Bom apetite, a revista que evita desquite.

José Sampel

Qual a diferença entre os vendedores ambulantes de hoje e do passado? A resposta está na foto. Reapresentamos o Sr. José Sampel – e reapresentamos porque ele saiu pela primeira vez no Diário há exatos 45 anos, na edição de 21 de janeiro de 1972, fotografado por Mário Otsubo, um dos repórteres fotográficos do Diário à época – Mário era de Ribeirão Pires; hoje mora no Japão.

Pois bem, o Sr. José Sampel, elegante no uniforme, de quepe, gravata e sapatos engraxados, vendia revistas dentro dos vagões da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí – e naquele tempo os trens de passageiros seguiam entre as duas cidades, do Litoral ao Interior, cruzando o Grande ABC e a Capital.

Nosso personagem tinha 70 anos de idade. Era espanhol de Lúcar, na Almeria. Fez carreira na Estrada de Ferro: começou em 1919 como ‘agueiro’, servindo água aos trabalhadores braçais da estrada.

Num segundo momento passou a ‘iluminador’ – segurava os lampiões para facilitar, à noite, o trabalho dos operários que colocavam dormentes.

Em 1926 era garçom dos carros-restaurantes. Nas folgas, vendia lanches, de vagão em vagão. Foi quando surgiu a proposta: seria gerente do carro-restaurante.

José Sampel, com muito tato, desculpou-se com o encarregado: preferia continuar como vendedor – hoje seria ambulante. Nascera para vender e gostava disso. Além do que, ganhava três vezes mais.

E assim foi: em 1930 – dizia ele à reportagem – lançou a moda de vender biscoitos no trem, algo barato e rentável. Vendeu coxinhas também e outras guloseimas.

Em 1972, quando abordado pela equipe do Diário, vendia publicações: livros de receitas, de cartas comerciais, livros de sonhos e cartas amorosas.

– Quem comprar um livro desses tem como brinde um casal de pombos... mas só que tem de pegá-lo.

José Sampel e as piadas inocentes que soltava.

NOTAS

É uma longa e agradável reportagem a publicada pelo Diário em 1972, ilustrada por seis fotos do velhinho vendedor, mais a foto da chamada de Primeira Página. Lamentamos não saber o nome do repórter que o entrevistou.

Não, não sabemos até quando José Sampel trabalhou. Nem onde morava.

Nem sabemos como era a regulamentação deste tipo de ofício na Estrada de Ferro.

Sabemos que hoje os vendedores ambulantes precisam burlar a vigilância para vender outros tipos de produtos. Infelizmente, livros e revistas caíram de moda. Ninguém mais lê nos trens. Estão ocupados com os seus WhatsApp.

Sabemos, também, que o modelo da reportagem de 1972, a sua forma, é uma escola de jornalismo que permanece atual. Aos estudantes de Comunicação sugerimos, sempre, uma consulta aos jornais antigos, para saber o que ocorreu desde então. Mudou muita coisa? O que evoluiu, o que poderia ser aproveitado.

Neste ponto, lembramos de Antonio Costella, nosso professor de História. Entre as tarefas que ele passava aos futuros jornalistas, uma era ler os jornais antigos. A nós coube um semestre de O Estado de S.Paulo, de 1936, na Biblioteca Mário de Andrade. Pauta: copiar as notícias e anúncios acerca do rádio, da programação radiofônica. Fazendo Memória, não abandonamos o hábito adquirido na velha ‘Cásper Líbero’.

Diário há 30 anos

Quarta-feira, 21 de janeiro de 1987 – ano 29, edição 6346

Manchete – Governo propõe 25% de reajuste nos preços e novo congelamento; gatilho vira contra o governo e pode acabar

Movimento Sindical – Em greve eletricitários da Eletropaulo.

Vestibular 87 (edição 20) – Imes, o banco de dados do Grande ABC. Instituto Municipal de Ensino Superior, de São Caetano, desenvolvia importante trabalho no campo da pesquisa econômica.

Em 21 de janeiro de...

1912 – Rolando Frati nasce no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Foi secretário-geral do Partido Comunista em Santo André. Em 1969 foi um dos 15 presos políticos trocados com o embaixador norte-americano Burke Elbrick.

1917 – João D’Angelo nomeado subdelegado de polícia na Vila de São Bernardo, sede do Município. Nomeado também o seu suplente, Francisco de Lima.

A fábrica Zanota, Lorenzi & Companhia lança um fino chocolate denominado Lacta.

A guerra. Do noticiário do Estadão: explosão de uma fábrica de munições em Londres. Mortos e feridos. A fome no exército alemão.

Municípios Brasileiros

Celebram seus aniversários em 21 de janeiro:

Em Goiás, Goiatuba.

Em Santa Catarina, Pomerode.

No Rio Grande do Sul, Redentora.

No Rio Grande do Norte, Senador Georgino Avelino.

Na Paraíba, Serra da Raiz.

No Paraná, Sulina.

Fonte: IBGE

Santos do Dia

Santa Inês ou Agnes foi mártir no século 3. Vinha de uma família nobre e rica.

Tornou-se linda e sedutora donzela, mas optou pela vida religiosa.

Epifânio

Frutuoso

Nas Ondas do Rádio

Viagem no tempo – Internet: www.viagemnotempo.net. Produção e apresentação: Marcelo Duarte.

Rádio ABC AM (1570) – Causas Nobres. Entrevista no estúdio com a presidente da Associação da Convivência Animal de São Bernardo, Sueli dos Santos Miyamoto. Produção: Luiz Carlos Gimenes; apresentação: Antonio Dalto. Hoje, às 10h.

Rádio Bandeirantes AM (840) e FM (90,9) – Memória. Na semana que antecede o dia 25, data da fundação de São Paulo, o jornalista Milton Parron, responsável pelo Cedom (Centro de Documentação e Memória), da Band, reúne artistas que têm tudo a ver com a Capital. É ele quem conta:

Será com os Demônios da Garoa, entrevista de 1995 quando reuni o grupo todo durante seis horas nos estúdios da Rádio USP. Foi uma das entrevistas com artistas que mais me gratificaram.

Ainda estavam vivos dois dos remanescentes que fundaram os ‘Demônios’, Arnaldo Rosa e Antonio Gomes Neto, o Toninho.

Além de ambos, outro que também participou e faleceu no ano passado foi Ventura Ramires, o mais extraordinário violão de sete cordas que eu conheci.

As principais músicas do repertório desse, que eu pessoalmente considero o mais brilhante grupo vocal brasileiro, serão apresentadas numa sequência que coincide com a evolução do próprio conjunto ao longo dos anos.

Produção e apresentação: Milton Parron. Hoje, às 23h – ou após a jornada esportiva – com reprise amanhã, às 5h.