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Duas pás de cal no já combalido futebol
Anderson Fattori
03/02/2020 | 23:58
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Não sei vocês, caros leitores, mas a minha impressão é a de que estão tentando acabar com o futebol. A expulsão do Janderson ao comemorar o gol do Corinthians, em estádio com torcida única, no clássico contra o Santos, pelo Paulistão, e a advertência para Neymar por tentar drible de carretilha na goleada do Paris Saint-Germain sobre o Montpellier no Campeonato Francês foram duas pás de cal sobre o esporte.

Sim, no caso do atacante corintiano, está na regra que não pode subir em alambrado ou naquelas escadas que servem de rota de fuga. Exatamente por isso temos de manter o assunto em evidência para que, pelo menos, provoque reflexão naqueles que mandam no futebol, no caso, os senhores conservadores da Fifa. Não é possível que eles não entendam o que significa extravasar após um gol e não deem ao árbitro a autonomia para julgar o ato. No caso, Janderson, 20 anos, havia marcado um golaço, após passe preciso de Boselli. Só havia corintianos ali. Não teve nenhum tipo de provocação ou algo que pudesse colocar em risco os torcedores. Ele apenas foi receber o abraço do povo. É um novato tentando se afirmar, que marcou o gol decisivo em um clássico. O técnico Tiago Nunes foi preciso ao analisar o fato: “Eu teria sido expulso igual ele. É fácil dar amarelo para menino de 20 anos, os árbitros sabem para quem dar cartão. Imagina, um menino de 20 anos, na frente da torcida, eu teria pulado na torcida”, comentou o treinador.

É isso. Qualquer um teria cometido o erro de Janderson. Qualquer um que já esteve em um campo de futebol. Que já viveu a adrenalina de um clássico. Agora, para os gestores da Fifa, a maioria enclausurada em escritórios acarpetados, no ar-condicionado, o ato merece punição. Estamos caminhando para chegar o dia em que os jogadores terão de pedir desculpas após mandar a bola para a rede. Francamente!

Já no caso de Neymar, vale outra reflexão. O atacante tentou driblar o lateral-direito Souquet, do Montpellier, no fim do primeiro tempo, aplicando a carretilha, artifício muito usado por ele. O lance não deu certo, a bola acabou resvalando no francês e saiu. Normal, segue o jogo. Mas o árbitro local Jérome Brisard aplicou uma dura no craque do PSG, que obviamente reagiu e acabou advertido com o cartão amarelo. Pasme, como se Neymar tivesse feito algo errado. O que esse cidadão faria se visse Garricha chamar os adversários para dançar? Ou testemunhasse a aplicação do elástico, popularizado por Rivellino? Quer saber? Garrincha, Rivellino e tantos outros jogadores audaciosos jamais seriam o que foram se vivessem nesta época do politicamente correto.

ESCOLHA ERRADA
Fico tentando entender o que se passa na cabeça de Fernando Marchiori depois da demissão no Água Santa, ocorrida na semana passada, após três derrotas seguidas no Paulistão. O treinador, que teve seu primeiro trabalho no futebol paulista ao levar heroicamente o Santo André para a elite do Campeonato Paulista em 2019, trocou a identificação que tinha conseguido no Ramalhão pelo ambiente melhor estruturado do Netuno, mas não se acertou no time de Diadema. Nem na Copa Paulista e muito menos no Estadual. A saída era inevitável.

Marchiori sempre foi o primeiro nome na lista do Santo André para o Paulistão. Era uma espécie de retribuição do clube ao treinador. Soube que ele chegou a pagar do bolso alguns jogadores quando os salários estavam atrasados. Convenceu na marra atletas a virem para o Ramalhão, mesmo com propostas mais vantajosas de outras equipes. Brigou, com unhas e dentes, por melhor estrutura de treino, Enfim, fez muito mais do que é a função de técnico. Por tudo isso, quando chegou a proposta do Água Santa, clube que reconhecidamente paga em dia, que oferece bons salários e estrutura para trabalhar infinitamente maior que a do Santo André, ele não teve dúvidas. Eu, no caso dele, também não teria. O grande problema é que ele não conseguiu em Diadema a identificação que havia conquistado no Santo André. Isso, dinheiro nenhum pode comprar.

Marchiori é um dos grandes profissionais com quem já convivi no futebol e tenho certeza de que fará boas escolhas para o restante da carreira – tem três propostas na mesa. Vai evoluir muito. É ótimo técnico e excelente pessoa. Tem minha torcida.

FLAMENGO VERSÃO 2020
Mais de 53 mil pessoas foram ontem ao Maracanã para ver a estreia dos titulares do Flamengo no Carioca, contra o Resende, mas devem ter ficado decepcionadas. A vitória por 3 a 1, de virada, foi mais na base do abafa do que no futebol envolvente que marcou o time em 2019. Valeu pela estreia de Pedro, que entrou e mudou o jogo. Os gols foram de Rezende (contra), Gabriel e Bruno Henrique. Alef Manga havia aberto o placar.

PALPITÃO DO FATTORI
Semana livre para os estaduais e com estreia de duas competições importantes. Vamos aos chutes. Copa do Brasil: Santo André 2 x 0 Criciúma. Libertadores: Guaraní (Paraguai) 0 x 2 Corinthians. Paulistão - Série A-1: Água Santa 1 x 1 Ferroviária; Ponte Preta 1 x 2 Palmeiras; Corinthians 3 x 0 Inter de Limeira; Santo André 1 x 0 São Paulo; e Santos 2 x 0 Botafogo. Série A-2: São Caetano 2 x 2 Sertãozinho; e Audax 1 x 2 São Bernardo FC. Série A-3: EC São Bernardo 2 x 0 Olímpia. 




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