente pelo prefeito para atuar no setor de fiscalização de obras públicas. Receberia R$ 8.079,17 mensais, por uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Porém, eram raras as vezes em que o suplente de vereador aparecia na Prefeitura, dando expediente diário em sua contabilidade no bairro Taboão. O Diário acompanhou a rotina de Peixoto durante uma semana.

O governo petista informou que nenhuma quantia foi paga ao pessedista, que ficou 24 dias como funcionário fantasma da administração.

PSD

Coordenador do PSD na Região Metropolitana, o vereador paulistano José Police Neto deu prazo até segunda-feira para que a comissão provisória de São Bernardo, presidida pelo vereador Fábio Landi, encaminhe apuração preliminar da conduta de Peixoto.

“Como a comissão provisória é a responsável pela filiação, ela tem de iniciar a apuração. Então reuniremos a estadual e avaliaremos o caso”, disse Police Neto.

O dirigente pessedista disse observar o caso com atenção e afirmou ter visto com “estranheza e preocupação” o fato de Landi e Rafael Demarchi – a bancada de vereador do partido na cidade – desconhecerem a contratação de Peixoto pela gestão Marinho. “Se o Fábio não sabia, imagine a gente.”

A conduta de Peixoto deve ser levada à comissão de ética da legenda, cuja punição aplicada pode variar de uma simples advertência à expulsão. "Não queremos sentenciar ninguém. Ele terá todo espaço para defesa”, discorreu Police Neto. “Mas se ficar comprovada (irregularidade), punições estarão envolvidas. Se tiver recepção indevida de dinheiro público, tem de ressarcir.”